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quarta-feira, 30 de março de 2011

Peixe, carne e a meia idade.

Sem querer transformar o blog num dilog, tenho que responder a esta questão da meia-idade. Dizem que os homens ainda são mais sensíveis a estas questões da idade do que as mulheres. Custa-me a crer, mas talvez seja verdade, pelo menos a avaliar pela rapidez da minha resposta. Menos de três dias, um record!

Em rigor, não foi a questão da MEIA-idade, critério que até acho justo. Sinto-me a meio, equidistante do princípio e do fim. A definição de meia-idade mais original que conheço, e que vou citar, também não se aplica a mim, porque não comecei a andar com miúdas com metade da minha idade, nem espero que tal venha a suceder. Aqui vai a definição, com o respectivo link:

Que a meia-idade nos homens não corresponde à metade cronológica da nossa vida mas sim à altura em que começamos a andar com gajas que têm metade da nossa idade.

O que me tirou do sério foi a da carne e do peixe: Não somos carne nem peixe? Pelo contrário, na minha idade, que penso que será próxima da tua (enfim, certamente tenho mais uns 10 anos e 100.000 Km, mas tudo bem), somos carne e somos peixe, com a única diferença que o somos quando queremos e não quando ou outros querem.

Também saboreamos muito melhor as iguarias, sejam elas de carne ou peixe, nunca nos sentamos à mesa para comer à pressa, pelo contrário, comemos tranquilamente e fazemos uma dieta equilibrada. Também não entramos nessa onda de produtos substitutos e recusamos, liminarmente, pratos requentados, mal cozinhados. Mas também não desdenhamos uma refeição frugal, ou rápida, aquecida no micro-ondas e às vezes comida de pé, na varanda ou noutro local inusitado, se nos apetecer…

Somos capazes de jejuar, rigorosamente, durante um ou mais dias e quando nos sentamos à mesa, não devoramos a comida, saboreamos com toda a calma, sem nenhuma pressa. Não comemos a sobremesa antes da entrada e do prato principal nem olhamos para ela com olhar guloso, enquanto degustamos ou preparamos para degustar o prato principal.

Ainda apreciamos um prato bem condimentado, bem apresentado e, muito importante, sabemos estar à mesa, o tempo que for preciso, usando todos os talheres…

Acho que já disse quase tudo sobre a carne e o peixe. Falta-me descrever alguns pratos, ou partilhar receitas mas isso fica para outra altura…Sinto-me bem no meu laboratório culinário e no meu restaurante!

sábado, 26 de março de 2011

Decorador de Exteriores ou Engenheiro de Ambientes

Ainda sobre a questão das vocações, um comentário da M. no meu último, aliás penúltimo, post leva-me a reflectir sobre uma das minhas profissões. É uma profissão de fé, um pouco diferente de outras, na medida em que há um compromisso, um acreditar em algo tão diáfano como a felicidade dos outros, tão efémero como um fim-de-semana ou tão prolongado como duas semanas…E sentimo-nos bem por termos contribuído para alegrar um pouco a vida dos outros.
Não me refiro à minha recente vocação de Socialitólogo, mas sim a uma actividade profissional a que, há muito tempo, já aqui me referi, até com descrição do perfil profissional.

Num passado muito mais remoto, a rapaziada de Civil, sempre no gozo, referia-se aos Arquitectos, como os tipos que não eram suficientemente homens para estarem em Engenharia, nem suficientemente femininos para serem decoradoras. Atravessei este modo de ver o mundo transversal e rapidamente. Essa imagem desapareceu desses cursos. A engenharia ficou cheia de miúdas (que pena ser só agora) e os homens abundam na decoração… Depois vi surgir, um pouco por todo o lado, os cursos ligados à comunicação e publicidade, alguns com o pomposo nome de Engenharia Publicitária. Não me incomodaram nada, até achei original. Porque não Engenharia? Também se fala muito em Engenharia Financeira e o Tio acabou por conhecer de perto a cosmética e também a maquilhagem, no que refere a Balanços e Demonstrações de Resultados. E acabou por se envolver na Dermocosmética…

