Não sou insuspeito para falar deste programa, pograma, desculpem, tão interessante, que põe frente a frente pessoas que defendem a mesma coisa. Supostamente devia ser um debate, de personagens com diferentes pontos de vista, regulado pela jornalista, mediadora, mas não. É um “todos diferentes, todos iguais”, liderado por uma jornalista, que tem como principal função ver se o fogo não levanta e não queima a sopa ou o assado. E brilhar e fazer brilhar. Disciplinadora, quando não convém. É triste. Felizmente nunca vi esse programa a sério e o último que espreitei (detesto sair à segunda) foi sobre a não privatização da Portugal Telecom. Lá percebi que não era mais um concurso, talvez fosse uma telenovela.
Imaginem por isso o meu estado de espírito ao deparar com um programa do mesmo tipo, mas sobre o Tiorismo, actividade económica a que antes chamávamos Turismo.
O Senhor Ministro (habitualmente referido pelo Contra Informação como Manelinho), no seu melhor, rodeado por um grupo de admiradores, tendo como opositores de debate, não uns adversários, com opiniões discordantes, mas sim uns actores que faziam de ultras do regime. Lindo. ADOREI...
As pessoas no platório (mistura de plateia, com auditório e oratório) lá fizeram o sacrifício, uns tiveram os seus irrepetíveis segundos de fama (que compensaram as horas de seca), outros, que não precisam, lá foram dizer a verdade, normalmente, sem chorar nem ser pedir subsídios. Não são subsídio-dependentes, o que faz deles uns perigosos empresários independentes do poder. A generalidade, esteve para encher. Pareceu-me que era a corte do Tiorismo em terras do ALLGRAVE (é grave, mesmo). Uns Tioristas, porque se deslocaram para estas terras.
Outros pareceram-me mais Tiorroristas (Turras do Tiorismo), mas ao ver o à-vontade com que falam, conhecendo-se o seu percurso, já nem me apetece escrever.
Ainda bem que só vi cinco minutos de pograma, mas achei deliciosa a história da origem do hotel na mina e dos telefonemas que em 24 horas levaram à concretização do projecto. Não percebi se era para rir, pelo ridículo, ou para chorar, pela tristeza. Ou se para as duas coisas...
Há mais de quinze anos que ouço falar desse aproveitamento turístico, original e diferenciador. Foi apresentado à Câmara e à CLONA. É mesmo. Pode ser que seja desta, ainda vai a tempo...Se na Polónia já fazem tratamentos para a asma, em minas de sal gema, desde 1825, cá em Portugal também podemos ser inovadores...
A última vez que tinha ouvido falar desta grande novidade, tinha sido em
2003. Ah, geniais empresários portugueses, que dinamismo, que visão estratégica, que inovação e que capacidade de concretização!
Vou-me rir é com os relógios tão bonitos que vi nos vossos punhos de renda, lá na mina, daqui a uns tempos...E não aproveitem o nome da empresa para fabricar mais empresários à pressa para este ramo. Já chegam os que temos. E políticos ainda menos. Fiquem-se pela clonagem de ideias. Obrigado.
É tudo virtual. E sabem que mais? Até gostei. Foi original. Estou rendido ao mundo do faz de conta. Mas, já agora, mudem o nome do pograma, para o que sugeri, tá bem?
Fica no entanto um desabafo. É triste que a dita oposição, à falta de argumentos, tenha invocado razões de segurança. A floresta está a arder e estão preocupados com a caixa de fósforos que têm no bolso? Amorfos, se faz favor. Amorfos!
Afinal quem é que criticava o show off, quem é que dizia que não se governava para as televisões? Neste caso já não é show off. É show biz! There's no business like show biz...Sexy? Hummm...