Até as mais elementares leis da física, dogmas de fé, paradigmas de uma visão naturalista ou realista do mundo caem por terra nesta nossa sociedade onde o coração ainda manda. Às vezes felizmente. Outras nem tanto. E ainda outras tantas vezes a impulsividade acontece... Assim quis o destino (não vou começar a cantar fado...) que a seguir à Caravela Portuguesa o cardume fosse engrossando. Primeiro um cação (muito apreciado no Alentejo em sopas) e logo depois, um casal de piranhas.
O tanque é grande, e a comida era abundante para a variedade de espécies em presença, mas as piranhas são terríveis. Peixes de dimensão média, cuja voracidade é conhecida de todos, fizeram conjunto com o cação e com a caravela portuguesa e em breve a comida começou a rarear, pondo em risco a sobrevivência de todo o aquário, tal era a sua fúria devoradora.
O salmonete, ao ver o estado a que tinha chegado o aquário achou que tinha que agir. Perito em metamorfoses e ajudado por umas aulas de representação dramática e outras artes teatrais, resolveu assumir a sua personalidade de peixe fogo. A guerra tinha começado, depois de tantos desafios constantes.
Uma manhã, sem que nada o fizesse esperar, a Caravela Portuguesa estava fora do aquário, morta. O casal de piranhas tinha comido o cação, moribundo, em consequência do abraço fatal da Caravela, antes do salto fatal. Numa sessão auto-fágica, e muito up-dated, depois do cação, tinham-se comido uma à outra.
E a pobre Sarda? Conseguiu felizmente saltar para outro aquário que viu passar nas mãos de um visitante. Encheu-se de coragem, arriscou e, felizmente, conseguiu chegar a águas mais tranquilas.
O Salmonete viveu para contar a história, que não serviu de lição para ninguém. O problema da aquariofilia em Portugal não está nos peixes, nem nos aquários. Está nos aquariofilistas...
Salmonete grelhado, hmmm... A questão está em conseguir pescá-lo.
Estou a ver duas lulas? Vai começar tudo de novo? Não há aquário que resista...
Caro Tio
ResponderEliminarQualquer semelhança entre esta caldeirada Entornada e porque não trágica,com a vida real, NÃO é mera coincidência.
Eu sinto-me sarda e não fiz absolutamente nada para entrar no aquário. Caí lá, apenas isso!
Caro
ResponderEliminarAgradeço a publicação de um comment k fiz algures mais abaixo. Inspirado pela musa m teresa, não resisti a participar, embora fosse propósito menos prosaico akele k aki me trouxe. Perdoe-me a imodéstia: foi um naco de prosa pungente, que fez vibrar até aos dedos dos pés, não só a mim como a várias outros leitores k arregimentei. O k mais ainda me toca é akele final a falar de filhinhos, um truke infalível para nós, gente da escrita, equivalente, por exemplo, a meter um coxinho nos guiões dos filmes de Hollywood. Ou uma doente mental.
Estando de partida das lides blogosféricas, k frequentei nestes últimos dias por sugestão do repórter de um tablóide matutino, saliento, pela positiva, o humor sem peneiras patenteado pelo Tio Algarve e, em contraponto, os blogs de uma prostituta lisboeta, mulher insignificante mas de cuja escrita (e de cujas citações) releva o ponto mais reles da natureza humana, matéria doentiamente risível e risivelmente doentia. Como diria uma famosa escritora eslovaca e bipolar: “Que a baixeza nunca me falte/ sou mulher de lítio/ e de entre as pernas.”
Cumprimentos, até sempre.
oooooops, eeheheheheeheheh, faltou assinar o texto anterior. Era da autoria do
ResponderEliminarEnfermeiro Luís
agora, sim, xau
Cara Maria Teresa,
ResponderEliminarNo aquário da vida, todos somos, de vez em quando sardas, salmonetes, carapaus, sardinhas, linguados...
O que não devemos ser é pregados (põem-nos muito a mão em cima), caravelas portuguesas e medusas.
Qualquer semelhança é mera coincidência
Caro Anónimo,
ResponderEliminarPrometi que deixava a porta desta casa aberta a todas as visitas e comentários. E assim fiz.
Não percebi absolutamente nada dessa história dos filhinhos e da senhora de vida fácil (esta foi à Tíu) de Lisboa que tem um blog.
Deduzi que esse recado seria para uma terceira pessoa, também ela leitora cá de casa, de outro modo não faria sentido o seu comment.
Pedia-lhe, encarecidamente, que se servisse de outra forma de comunicação com essa terceira personagem...
Obrigado.
Desconhecia que estas minhas linhas tinham chegado tão longe e eram referenciadas... Leia-me sempre que quiser, se isso lhe der prazer.
Agora vou brincar ao S. João mas, um destes dias, vou escrever um textozinho sobre este assunto. Não leve a mal...