Mais uma viagem introspectiva...Saio de mim, tento ganhar distância, distanciamento para ter frieza na análise. Mas também não quero analisar, interpretar. Julgar também nunca julguei, e este é um princípio que mantenho. Quero apenas aproveitar mais um passeio pelos recantos das recordações, quando me surge uma hiperligação para esse passado...
Conheci-a no mirc. Há quanto tempo terá sido? Imenso. Chateamos um bom bocado, ou um belo bocadinho, como diriam no Algarve. Diria que foi um bocado de tempo belo. A descoberta é sempre bela, quando descobrimos o que queremos descobrir. E é fácil no mundo virtual... As coincidências foram surgindo, naturalmente.
Lembro-me do nosso primeiro encontro. Nervoso. Ela aparentava uma confiança que não tinha. Ficava-lhe bem a saia comprida, num padrão tipo escocês, e a blusa justa em tom pastel. O cinto largo reforçava a cintura estreita. Tinha o cabelo apanhado e nos olhos meigos pareceu-me ver uma ponta de tristeza... Era Inverno. Não resisti ao desejo de remover essa sombra escura de uns olhos bonitos. Dançámos e não nos pareceram músicas lamechas.
Encontrei-a outra vez, passado algum tempo, num liceu do Porto. Lembro-me que estava com uma amiga. Nenhum de nós era dessa escola e nessa rua, passado algum tempo, tive um acidente. A mota foi para a sucata e tive que cancelar um encontro. Fiquei triste.
Encontramo-nos também uma vez no Algarve. Era Verão e foi diferente. Daí ao messenger fui um instante e na vez seguinte encontramo-nos em casa de um amigo que, por coincidência, tinha saído. Também no Porto, fomos visitando outros amigos, que também não estavam.
Passado algum tempo passamos a encontrar-nos em minha casa, que antes não tinha, e ao longo destes anos temo-nos encontrado algumas vezes. Se dissesse, muitas pareceria que achava demasiado. Não é o caso. Sabe sempre a pouco.
O meu avatar de homem livre foi ficando cada vez mais autónomo até que tomou conta de mim. Não é personalidade múltipla, nem esquizofrenia. O avatar subjugou o homem comprometido. O caminho que outros haviam feito para ele, não era o dele. O avatar levou-o a fazer o caminho que seria o dele. Juntaram-se num homem diferente, avatar e autor ou autor e avatar. Decidiram-se chamar-se AA.
Com o passar do tempo o autor/avatar foi-se juntando ao avatar dela, dando lugar a um avatar integrado.
Alguém cantava alto: Socorro, estou apaixonado! Não preciso de cantar nem de dizer nada. Toda a gente vê. Os olhos não mentem. Digo-lhe só a ela, mas baixinho, ao ouvido, enquanto dançamos e trocamos IPs.
Vou escrever-lhe uma carta de amor e enviar por mail. Posso programar o envio para que a receba amanhã, já que hoje nos vamos encontrar outra vez. Assim fica a saber que avatar e autor pensaram nela...
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Hmmm! Let's look at the trailer...