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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sintagma e paradigma


Sintagma é um segmento linguístico que expressa uma relação de dependência, onde existe um elemento determinado e outro determinante, estabelecendo um elo de subordinação entre ambos.

Fui ao Brasil buscar esta definição, com o propósito de ilustrar o que me parece que se passa na Grécia, verdadeiro paradigma da ditadura dos ditos agentes europeus, na realidade os mandatários dessas figuras mitológicas a que chamam Mercados.

É óbvio que os gregos têm um governo que não elegeram, chefiado por um primeiro-ministro que não foi eleito, mas sim nomeado pela comissão europeia. De igual forma, também na Itália o chefe de governo foi nomeado pela mesma comissão europeia depois da inevitável demissão do Burlasconi.

O povo grego não quer as reformas que o governo pretende para, supostamente, evitar a bancarrota. Não temem a famigerada bancarrota, porque sabem que já não é a primeira vez que tal acontece e também porque têm consciência que já estão lá. O governo sabe que não consegue fazer nada sem a massa que vem da Europa, pese embora também saiba que vão deixar o país hipotecado para os próximos séculos, ou talvez milénios….Os mandatários dos mercados também sabem que nunca mais vão receber a massa, mas insistem numa solução, que não é solução, falando em solidariedade, em união, em espírito europeu e para isso estão dispostos a perder a massaroca que lá meteram, sendo que parte dela já estão, e vão continuar a receber de outra forma, como todos nós sabemos.

Assim todos sabem o que sabem, mas ninguém tem o que quer. O elemento euro continua a ser determinante e a auto-determinação dos povos, a que tanto apelavam os europeus no século passado a propósito de países africanos colonizados, está agora esquecida. O futuro está determinado pelo dito duro euro, a ditadura dos mercados. E este é o nosso paradigma de desenvolvimento, a que se atrevem a chamar espírito de solidariedade europeu, a democracia… Ironia do destino, uma palavra de origem grega! Ironia, sintagma é paradigma do momento actual, da repressão pelo dinheiro, da ganância desmesurada de alguns e da impotência de muitos.

E os cronistas, quando mandados calar, calam e não falam da Islândia, da Suécia, da Noruega, da Dinamarca, nem da Praça Sintagma. Falam de Homs, curiosamente a cidade cujo nome se confunde com Ohm, o físico que descobriu a relação entre tensão e intensidade da corrente eléctrica e cujo nome serve para unidade de medida da resistência, no Sistema Internacional. Muitas vezes dizemos Ohms, em vez de usarmos o singular Ohm, e seu símbolo é o ómega maiúsculo, simbolicamente, o fim.

Esta tragédia já não é só grega e pan-europeia, como aqui disse. É uma tragédia greco-latina, pan-europeia!

4 comentários:

  1. Nem de propósito, respondi, mesmo agora, a um comentário sobre a diferença da América e da Europa e que, de certo modo, tem muito a ver com isto:
    Nos EUA, as pessoas mesmo em situação de desemprego podem obter uma simples licença para poderem fazer pequenos trabalhos, venderem os produtos da horta, as suas compotas... qualquer coisa que saibam fazer para ir sobrevivendo... nem que seja caçar ou pescar... há sempre uma saída.
    Por aqui, é tanta a papelada, tanta inspecção da ASAE e Cªs, tantos impostos, tantos impressos que acabam por obrigar as pessoas a ficarem de braços caídos, mãos atadas, sem nenhuma saída senão a de ficarem entregues aos devaneios dos políticos... se dão subsídios, reformas, pensões ou se vão mesmo matar as pessoas à fome.
    A Europa com tantas regras, regulamentos e decretos, até está a proibir as pessoas de, simplesmente, tentarem sobreviver.
    O País vai mal mas a Europa está velha e caduca, não fazem nada nem deixam fazer, limitam-se a criar normas, regras e leis que na prática, não servem para coisa nenhuma.
    Isto é o paradigma que eles criaram, depois começo a pensar que tem uma finalidade... controlarem as pessoas e em vez de pessoas que podem sempre dar a volta a uma situação, temos ovelhas num redil, dependentes da hora da distribuição da palha sem poderem fazer mais nada senão balir... e dar uns coicezitos de vez em quando... nada que eles não controlem à vergastada.

    Bjos

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  2. Isa,
    É exactamente como dizes. E se um desempregado conseguir arrnajar emprego por dois ou três meses, também não pode aceitar porque perde direito ao resto...
    Bjs

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  3. Aonde se trabalha bem é na China... lol

    Mas a sério, há grandes problemas que não parecem ter solução à vista. Comparam a invasão da Alemanha à Grécia agora com a da 2 guerra mundial. MAs a diferença é que agora ninguém obrigou os gregos a endividarem-se. fizeram-no por irresponsabilidade própria.

    Já agora, ando para dizer isto há uns tempo, novo look no blog. Lá se foi o verde. Está melhor.

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  4. Daniel,
    A China é um must em trabalho ;-)

    Os grgos estão a ver-se gregos com eles próprios...E estão porque querem e continuam a querer.

    Mudei a cara aqui à casinha, estava a ficar cansado do outro layout....Obrigado!

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Hmmm! Let's look at the trailer...