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sábado, 20 de junho de 2009

Caldeirada Entornada

Até as mais elementares leis da física, dogmas de fé, paradigmas de uma visão naturalista ou realista do mundo caem por terra nesta nossa sociedade onde o coração ainda manda. Às vezes felizmente. Outras nem tanto. E ainda outras tantas vezes a impulsividade acontece... Assim quis o destino (não vou começar a cantar fado...) que a seguir à Caravela Portuguesa o cardume fosse engrossando. Primeiro um cação (muito apreciado no Alentejo em sopas) e logo depois, um casal de piranhas.

O tanque é grande, e a comida era abundante para a variedade de espécies em presença, mas as piranhas são terríveis. Peixes de dimensão média, cuja voracidade é conhecida de todos, fizeram conjunto com o cação e com a caravela portuguesa e em breve a comida começou a rarear, pondo em risco a sobrevivência de todo o aquário, tal era a sua fúria devoradora.

O salmonete, ao ver o estado a que tinha chegado o aquário achou que tinha que agir. Perito em metamorfoses e ajudado por umas aulas de representação dramática e outras artes teatrais, resolveu assumir a sua personalidade de peixe fogo. A guerra tinha começado, depois de tantos desafios constantes.

Uma manhã, sem que nada o fizesse esperar, a Caravela Portuguesa estava fora do aquário, morta. O casal de piranhas tinha comido o cação, moribundo, em consequência do abraço fatal da Caravela, antes do salto fatal. Numa sessão auto-fágica, e muito up-dated, depois do cação, tinham-se comido uma à outra.

E a pobre Sarda? Conseguiu felizmente saltar para outro aquário que viu passar nas mãos de um visitante. Encheu-se de coragem, arriscou e, felizmente, conseguiu chegar a águas mais tranquilas.

O Salmonete viveu para contar a história, que não serviu de lição para ninguém. O problema da aquariofilia em Portugal não está nos peixes, nem nos aquários. Está nos aquariofilistas...
Salmonete grelhado, hmmm... A questão está em conseguir pescá-lo.

Estou a ver duas lulas? Vai começar tudo de novo? Não há aquário que resista...

5 comentários:

  1. Caro Tio

    Qualquer semelhança entre esta caldeirada Entornada e porque não trágica,com a vida real, NÃO é mera coincidência.

    Eu sinto-me sarda e não fiz absolutamente nada para entrar no aquário. Caí lá, apenas isso!

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  2. Caro

    Agradeço a publicação de um comment k fiz algures mais abaixo. Inspirado pela musa m teresa, não resisti a participar, embora fosse propósito menos prosaico akele k aki me trouxe. Perdoe-me a imodéstia: foi um naco de prosa pungente, que fez vibrar até aos dedos dos pés, não só a mim como a várias outros leitores k arregimentei. O k mais ainda me toca é akele final a falar de filhinhos, um truke infalível para nós, gente da escrita, equivalente, por exemplo, a meter um coxinho nos guiões dos filmes de Hollywood. Ou uma doente mental.

    Estando de partida das lides blogosféricas, k frequentei nestes últimos dias por sugestão do repórter de um tablóide matutino, saliento, pela positiva, o humor sem peneiras patenteado pelo Tio Algarve e, em contraponto, os blogs de uma prostituta lisboeta, mulher insignificante mas de cuja escrita (e de cujas citações) releva o ponto mais reles da natureza humana, matéria doentiamente risível e risivelmente doentia. Como diria uma famosa escritora eslovaca e bipolar: “Que a baixeza nunca me falte/ sou mulher de lítio/ e de entre as pernas.”

    Cumprimentos, até sempre.

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  3. oooooops, eeheheheheeheheh, faltou assinar o texto anterior. Era da autoria do

    Enfermeiro Luís

    agora, sim, xau

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  4. Cara Maria Teresa,
    No aquário da vida, todos somos, de vez em quando sardas, salmonetes, carapaus, sardinhas, linguados...
    O que não devemos ser é pregados (põem-nos muito a mão em cima), caravelas portuguesas e medusas.

    Qualquer semelhança é mera coincidência

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  5. Caro Anónimo,
    Prometi que deixava a porta desta casa aberta a todas as visitas e comentários. E assim fiz.

    Não percebi absolutamente nada dessa história dos filhinhos e da senhora de vida fácil (esta foi à Tíu) de Lisboa que tem um blog.

    Deduzi que esse recado seria para uma terceira pessoa, também ela leitora cá de casa, de outro modo não faria sentido o seu comment.

    Pedia-lhe, encarecidamente, que se servisse de outra forma de comunicação com essa terceira personagem...

    Obrigado.

    Desconhecia que estas minhas linhas tinham chegado tão longe e eram referenciadas... Leia-me sempre que quiser, se isso lhe der prazer.

    Agora vou brincar ao S. João mas, um destes dias, vou escrever um textozinho sobre este assunto. Não leve a mal...

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Hmmm! Let's look at the trailer...