A passar os olhos num escaparate de uma dessas novas zonas de alto risco, vulgo bomba de gasolina, encontrei o último número de uma revista, muito simpática (Hotéis & Viagens - http://www.hoteiseviagens.com), com uma imagem do novo Mandala Hotel em Berlim. Já estava a sonhar com Berlim, com dificuldades na escolha entre o Mandala e o Regent, quase a compará-los com o Kempinski Hotel Bristol Berlin, quando dei de caras com uma revista fantasiosa, mas noutro nível (não estou a usar nenhuma metáfora, era numa prateleira abaixo). Essa outra revista deve ser um manual de filosofia, integrada na nova dinâmica de sucesso educativo, pois não me pareceu que fosse o Borda d'Água. Chamava-se MM e lidas as letras pequeninas (nos jornais e revistas só gosto das letras grandes), percebi que a revista se chamava Mulher Moderna. Mas a frase da capa que pretendia captar os cêntimos dos leitores depois de os despertar pela curiosidade, era mesmo bombástica. Não me recordava das palavras exactas, mas era uma carinha laroca (dialecto do Porto, não confundir com o Pete La Roca) que dizia em grandes parangonas: “Sou uma beata sexualmente frustrada”
Já nem quis saber do preço do gasóleo. Como é possível uma frase destas dita desta maneira? E ainda por cima vinda daquela pessoa? Não acredito.
Claro que estas duas ideias não combinam mesmo nada bem e menos ainda com a suposta autora da dita frase, a avaliar pela cara...Deve ser actriz, a suposta autora da frase, que dá pelo nome de Paula Lobo Antunes. O nome será coincidência?
Claro que quem vê caras não vê corações e o Photoshop faz maravilhas, mas soava mesmo a falso. Eventualmente seria da personagem que representa, numa qualquer telenovela, eventualmente baseada num bom livro de um bom autor português, atribuída à actriz para chamar a atenção. Alguns pseudo experts (Ah ganda tiu) diriam, neste caso: É o marketing. Não seria marketing nenhum. Talvez marqueting, o marketing à portuguesa. Esse, supostamente, é o tema de fundo do blog, por isso esta linha de pensamento (o que estavam a pensar?) vai ter que ficar para outra altura. Mas também não importa, porque o post não é sobre a senhora, nem sobre a personagem, mas sobre a frase que lhe atribuíram.
Se é beata, e olhe que não parecia nada, minha querida, não pode estar sexualmente frustrada. Uma verdadeira beata não tem impulsos desse tipo que levem a estados de frustração. Não que conheça muito o género, foi terreno em que nunca me aventurei, mas não parece nada lógico. Frustração numa beata (a ocorrer) pode derivar de muitas situações, mas dessas não. Uma beata aceitará tudo como fruto de um determinismo que nos persegue desde o berço até à cova. A única eventual frustração (e será um caso raro) poderá derivar de não ser tão beata como deveria, mas mesmo nesse caso esse eventual fracasso será atribuído a um obscuro desígnio divino, de um deus mau que castiga e que nos faz infelizes. Porque? Porque não somos, ou não seriam, neste caso, tão boas como deviam e podiam ser…
Não sendo beata, aí sim. Seria então possível que se sentisse sexualmente frustrada, o que é uma pena. Não faltarão pessoas com vontade de ajudar…Isto é, não serei certamente o único com vontade de ajudar nessas temáticas. Se a frustração decorre de alguma má experiência passada, diga quem foi o tipo ou a tipa que vou já tratar do assunto e vingar esse trauma.
Não quis abrir a revista para averiguar o tema mais profundamente. Voltei a Berlim e pensei que das noites mais divertidas que tive nas minhas deslocações profissionais foi no Intercontinental. Como em todo o lado, a companhia foi determinante, já que o percurso nos levou até lá…
Regressei ao local do crime e não pude deixar de pensar que aquela miúda merecia melhores companhias, ou melhores consultores de imagem. Ou melhor sorte, porque estes headlines (oh tiu, esta é demais) às vezes surgem por sorte, ou falta dela, no caso.
Tenho a certeza de uma coisa. Quem disse que nem tudo o que é belo é verdadeiro e bom e nem tudo o que é bom é verdadeiro e belo, ou por último, nem tudo o que é belo é bom e verdadeiro, estava cheio de razão.
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