Oncle's Facebook

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O comboio e a luz ao fundo do túnel

Vejo um filme já gasto sobre as vantagens do TGV na ligação do Poceirão à Europa…Falam-me de mercadorias, de plataformas intermodais, do desenvolvimento que iria trazer para o Alentejo…Não referiram o desenvolvimento que a estrutura aeroportuária de Beja veio trazer à região e o conforto que os cerca de 7 passageiros que utilizam essa estrutura aeroportuária por semana, agora podem beneficiar. Repito estrutura aeroportuária, para enfatizar a diferença entre esse tipo de instalação e um aeroporto. Um aeroporto teria sido mais caro, segundo o desgoverno cessante. Não comento, mas espero que não pensem substituir o comboio pelo avião nas ligações entre Beja e o resto do país. Pessimista como ando, imagino que terá passado pela cabeça de alguém acabar com os comboios em Portugal, por os considerarem ultrapassados, já que não têm a bitola europeia.

Ainda não refeito com a notícia das explicações pedidas por Espanha pela suspensão (depois do vara deveríamos dizer suspenção?) do TGV, sou bombardeado com outra notícia: A suspensão das obras no túnel do Marão e a crise na restauração e no mercado de arrendamento em Amarante, decorrente dessa paragem. Sinto que podia escrever um tratado sobre as vantagens da fixação de populações, versus a flutuação dos residentes temporários, mas não vou cansar os meus leitores.

Penso, como toda a gente, que algumas destas obras faraónicas devem ser paradas. E já acreditava nisso antes de experimentar a CREP…Mas a paragem do túnel, deixa-me apreensivo. Se vamos parar o túnel, como é que poderemos algum dia ver a luz no fim do dito? Sem túnel, não há luz ao fundo!

Há contudo há uma solução para este problema, que passa pelo reafirmar da Língua Portuguesa, acabando de uma vez com os estrangeirismos démodé. Um verdadeiro três em um! E a solução é fácil, como não podia deixar de ser…

Em vez de se chamar TGV, estrangeirismo desnecessário e bacoco, o comboio passa a chamar-se CAVE (Comboio de Alta Velocidade)! Assim acabamos com o TGV e criamos um comboio verdadeiramente português, feito à nossa medida!

E o túnel, perguntarão alguns curiosos, mas a resposta é simples: CAVE!
E cavemos todos nós! Nos campos, na agricultura e nas cidades, nos jardins e onde quer que estejamos a resposta só pode ser uma: CAVEMOS! Se possível daqui para fora, porque o buraco já é tão grande que não se vê o fundo! E no fundo do buraco nunca haverá luz…

sábado, 25 de junho de 2011

O elo perdido

Como explicar que dois países tão diferentes como Portugal e Grécia, sejam vistos da mesma forma e tantas vezes comparados pelos europeus? Se ainda confundissem a Grécia e a Finlândia, que têm bandeiras semelhantes, ainda se percebia. Agora nós e a Grécia? Depois do europeu de futebol de 2004 e do Benfica ter contratado o tipo que marcou o golo a Portugal? Nunca estivemos tão longe, mas teremos de ter algo em comum…

Mas o quê? Serão as branquetas dos sargaceiros da Apúlia confundidas com os trajes tradicionais gregos? Influência do filme dos anos 60, que popularizou a sirtaki? Dever-se-á ao peso da herança greco-romana na nossa cultura? Serão as Guerras do Alecrim e da Manjerona confundidas com alguma tragédia grega? Será por nos termos visto gregos para entrar na comunidade europeia e mais ainda para sairmos do euro? Por termos criado uma mnemónica com música sobre o teorema de Pitágoras? Por o nosso país estar em ruínas, tal como o monumento grego mais conhecido?

Enquanto discorria sobre o possível papel dos velhos filósofos gregos, neste processo, fez-se luz na caverna... Eles tiveram há dois mil anos um homem que rasgou os conceitos tradicionais da filosofia. Nós tivemos um homónimo que rasgou os conceitos do rigor da gestão e do bom senso. Só sei que nada sei, foi uma das máximas que nos ficou desse grego que deixou os seus pares à nora com novos conceitos. O nosso também disse que não sabia nada de muitos assuntos como o Freeport, Face Oculta, etc, e mais do que os seus pares, deixou o país à nora com novas dívidas.