Mais tarde percebi que o sucesso da minha actividade se prende com as emoções…E fiquei na dúvida se seria um gestor de emoções mas, como desempenho funções no palco, em frente aos clientes, percebi que era um actor e simultaneamente o autor da peça, se bem que às vezes tenha que representar peças de outros. A tal vertente Todo-o-Terreno, a funcionar em pleno. Como trabalho no turismo, posso dizer que trabalho onde os outros se divertem, e como levo a luz e alegria a muitas vidas e famílias, a minha profissão tem muitas semelhanças com a ginecologia e obstetrícia. Não posso ser visto a tomar um gin tónico com clientes. Desconfiam logo!

Até que surgiu a ideia dos quadros a tapar buracos, que resume de forma sintética, mas completamente abrangente o que vou fazendo nas várias ocupações profissionais, onde vou gastando ou o meu tempo ou o dos outros. Buracos nos Balanços, nas vidas das pessoas, no conhecimento dos alunos, nas referências, etc. Socializo para melhorar ambientes, convivo para animar, enfim um pouco como imagino um acompanhante, quase de luxo.

Cheguei ao fim do ciclo, mas desta vez com as novas oportunidades não posso dizer que penduro quadros, para tapar buracos. Nem sequer os quadros interactivos que enchem as salas de aula onde os alunos não querem estar. Com as novas oportunidades posso finalmente escolher uma carreira. Vou fazer um trabalho sobre a minha vida e dão-me equivalência à Licenciatura em Decoração de Exteriores. Faço mais duas UFDC (para quem teve paciência de chegar até aqui e não sabe o que significa esta sigla, esclareço que são Unidades Formação de Curta Duração) e faço o mestrado em Engenharia de Ambientes.

Tem as paredes, os buracos, o meio envolvente, o ambiente e a escolha dos quadros e, com jeito, ainda se faz um projecto para uma casinha numa reserva agrícola ou ecológica, licenciada por um primo amigo do ambiente. Familiar, claro.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Novo Governo, o mesmo desgoverno

Uma maratona, de carro, obrigou-me a seguir a maratona de notícias anunciadas há muito. Normalmente não ouço a TSF durante o dia, mas ontem obriguei-me a ouvir em directo os discursos de uma data de políticos. Não sei se é micróbio da política que me atacou por influência do Micróbio do Samba, ou a minha nova profissão de socialitólogo, mas ouvi com muita atenção tudo o que disseram, até às 20h30, hora de início da Assembleia onde me dirigia. Até me pareceu mais curta a A2, dada a criatividade dos brilhantes discursos em directo da Assembleia da República.

Enquanto passavam os quilómetros até chegar ao meu destino, queimavam-se etapas para o fim anunciado e previsto há muito.

No regresso, terminada a minha missão, já tinha caído o pano, mas as máscaras mantinham-se, como se esperava. Não pude deixar de pensar que estamos em Portugal…Aconteceu o que todos os intervenientes queriam, mas nenhum assume que fez algo para que isso acontecesse. Todos tentaram evitar a desfecho que todos queriam… E a queda do governo é mais uma filha de pai incógnito, fruto de uma longa noite muito promíscua, onde ninguém quer assumir a paternidade ou submeter-se a um teste de ADN…

Pensei de imediato no padrinho da criança, que já tinha combinado que seriam os filhos a pagar a festa e não ele, que não é responsável por nada, pois não concorda com nada do que ou outros fazem, mas deixa fazer para não ser responsável…Circulo vicioso e talvez viciante, que deixa saudades dos tabus. Pobrezinho, passam a vida a contrariá-lo, e ele que é tão bonzinho para os seus filhos e melhor ainda para os enteados, que os quer tanto, ou mais, que os filhos de sangue…

Imaginei de imediato no novo desgoverno nos diferentes ministros e ministérios. Aliás à medida que iam discursando, no papel de vítima ou de vitória, já os ia colocando nos tais quadros, caros, a tapar mais um buraco.

