Alargando o campo de visão, antes de chegarmos ao mar, o nosso desejado Neptuno, mas também ainda sem os pés bem assentes na terra, estamos naquela região imensa do universo entre Mercúrio e Vénus. Melhor dizendo, naquela região do céu, entre Mercúrio e Vénus. Aquela parte da nossa vida em que fazemos tudo a correr, com pressa de chegar, como se tivéssemos as asinhas foleiras nas pernas e, quando chegamos, nem nos demos conta por onde andámos.
Até ao momento em que aterramos no planeta Vénus. Às vezes não aterramos, atiramo-nos para o chão, rebolamo-nos naquela areia quente e gostamos tanto que o tempo vai passando sem darmos conta, até o Sol se ir embora. É muito melhor passar o tempo assim…
Em Mercúrio não acontece nada disso. É tudo tão quente que temos sempre pressa de ir de um lado para o outro, não aproveitamos o melhor da viagem que é o percurso. O símbolo químico do outro Mercúrio, esse metal líquido que se entranha em tudo que toca, deve-se à semelhança com a prata, mas o metal de Vénus é o ouro. Não os podemos misturar. Essa amálgama em que o Mercúrio deixa o ouro é como ficamos quando misturamos essas duas etapas. E normalmente não acontece. Quando acontece é uma maçada. Ficamos todos partidos por dentro. Há remédio, mas custa muito. Começar de novo é o melhor. Como diziam nos carrosséis “Nova corrida nova viagem”.
Saltamos do primeiro planeta para o segundo, mas às vezes, por engano lá aparece um buraco negro e voltamos ao inicio. Ao vosso tio custou-lhe muito essa passagem. É preciso ter a companhia certa, para se passar o mar de asteróides. Muitos saltos, algumas amolgadelas na nave, mas lá ficou definitivamente em Vénus. Vénus é quente, escaldante, mas também temperado. Gosto muito de lá estar e não sei se quero ir para a Terra.
Vai depender da companhia, não é?
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