O primeiro recusava-se a ter discípulos, mas utilizava o diálogo como forma de chegar ao conhecimento. O segundo tem seguidores fiéis e dedicados e utiliza o monólogo como forma de fazer valer a sua opinião. A ironia do primeiro procurava desfazer as certezas, os dogmas e os estereótipos, como forma de chegar à verdade e ao conhecimento. O segundo usa a ironia para rebater consensos, para criar ilusão, para evitar o diálogo e ludibriar. O primeiro não impunha as suas ideias, tentava que os outros chegassem ao conhecimento. O segundo usa os seus conhecimentos pessoais para fazer prevalecer as suas verdades…


O primeiro era um filósofo em Atenas, o segundo parece que vai aprender filosofia em Paris.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Todos iguais, todos diferentes…

Dizem que pelos menos duas vezes na vida todos somos iguais: Ao nascer e ao morrer.

Nada podia ser menos verdade. Alguns continuam a receber subsídios, mesmo depois de falecidos. Outros, também já falecidos, continuam a trabalhar, o que é louvável e se descoberto pelo governo, pode tornar-se até obrigatório… O pior é que estes mortos receitavam medicamentos a doentes…também mortos!

Até aqui, ainda se poderia tolerar, habituados como estamos aos escândalos sucessivos e crescentes. O que me irrita mesmo é a questão do pagamento do subsídio de fixação, sem retenção de IRS. Tenham lá paciência, mortos ou vivos. É pagar como toda a gente!


E finalmente compreendi a extrema dificuldade e exigência dos concursos para coveiro, contrariamente à facilidade de nomeação de assessores… Só pode vir daqui.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O voto pode ser nobre. Pode mesmo.

Vejo num monitor, atrás de uma jarra com uma flor murcha, que está a em curso a segunda volta da votação para eleger o presidente da Assembleia da República, a segunda figura na hierarquia do estado.

Respondo a mais uns emails na sala de espera que a CP baptizou com o bonito nome de lounge, onde entre uma série de facilidades nos facultam o acesso à Internet. Não tenho tempo para confirmar o que vejo, mas sinto que as flores na jarra estão mesmo murchas. Sem som, vejo uma data de gente a ser entrevistada. Outras imagens mostram alguém a transportar o que parece ser uma urna de voto.

Minutos mais tarde vejo no dito oráculo que Fernando Nobre não conseguiu ser eleito na segunda volta.

Não consigo evitar um gesto de alívio, mais ainda quando vejo que só teve 105 votos e precisava de 108…

Pensei no que aqui escrevi sobre Nobre e sobre o valor das iniciativas de cidadãos, que continuo a considerar como extraordinariamente válidas. Enquanto não conseguirmos acabar com a ditadura dos partidos e a com a “partidarização” da sociedade, não conseguiremos evoluir para uma sociedade mais participativa e mais rica. Talvez com os círculos uninominais se conseguisse alguma coisa nesse sentido. Volto a pensar em Nobre, e nos mails que me enviaram com os órgãos sociais da AMI…Revejo a minha surpresa e desencanto, e revejo este processo e o gosto, deplorável, de se candidatarem a cargos não candidatáveis. Como exemplo maior o de se candidatarem a primeiro-ministro. Haverá algumas eleições para primeiro-ministro, ou é o Presidente da República, esse sim eleito por sufrágio directo e universal, que chama o partido mais votado para que este indique um nome?

Quando Nobre se candidatou a Presidente da Assembleia da República, vez o mesmo, ou ainda pior, porque este presidente é eleito pelos seus pares e não por sufrágio directo do povo português… O score de Nobre em Lisboa, foi inferior à média nacional do partido que o elegeu. Só por esta razão e pelos engulhos que causou. Nobre se tivesse bom senso não se deveria ter apresentado como candidato. Seria mais uma cambalhota, mais um “diz que disse mas não disse”, ao melhor do que nos tem habituado, mas teria permitido sair que de pé desta situação e com a cabeça levantada… Assim saiu derrotado, e com a humilhação de ver que Assunção Esteves vai arrecadar também os votos do PS, coisa que ele não conseguiu, nem com o apoio de António Costa…