Depois dos Nuevos Ministérios e continuação, deixo-vos mais algumas sugestões para um novo desgoverno, que me ocorreram ontem. Adivinhem os ministros, se tiverem paciência para tal:

• Ministério dos Seminários e das Vocações, que tutelaria a Secretaria das Vitimas da Ditadura e da Intolerância e Igualdade e a Secretaria de Estado da Demagogia (Finalmente a importância da demagogia seria reconhecida, pelo menos com uma Secretaria de Estado)

• Ministro de Estado e da Traulitada e Pancadaria, com as Secretarias de Estado da Guerrilha Parlamentar, da Imagem do Governo e do Primeiro-Ministro. Esta Secretaria de Estado, fundamental para o futuro dos nossos compromissos europeus, tutela a Direcção Geral da Imagem, a Direcção Geral da Publicidade e a Direcção Geral da Propaganda. Graças ao lobby do Marketing, finalmente assumiu-se a diferença entre Publicidade, Comunicação e Propaganda.

Ficam duas sugestões, modestas, mas que como cidadão preocupado com o futuro do meu país, não posso deixar de enviar par ao governo central (a regionalização dava tema para um blog inteiro). Recebi entretanto a confirmação de que o Ministério das Feiras, do Toucinho do Céu e dos Chouriços do Mar vai ser uma prioridade no novo executivo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Socialitólogo

Finalmente descobri a minha vocação. Há quem desde muito pequeno tenha sido dentro de si uma força qualquer (tipo Guerra das Estrelas, ou outra), mas não foi o meu caso. Quando era muito miúdo queria ser mecânico (gosto pelos motores?). Depois quis ser piloto da TAP (atracção por hospedeiras?), mas não pude. Aliás nem sequer cheguei a saber como se tinha acesso a esse tipo de carreira. Só muito mais tarde descobri e nessa altura talvez fosse tarde de mais.

Fui para ciências, porque gostava muito de letras, mas achava que a única saída profissional das letras era o ensino e nessa altura ainda não tinha descoberto o prazer da vida académica… Enfim, escolhi o curso porque a miúda que estava à minha frente na fila se ia candidatar a ele. Acabou por não entrar e eu acabei por sair para outro, numa área completamente diferente…Neste processo de cursos e escolhas acabei por descobrir outras ciências e profissões onde nunca me imaginaria, escolhidas muitas vezes sem grande convicção.

Hoje finalmente esse processo, essa dúvida quase metódica, chegou ao fim. Finalmente descobri a minha vocação. Finalmente senti a tal força a empurrar-me para um direcção clara e distinta. Talvez como todas as vocações foi despertada por um motivo fortuito. Via um qualquer telejornal e eis que o oráculo mostra um nome e uma profissão, ou pelo menos depreendi que seria uma profissão: POLITÓLOGO. A ideia seduziu-me. Falar de coisas que se desconhecem, encontrar razões para justificar comportamentos erráticos, teorizar sobre coisas absurdas, justificar o injustificável, prever o imprevisível…deve ser fantástico. Mas o barulho do Black & Decker do vizinho (sim, é um berbequim de marca) fez-me voltar à realidade. Por detrás de um quadro bonito, há sempre um buraco mal feito, um prego que não ficou bem e foi substituído por um parafuso, cuja broca falhou e fez um buracão que foi mal remendado e que não se vê., apenas porque tem um objecto opaco maior à frente….Decididamente não era o caminho, ser o quadro à volta do buraco!

Mas ideia continuava a seduzir-me. O raiz “logos”, o conhecimento e a semelhança apenas gráfica é certo, com o meu brinquedo predilecto de criança (pelo que dizem...), os Legos, continuavam a dizer-me que a solução estava perto…Entrei na pastelaria do outro lado da rua e percebi imediatamente que muitas vezes o caminho está à nossa frente e não o vemos, porque simplesmente estamos noutro comprimento de onda.

