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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Portas e Portas. Do armário à cozinha, da frente e dos fundos.




Inspirado pelo post da Malena sobre o Sermão de Santo António aos Peixes, do meu ilustre homónimo que muito admiro e que cito com frequência, sem pretender de forma alguma plagiar, ou comparar-me, eis que sinto uma vontade imensa e inadiável de escrever sobre as portas. Que o meu irmão em Cristo me perdoe tal afronta e que os meus irmãos me compreendam, é o que desejo. Que se lhes faça luz no espírito e a alma os ilumine no difícil e tortuoso caminho da portabilidade!
Vulgarmente pensamos nas portas para separar vários ambientes. Separam a sala da cozinha, a rua do interior da casa, o quarto de dormir da casa de banho, a despensa da cozinha… Esquecemos muitas vezes que estas peças a que nunca damos o devido valor, também servem para os ligar!
Dizemos com desdém que o fulano A ou B saiu de mansinho pela porta dos fundos, quando discretamente, abandonou as suas funções, talvez por alguns fuções terem descoberto alguma marosca a quem ele, discretamente, tinha aberto a porta lateral!
Também dizemos que saiu pela porta grande quando, por vezes até com pouca dignidade, mas cheio de basófia, saiu para ser promovido para outro cargo mais importante, qual Peters levado à realidade! De obscuro secretário de estado para primeiro-ministro, de ministro para presidente, do concelho para a assembleia da nação, da nação para a europa e assim sucessivamente! Ainda não referi mas, em função da porta, há sempre um porteiro a ajudar a entrada ou a saída. Se a saída for pela porta grande, abrem-na delicadamente. Se for pela dos fundos, dão-lhe um pontapé nos fundilhos, para ajudar a saída. É a lei da vida e dos lambe soleiras. Não imaginavam que iria dizer lambe cús ou lambe botas, pois não? Esta ajuda é inversa se o movimento for de entrada…As manigâncias que entram pela porta dos fundos têm ajudas delicadas do interior. Se porém a entrada da manigância for pela porta grande, da frente, o porteiro com toda a desfaçatez e descaramento, a faz entrar…
Ora as nossas portas, começaram por ser de armários. Exibiam-se com vaidade nos escaparates, abrindo e fechando, para mostrar o conteúdo do seu armário e de outros em todas as tabacarias e quiosques…. Dos armários rapidamente passaram para o táxi, abrindo e fechando, sob medida, para entrarem os mesmo cinco passageiros. Do táxi para a semicírculo alargado e dai para o galinheiro foi um ápice! Sim, galinheiro e não poleiro…Os poleiros não têm portas, ao contrário dos galinheiros…
E, atribulações abaixo e acima, para a frente e para trás, são colocadas as nossas portas em aviões que sobrevoam todo o mundo e vêem tudo lá de cima…
E é nesta perspectiva que as portas, como as janelas se fecham. O porquê desta medida, nem um candidato à presidência da maior superpotência do mundo sabe. Mas o facto é que se fecham janelas e portas nos aviões.
E assim, de portas fechadas, perdeu-se uma oportunidade de ouvir e de agir… de mostrar ao mundo e quem o vê, que não estamos fechados a outras soluções. Afinal estamos mais do que fechados. Estamos presos! Presos por uma porta que teimosa e orgulhosamente não se abre, deixando-nos reféns da imagem de um passado de mente livre, aberta e, sobretudo, independente!
Para terminar esta pequena nota sobre portas, falta-me falar das anteparas, que podem ser estanques ou não…a águas a óleos ou a fumos, nos navios e nos submarinos. O nosso submergiu numa zona pantanosa, onde juntamente com outros peixes pesados, navega em águas profundas de onde dificilmente vai emergir. Se, por artes milagrosas o fizer, será para ficar fundeado em águas turvas e não acredito que, depois do conforto da esquadra, venha a navegar sozinho, ou seja ele a marcar o rumo. Fechou-se a porta da frente, abriu-se a dos fundos. Vamos abri-la de vez e deixemos sair estes marinheiros de águas doces pelo portaló, ou atiremo-los pela borda fora, se não saírem a bem. E abram-se as janelas, que a casa precisa de arejar…
Há portas que nunca querem ser portões. Ao contrário da rainha que o queria ser por um dia em vez de duquesa toda a vida, há portas que querem ser gateiras toda a vida em vez de janelas de esperança, nem que por dia.
E, face a isto, meus caros amigos, só nos resta bater com a dita e sair mesmo lá para fora, não cá para dentro, como anunciavam há algum no turismo de Portugal. Saiamos e depressa, enquanto nos resta a vontade do que queremos ser…

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Campos, Pontes e Estradas



Que toda a classe política que tem governado o país das maravilhas, nos últimos trinta anos, partilha da mesma sauteuse, não temos dúvidas. Evidente que poderia dizer que comem todos da mesma panela, ou da mesma gamela (neste caso a versão nortenha sobrepõe-se), mas nos círculos desta cáfila, não se usam frigideiras, nem panelas e as referências aos tachos podem ser mal interpretadas. Por isso prefiro sauteuse.
Infelizmente esta certeza que muitos vão aguentando na esperança que, não podendo eles próprios, um parente, mesmo afastado, possa chegar às migalhas dos abastados comensais da política contemporânea.
Ontem vimos, talvez sem surpresa, que afinal quem fiscaliza também olha para o lado, quando convém. Melhor ainda: indica as pedras para que estas piranhas possam encontrar o caminho certo para chegarem aos ossinhos das presas! A desfaçatez com se disse que a solução para mais contratos ruinosos foi articulada com a entidade de fiscalização das arcas públicas (o que ninguém duvida), só foi comparável à revelação de que um dia estão dum lado da secretária exigindo mais mordomias e no outro estão do lado de quem diz que vai cortar nas mesmas…Nojento! A mim, chocou-me. Mas sobretudo a ideia de que os tais 700 milhões não seriam um proveito de quem fez tais contratos, mas sim dessas feras que ninguém se atreve a domar e que juntas são os tais ferozes mercados… Doce ilusão (deve ser a sobremesa), tão demagógica quanto o embaratecimento das ditas estradas, pela nova contratação! Podemos não saber de quem foi o proveito. Do custo é fácil de identificar a paternidade, somos todos nós que o acarinhamos, para que não fique órfão como a culpa! Pobres infelizes o custo e a culpa, que têm que recorrer à massa anónima dos portugueses para existirem…
Nunca tive dúvidas que estes caminhos, pontes e estradas que atravessam estes Campos tão falaciosos, nos dirigem a alta velocidade para um abismo. Felizmente ficou de fora o comboio de alta velocidade, caminho alternativo para o dito abismo, mas ficou a certeza que todos contribuíram para esta situação, que nos arrasta para o degredo mais profundo.
E hoje, dia da Implantação da República, estes que nos governam deviam ter vergonha de se auto-intitularem republicanos, de proclamarem os ideais da República, de celebraram esse dia com que muitos sonharam e pelo qual outros tantos deram a vida. Seja feriado ou não e seja eu republicano ou não, há que fazer justiça: Foram honestos, eram intelectual e profissionalmente honestos e competentes e tinham ideias e ideias!