E assim escusou muita gente de engolir um sapo, Passos Coelho pode mostrar-se magnânime, Seguro, liberal e Nobre ficou com certeza do seu peso real…

É caso para se dizer, que afinal o voto é nobre…ou pelo menos soberano.

sábado, 18 de junho de 2011

Fumo branco nos nuevos ministérios

A minha sugestão não foi aceite. Modéstia à parte era um governo mais cool, mas enfim, há que dar um ar sóbrio à governação. E afinal o governo caiu mesmo, apesar das cambalhotas e outros números de circo do passado recente. Já não há vida para além do deficit, frase histórica, de um reformado rico, que marcou uma fase da governação e fechou um ciclo curto para se abrir um outro buraco, a experiência socretina. E agora temos que ressuscitar…

Lembro-me do pulinho de surpresa de um ministro do último governo antes dessa traumática experiência socretina (uff, como é difícil fazer graça depois de 16 horas de trabalho…). Esse pulinho com cara de surpresa e segredinhos para o lado foi repetido incansavelmente pelos telejornais. Mais até do que um anterior desmaio do Chefe Cara de Pau, índio que nunca se engana, num outro qualquer governo (acho que a minha TV ainda era a preto e branco, antes da fase cinzenta que se adivinha e da cor de rosa actual).

Se o Território surpreender a nova Ministra da Agricultura Mar e Território, sempre será mais agradável vermos a surpresa e imaginar que segredinhos dirá ao colega do lado…

Desejo que o novo governo seja mais ponderado e realista, sem gastar 23 milhões de euros em seminários e exposições de propaganda a ele próprio, mas espero que a eficiência do ex director geral dos impostos, e ex administrador de uma empresa privada de saúde, não se traduza em mais cheques saúde que todos pagamos e só alguns recebem… O sistema aparentemente perfeito para todos, menos para quem os tem pagar, ou seja, nós.

Como dizem todos os beneficiários do SMS que recebem SNS para as consultas: A esperança é a última a morrer. Na saúde, às vezes morre-se antes da esperança acabar… E por falar em saúde e médicos, espero que seja possível resolver o problema da saúde, sem pedir ajuda à AMIga…

SMS e SNS são acrónimos, não sinónimos…

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Everything but the kitchen sink

Não sabia como tudo tinha começado. Deu voltas à cabeça e nada lhe ocorria como a verdadeira origem da situação actual, que nada fazia antever seis meses atrás. Lembrava-se vagamente de pequenas coisas, como a história da pasta de dentes. Era preciso fazer aquele estardalhaço todo por causa da pasta de dentes? A sua tinha acabado e resolveu usar a dela, mas deixou o tubo com as marcas de ter sido apertado no meio e não na extremidade… Depois foi o Nestum no frigorífico. Distraiu-se e trocou os cereais com o pacote de leite… Em vez de colocar o pacote de leite no frigorífico colocou-o no armário e os cereais ficaram no frigorífico. Será que merecia tanta gritaria?

Estes dois últimos nadas trouxeram ao de cima histórias já velhas, como a roupa suja no chão, a toalha por endireitar e claro a inevitável história da tampa da retrete para cima…Coisas que ele nunca tinha compreendido. Poderia até perceber que ela se atirasse ao ar por ele deixar a banheira cheia de cabelos, o que nunca aconteceu, como também nunca aconteceu deixar o saco que habitualmente levava para o ginásio com as coisas lá dentro durante o fim-de-semana…Pensava como essas pequenas coisas a aborreciam agora, enquanto no passado, no seu apartamento nada importava. Agora que se tinha mudado para casa dela, tudo tinha passado a ter uma importância desmesurada.

Pensava no agradável que tinham sido estes dois anos que tinham vivido juntos, apesar dos grandes pedaços de vida que tinham ainda em separado, fundamentais para o equilíbrio de ambos e como tudo tinha acabado tão depressa.

Ele era muito cuidadoso nos mais pequenos detalhes e nas datas, nunca se esquecia de nada. Mais do que as prendas, era super atento aquelas pequenas coisas que fazem toda a diferença…

E logo na única vez que se esqueceu do telemóvel no carro dela, tinha que chegar aquela chamada aparentemente insuspeita, seguida do sms indiscreto…Bolas é preciso ter galo pensou.

