Sintagma é um segmento linguístico que expressa uma relação de dependência, onde existe um elemento determinado e outro determinante, estabelecendo um elo de subordinação entre ambos.
Fui ao Brasil buscar esta definição, com o propósito de ilustrar o que me parece que se passa na Grécia, verdadeiro paradigma da ditadura dos ditos agentes europeus, na realidade os mandatários dessas figuras mitológicas a que chamam Mercados.
É óbvio que os gregos têm um governo que não elegeram, chefiado por um primeiro-ministro que não foi eleito, mas sim nomeado pela comissão europeia. De igual forma, também na Itália o chefe de governo foi nomeado pela mesma comissão europeia depois da inevitável demissão do Burlasconi.
O povo grego não quer as reformas que o governo pretende para, supostamente, evitar a bancarrota. Não temem a famigerada bancarrota, porque sabem que já não é a primeira vez que tal acontece e também porque têm consciência que já estão lá. O governo sabe que não consegue fazer nada sem a massa que vem da Europa, pese embora também saiba que vão deixar o país hipotecado para os próximos séculos, ou talvez milénios….Os mandatários dos mercados também sabem que nunca mais vão receber a massa, mas insistem numa solução, que não é solução, falando em solidariedade, em união, em espírito europeu e para isso estão dispostos a perder a massaroca que lá meteram, sendo que parte dela já estão, e vão continuar a receber de outra forma, como todos nós sabemos.
Assim todos sabem o que sabem, mas ninguém tem o que quer. O elemento euro continua a ser determinante e a auto-determinação dos povos, a que tanto apelavam os europeus no século passado a propósito de países africanos colonizados, está agora esquecida. O futuro está determinado pelo dito duro euro, a ditadura dos mercados. E este é o nosso paradigma de desenvolvimento, a que se atrevem a chamar espírito de solidariedade europeu, a democracia… Ironia do destino, uma palavra de origem grega! Ironia, sintagma é paradigma do momento actual, da repressão pelo dinheiro, da ganância desmesurada de alguns e da impotência de muitos.
E os cronistas, quando mandados calar, calam e não falam da Islândia, da Suécia, da Noruega, da Dinamarca, nem da Praça Sintagma. Falam de Homs, curiosamente a cidade cujo nome se confunde com Ohm, o físico que descobriu a relação entre tensão e intensidade da corrente eléctrica e cujo nome serve para unidade de medida da resistência, no Sistema Internacional. Muitas vezes dizemos Ohms, em vez de usarmos o singular Ohm, e seu símbolo é o ómega maiúsculo, simbolicamente, o fim.
Esta tragédia já não é só grega e pan-europeia,
como aqui disse. É uma tragédia greco-latina, pan-europeia!