Uma palavra sintetiza a minha vocação: Socialitólogo. A crítica social dos “socialites”, resume o que gostava de fazer. Dedicar-me à sociologia (uma ciência que descobri tardiamente…), mas da mesma forma que os politólogos se dedicam à política. Descentrar, sair de si e observar, teorizar, sem fundamentos, concluir sem recorrer a qualquer método científico, apenas a uma intuição inspirada não se sabe bem onde, ficando o relato apenas para fins, neste caso não de estudo, mas de pura diversão…

Os vossos comentários são decisivos nesta senda …

sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma visão oblíqua sobre o casamento

Neste espírito ainda Carnavalesco onde supostamente ninguém leva a mal, volto a um tema que ainda nos vai trazendo algumas surpresas, mesmo nesta época em que cada um vai usando a máscara que mais gosta ou que lhe convém e não a que lhe fica melhor…

Aproveito ainda para um esclarecimento e uma declaração, depois do capítulo 1.2 da história de Marçala. O esclarecimento é sobre a relação entra as duas personagens, chave de todo o enredo presente e futuro, se é que vai haver futuro com este panorama tão cinzento. Como já intuíram os mais atentos, este casamento é um típico casamento de conveniência entre pessoas de sexos diferentes que se tratam por você, ou menino e menina, tipo: A menina está a ser inconveniente. Ou: O menino está a ser mauzinho. Como pessoas educadas neste mundo virtual e tiológico, não havia expressões do tipo: A menina não me foda, em qualquer situação de grande surpresa ou de desagrado, onde a entoação da frase faria toda a diferença. A história de Marçala e Gustava não é nenhum remoque a nenhuma relação homossexual, homemsexual, mulhersexual, bissexual, monosexual, trissexual ou ao casamento gay, não gay, casamento mais ou menos gay e etc. O facto de se ter passado um mês sobre o casamento gay mais badalado do ano é uma mera coincidência. Já deixou de ser notícia. Outros casamentos de conveniência política, outros valores mais altos (ou mais baixos) se levantam…E aqui ficou a declaração. Voltemos ao esclarecimento:

Esta história da Marçala e da Gustava pretende ser um tratado, ou talvez um compêndio, já que não dá para fazer umas Memo Fichas (haverá alguém que se recorde de umas fichas sobres as matérias do liceu, em formato cábula?), de Governance em sociedades anónimas privadas geridas como as públicas têm fama. Dito de outra forma: Um tratado sobre a intersecção dos poderes domésticos com a hierarquia das organizações ou, melhor ainda em linguagem popular: Quem usa as calças, em casa do patrão, é a mulher. Naturalmente que prefiro a dissertação sobre a governance, ou até uma tesina (nome que no meu tempo, em Espanha usávamos para os primeiros trabalhos de investigação, pré-tese), sobre a regulação do poder em sociedades comerciais geridas em ambiente familiar.

E como estou a escrever uma hipótese de caso académico sobre o Processo de Tomada de Decisão, tenho alguma pena de não poder usar estes exemplos da vida real… Por isso aproveito a blogosfera para sublimar (espero que a Miss Polar não leia este post) e resolver este conflito interno que no último mês me tem dividido (pode ser influência de ter visto há dias um pouco de um episódio de uma telenovela que dá pelo belíssimo nome de Ribeirão do Tempo).

Visto de outra forma, acho que este triângulo amoroso vai acabar mal para mim e começo a ficar preocupado. Nem posso desejar que, como nas Forças Armadas, cada um tivesse um posto…Já nada é garantido! Uma coisa é certa: Se ultrapassar esta fase, posso aumentar a oferta de serviços de consultoria e dedicar-me a fazer coaching de casamentos, gestão de vida matrimonial e alargar de forma substancial o meu leque de serviços…
Até breve, parto para Lua de Mel. A três…