Entretanto lá chegou a casa sem saber bem como a ia enfrentar depois do telefonema lá para o escritório…E para piorar a situação não pode sair logo. Não podia deixar aqueles clientes à espera e muito menos cancelar a reunião e o almoço. E a tarde completamente cheia e sem lhe poder falar! Parecia que não tinha interesse em falar com ela, mas claro que tinha. E já eram 8h30 da noite, quarta-feira, de certeza que ia apanhar o camião da recolha do lixo a bloquear a rua… Só faltava mais esta! E quem teria sido o imbecil que deixou aqueles sacos enormes junto ao contentor? Palermas de vizinhos, também já estava farto deles, não tinham o menor respeito pelos outros!

Lá conseguiu estacionar enquanto os tipos da recolha de lixo levavam os tais sacos enormes que lhe tinham chamado a atenção. Entrou em casa, dirigiu-se à sala e achou qualquer coisa de estranho, não reparou nem o quê, foi ao quarto e nada. Pareceu-lhe tudo estranhamente arrumado, excepto uma embalagem de sacos de lixo, tamanho industrial em cima da mesa-de-cabeceira. A meticulosa arrumação levou-o a abrir a porta do roupeiro. Completamente vazio!

Abriu a gaveta do móvel onde tinha algumas das suas camisas. Nada. Sem saber no que pensar correu para a sala. Os seus preciosos CDs e Banda Desenhada tinham desaparecido. Até os do Milo Manara que tanto gostavam de ler em conjunto… Voltou ao quarto e viu que no remanescente da embalagem de sacos do lixo fazia de pisa papéis para uma mensagem, simples e escrita à pressa. Guess were is everything that reminds me of you… Really everything, but the kitchen sink, were you should drown!



Este post, mais do que uma resposta ao desafio da Eva, é uma homenagem ao seu Blog e ao que julgo ser a intenção da autora! ( What I sink it his, em Macarronic English…). E claro voltei ao titulo sugerido no primeiro post do blog. Tio é Tio não muda, mesmo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Semiótica da Gastronomia Portuguesa. Significantes e sabores.

Parece lógico, nesta sequência alucinante de textos e textículos (não é original meu) sobre a gastronomia, arrastado pela miscelânea de ingredientes e sabores, que chegasse ao fundo da questão, à origem do signo, às relações entre as formas e os conteúdos.

Não deixa de ser significativo, e atiro outro signo com diferentes significados, que estas questões surjam, não por estar rodeado de tachos, mas sim por estar com as mãos na massa, a combinar doidamente ingredientes com o objectivo de conseguir o melhor resultado com ingredientes estragados…

O paralelismo entre os signos, conjuntos de significante e significado e a governação fundamentada na astrologia, quer seja no estado quer seja nas empresas (ou seja, cozinhando com gás de cidade ou a lenha) é mais um sinal do nosso destino, que não está nas estrelas…Nem temos uma estrela para nos orientar! Pelo contrário, fico apreensivo, com o buraco negro, conhecendo o seu poder de atracção e o resultado fatal da mesma…

Do inferno para o céu, voltemos à cozinha. Os ingredientes faltam: As massas, o arroz, o milho, os bagos, não abundam. Escasseiam, e até o caroço da fruta é difícil de se obter… Ficamos limitados nos acompanhamentos e nos temperos!

Faltam os tomates, os buchos são duros e os fígados maus. Sem estas matérias-primas, como rechear os perus, frangos, e até os coelhos? O azeite foi substituído por óleo vegetal, não é tão bom, mas vai fazendo girar as engrenagens…E que dizer da falta de gravetos para acender o lume? Cozinhamos a frio? Poupamos energia…

Os sapos foram todos comidos, só falta a rã gorda, que se mostra de vez em quando.

Resta-nos a cebola, que já nos pôs a chorar…Espero que não aparecem mais nabos, porque já não sei o que fazer com eles!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Facto ou fato?

