É espantoso o que se pode aprender com a televisão a propósito do acordo urtográfico (vou passar a usar esta grafia, deixando cair o “h” mudo que ironizava o quanto gosto do dito cujo e passar a usar a vogal “u”, para enfatizar o meu gosto pelo norte de Portugal)!
Para além das notas diárias para os tele-especto-consumidores mais matutinos, do “Em bom Português”, também agora um programa que não vejo mas até gosto, o “Sociedade Civil” tem uma pestana (adoro esta expressão espanhola) sobre o dito cujo, a que deram o nome de “de Acordo com o acordo”. Propositadamente troquei as maiúsculas aos acordos…
Ora hoje, de raspão, lá pisquei o olho à pestana sobre o assunto da nova grafia e fiquei a saber que na palavra circum-navegação se mantém o hífen, como também nas palavras compostas cujo primeiro elemento acabe em “b” ou em “d”. Pelo que percebi, a justificação advém da dificuldade de leitura…
Tenho que dizer que não posso concordar de forma alguma com a manutenção do hífen, independentemente das razões que possam existir para tal, nem com a manutenção de palavras tão próximas do latim, como “circum”... Como é possível manter essa palavra balofa e fascizante, lembrando as actividades da Mocidade Portuguesa e as tardes desportivas de quarta-feira nos antigos liceus? Essa palavra “circum”, tresanda a campeonatos interescolas (Fica bem sem o hífen? Bem me parecia…), a deslocações a Espanha e a França a representar Portugal, em jogos de inspiração militar e militarista, como o Hóquei em Patins, o atletismo, o basketball (devia ser bolanocesto, para estar de acordo com o regime castrador da diversidade linguística), ou futebol (esta sim, não tão boa como pénabola, mas está melhor). Cheira ainda a jogos florais, a prémios de mérito em que o cheque ou a bolsa de estudo chegava mesmo aos alunos. Circum fede a récitas e teatros nas escolas, a professores respeitados e a alunos interessados noutra coisa que não em modelos de telemóvel, guest-list (fiquem lá com o hífen, ò alunos-que-não-podem-esforçar-a-memória-senão-apanham-um-esgotamento), penteados da Pink, fatos da Madonna, casamentos da Betinha da série que ainda há-de (sim também vai acabar aqui o hífen) ser um sucesso, ou namorados da Qualquer Coisa da Silva, que mostrou as mamas numa telenovela e já antes tinha mostrado as coxas noutra coisa qualquer…
Abaixo o circum! Abaixo o saudosismo! É ridícula a utilização desta palavra, quando temos outra muito mais actual, mais abrangente, mais fácil de escrever e dizer, e perfeitamente integrada no espírito do acordo: O circo!
A partir de hoje acabaram-se as actividades circum-escolares (de acordo com o acordo), ou circumescolares (em desacordo com o acordo). A partir de hoje, só temos actividades circo escolares, ou seja actividades de circo nas escolas.
Nota: Este textículo vem atrasado. Penso que há já alguns anos que o circo chegou à escola, resta saber é quando se vai embora…
Estava com receio que escrevesses "no meu tempo é que era bom..." lol
ResponderEliminarA escola é um espelho do país:)
Qual era o outro assunto?
lol
É preciso fazer uma circocisão completa e cortar o mal pela raíz... ou seja, desmontar a tenda e despedir os palhaços...
ResponderEliminarBeijinho
M.,
ResponderEliminarA minha memória já não se compadece de coisas como saudosismo...Só se for de alguma coisa da noite anterior.
É como dizes. E os políticos são a imagem da nossa sociedade.
Eva,
ResponderEliminarGostei dessa ideia da circosição! Até porque os palhaços estão a ficar cansados dos malabaristas ;)
Bjs
Às vezes dá vontade de não ter nascido, ou de não me ter tornado adulta...
ResponderEliminarPseudo,
ResponderEliminarNão digas isso! O circo tem de tudo. Para além dos malabaristas, dos trapezistas dos palhaços também os domadores das feras!!! Ou não será?
E o coelhinho? O coelhinho foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circum.
ResponderEliminarDeve ser assim, não?
Olá
ResponderEliminarTambém alinho por esse diapasão, essa ideia de circo é que que melhor assenta. Grande abraço
Daniel,
ResponderEliminarBem visto! E o coelhinho agora é a estrela do circum...
António Gallobar,
ResponderEliminar;)
Um abraço