Até agora sempre me tenho manifestado contra o acordo ortográfico. Até de forma activa, subscrevendo a causa no Facebook. E continuei quando percebi, como todos os outros subscritores, que não valiam nada as mais de 100.000 assinaturas digitais, porque a nossa sociedade digital e desmaterialização dos actos é de cartão canelado. Tem ar no interior e por fora, papel de embrulho. Iniciativas de cidadãos só em papel, que muitas vezes tem a função do habitualmente designado por higiénico…

Hoje encontrei outra vantagem no dito cujo, e que vem da ablação da letra “c” na palavra facto. Uso esta palavra – ablação – propositadamente, porque até hoje, me parecia uma violência que facto e fato se escrevessem da mesma maneira.

Hoje mudei de opinião. Na expressão “Facto Político” a palavra “Facto” deveria escrever-se sem “c”. Apenas nesta expressão. Os outros factos continuariam a ser naturalmente escritos com “c”.

A explicação para esta mudança de atitude é simples. Os políticos para majorar o tempo de antena, para se aguentarem na ribalta, para serem mais vezes citados nas redes sociais, na imprensa escrita enfim, para sobreviver como políticos, precisam de criar factos políticos. Os últimos governos foram pródigos em exemplos de factos políticos, o último deles – o famoso PEC 4 mas LEV 3, vai ficar na história da política portuguesa.

Pois bem, se por um lado precisam de factos políticos, por outro lado estão sempre a mudar de fato. O que me interessa agora é o sentido figurado, a mudança de papel para manter o estatuto. É o tipo que é antimilitarista, talvez até objector de consciência que vai para Ministro da Defesa, o outro que nunca trabalhou na vida (aplica-se a quase todos) que vai para Ministro do Trabalho, o que nunca entrou numa sala de aulas que vai para a Educação. Enfim, até seriam sustentáveis estas situações, mas o que dizer daquele que conhece o Algarve das férias na Balaia e é candidato pelo distrito de Faro? Ou do outro que ouviu falar do Arcebispo de Braga e se candidata por Braga? Ou do conhece a lenda do D. Fuas Roupinho e se candidata pela Nazaré? E quando nas eleições seguintes, o que se candidatou ao Parlamento Europeu aparece como candidato à Câmara de Faro? Ou de Braga? E a seguir aparece como cabeça de lista para a Assembleia da República por outro distrito qualquer? Não acredito que seja fruto da polivalência política. É do fato! Tira um, veste outro e subvertendo o dito popular, como tantas vezes os políticos fazem à vontade do povo: O fato faz o monge, neste caso o político! O facto faz o político, fato e facto são uma só realidade e uma só palavra. Por isso, no meu fato azul-escuro, vou passar a escrever fato político. E assim, ao usar o acordo, também mostro o que sinto pela classe, em geral.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Formosa e não segura

Leonor pela verdura vai formosa e não segura… De acordo com o poema de Camões uma Leonor giraça ia para a fonte, numa zona de risco.

Ora com os sucessivos acordos ortográficos desde o séc XVI, o original talvez fosse Lianor, também cantada em fado pela Amália Rodrigues. Fado é nossa sina, o que se encaixa na perfeição do nosso jardim, cheio de ervas daninhas, mas à beira bar plantado. O b é de propósito. Continuando nesta viagem até às origens, também tenho a ideia que em vez de formosa, seria fermosa. Mais parecido com feromonas, sempre necessárias neste jogo de atracção, onda a forma é determinante para o sucesso. O conteúdo nem tanto, infelizmente.

O nosso fado leva-nos a querer a segurança onde devíamos arriscar e a correr riscos quando devíamos procurar a segurança. Talvez venha do século XVI este comportamento errático. A esperança do regresso do D. Sebastião vem de certeza.

Cá no nosso Alcácer deste lado do Mediterrâneo no partido da rosa agora murcha, começa a sucessão. Por ironia do destino e do nome do ex líder (à portuguesa, com acordo) andam os mais dialogantes, em filosofia mais socráticos, virados para o seguro. O seguro morreu de velho e para melhor está sempre bem…Quem muda Deus ajuda. Enfim um sem número de aforismos que podia citar. Como o povo tem pouca pontaria no voto, com jeito, ainda rouba alguns votos ao recém-eleito concorrente. Põe-se a jeito com o verde como fundo. Não quer, nem antes pelo contrário. Se tiver muitos apoios arrisca. Se pedirem muito ele vai para a frente. Acabo de saber que já avançou, via Facebook. Tio dixit. Lá está a seguir a metodologia do homem que nunca se engana, não gostava de coelho, foi à caça, veio de mãos a abanar, mas agora já gosta.

O candidato do regime e herdeiro cultural pelo costado da filosofia, limpa os óculos e já está perfilado na sucessão ao grande guru, ex-salvador da Pátria, líder (à Portuguesa, claro) que se sacrifica como único responsável pelo flop, até passar uns tempos e voltar de novo já com a imagem e fôlego recuperados. Uff… Este candidato socrático no sentido mais recente do termo, tem como grande argumento o que se passou em Felgueiras. Vai procurar uma semelhança com o verdadeiro pai (levanto-me e tiro o chapéu, neste momento) de todas as tendências do partido. Sem dúvida que se candidatar assistiremos a uma ida à Marinha Grande para o rapport. Mas entra bem no jogo, não falando disso. Ouvi-o ontem à noite, já com as costas quentes.

Nada de novo, mas não deixa de ser interessante o percurso dos novos leaders, perdão, dos chefes das maiores tribos políticas cá do jardim e a dança das cadeiras. Felizmente não ando nessas caldeiradas. Ontem a sopa ferveu e saiu da panela. Sujou o fogão todo. Talvez de propósito, para se fazer um outro rapport a outra situação muito mais dúbia. Veremos o que vai suceder, se alguém ainda vai entalar os dedos na porta que quis fechar a pontapé. E por falar em porta, já começaram as trocas de cromos para ver quem acaba a colecção. As oficiais, porque as outras há muito andavam em marcha.

E assim vai a nossa nação, formosa e não segura, enquanto o FMI já diz que a cantarinha vai à fonte, mas tem que ir mais depressa, que o caminho é difícil. Ou a cântara maior, para dar de beber a tanta gente …

O prémio EDP

Manda o new-gov, a bem da competitividade, do reforço do tecido empresarial, do estímulo ao empreendedorismo e à dinamização da E-conemia, instituir um novo prémio, para as empresas: O troféu EDP. O troféu EDP será atribuído anualmente por um júri, de personalidades distintas dos vários sectores da E-conemia, integrando forças vivas da sociedade e representantes do mundo Hacadémico.

O processo de atribuição dos 50 prémios anuais será regulamentado em portaria a publicar no prazo de um mês, contado a partir da data de publicação deste diploma, ficando o Instituto da Galhofa, do Riso Sarcástico e da Gargalhada nomeado gestor do processo.

Poderão candidatar-se ao troféu EDP, Empresa Devidamente Phodida, as empresas que percam, pelo menos 90% do seu Imobilizado Corpóreo, sendo que o total do activo não pode ter uma diminuição inferior a 85%. As viaturas ao serviço dos quadros da empresa não poderão ter mais do que 4 anos, contados a partir da data da matrícula.

Em cada mandato, o passivo terá que ter um aumento de 50%, sendo que o endividamento terá que apresentar um crescimento de, pelo menos, 50%. As empresas candidatas a este importante prémio poderão ter suprimentos, desde que em acta do Conselho de Administração não fique fixada uma taxa para os juros.

O prazo médio de pagamento a fornecedores deverá ser, no mínimo, de 8 meses.

Em caso algum poderão ser aceites candidaturas de empresas que cumpram o artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais.

As vendas, no período em análise, terão que se manter ou diminuir, situação preferencial, e a ter havido investimentos terão que ser em áreas não fundamentais para a empresa. O aumento dos custos com Rendas e Alugueres será valorado, assim como os aumentos nas rubricas de Honorários e Trabalhos Especializados. Serão especialmente valorados investimentos em decoração, tais como mobiliário e estofos, cortinados, quadros e pinturas de paredes. Empresas que façam este tipo de investimento devem ter um envelope com todas as facturas, não discriminadas, e notas de débito da entidade que as pagou, correspondentes ao exacto valor das aquisições. Os trabalhos não podem ser acompanhados por ninguém profissional.

São critérios muito exigentes, mas a situação difícil que o país atravessa exige um esforço colectivo e, em especial, dos quadros das empresas. Este prémio destina-se a reconhecer esse esforço das empresas.

Será nomeada uma comissão para criar a imagem do troféu, Empresa Devidamente Phodida. As empresas vencedoras terão, obrigatoriamente, que inscrever a distinção “Empresa Devidamente Phodida”, com lettering próprio, em todos os documentos, sejam eles de uso interno ou não.

Publique-se, a bem da descapitalização.

Nota: Este texto segue o Acordo Ortográphico, nos termos da liberdade de graphia. Explicações adicionais sobre o acordo seguido pelo autor podem ser encontradas no artigo “Nem Phode nem sai de cima”, a publicar em data a anunciar, juntamente com as Chrónicas do Valle da Ironia, de Anthónio Bernardo Rhisos y Rhisos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ovos Atirados: Receita simplex

Ontem o nosso futuro ex-PM (uff, só faltam 543 nomeações…), queixou em Barcelos da falta de democracia dos participantes num comício. Não me recordo se falou do respeito pelos outros, porque só de o ver, perco a atenção e desligo completamente. Contudo, ainda tive tempo de o ver perguntar em que Escola de Democracia teriam andado as pessoas que lhe atiraram os ovinhos. Não teria sido na do PS, garantiu.

Pois, com um alvo tão fácil de identificar, isolado no meio do palco verde (deveria ter sido vermelho, mas enfim), quem é que falharia? Alguém que na sua infância ou juventude tivesse atirado umas pedras a uns pássaros, ou umas setas a uns alvos improvisados com cadernos de escola, não seria de certeza… Quem seria? Alguém de bom senso, com esta crise que por aqui vai e de que ele é um dos pais, iria desperdiçar dois ovos daquela maneira? Não acredito.

Não apreciei o gesto, merecido ou combinado (a vitimização é frequentemente usada na política), mas a resposta é simples. Quem lhe atirou os ovos foi algum licenciado em Lançamento de Comestíveis e com Mestrado em Lançamento de Objectos Arredondados. Numa Universidade das Novas Oportunidades, claro.

E … ficámos com mais uma razão para gostar de Barcelos!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Movimento Unidos do Dinheiro Internacional SA

O movimento conhecido como mudis, anunciou que nos vai dar outra ratada, ou seja cortar mais uns pontos na escala de rating, a escala das histórias do João Ratão e da carochinha.

No mesmo dia, o “commis” de cozinha, armado em cozinheiro malandreco do país do faz de conta (não confundir com o Chef Antoine, oncle de l’ Algarve de la mer d’ici), diz que vai tentar arranjar uma panela melhor para fazer os seus cozinhados e os dos amigos. Dados os seus esforços e bons resultados nestes anos de cozinha de plástico requentada, vão ser distinguidos com o prémio TACHO DE OURO, que distingue os mais criativos na história da carochinha e do João Ratão. Faltava-lhe um condimento essencial, o catalisador do sabor, o amuse bouche que faria salientar o seu pratinho. Encontrou-o. Era o famoso Peque Quatro, o ingrediente mistério que iria salvar o cozinhado horrível e queimado que nos obriga a comer há anos e que quer continuar a obrigar. Uma espécie de trevo de quatro folhas mágico, que iria resolver todos os problemas da cozinha portuguesa. Faltou o trevo, queimou-se o cozinhado e o tacho entornou. Três em um…

Hoje vi-o na televisão a dizer que gostava da cozinha italiana e oriental (será da estação do Oriente?). Quando percebeu (faltava o Luís…), tentou remediar dizendo que também gostava da alentejana, que era muito criativa, com coisas simples faziam pratos deliciosos, que antes eram vistos como pobres. É verdade. E come-se em restaurantes caros, frequentados pela clique política, os mesmos que fazem a transformação ao contrário, retirando valor a tudo quanto tocam…Uma espécie com relações familiares às sanguessugas empresariais a que já me referi.

A única esperança de salvar esta cozinha, é cortarem-nos o gás, que eles estão agarrados aos tachos e com o lume no máximo! Antes que isso aconteça e tenhamos que comer a comida fria durante décadas, sempre podemos expulsar esta brigada, formada nas novas oportunidades e alicerçada no oportunismo…Venham outros, svp.

Food on my brain, definitivamente. (Aproveito a frase da Eva, esperando que leia o meu francês em slow motion, para não dar azo a outras interpretações…)

E passando ao restaurante: Não vem mais vinho para esta mesa, hoje!