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sexta-feira, 30 de maio de 2008

A promessa

Prometi e agora tenho de cumprir. Prometi um post sobre um assunto delicado. A idade. A minha idade. Não gosto nada de desiludir ninguém, muito menos a minha querida prima que me desafiou para esta questão. Mais do que o desafio escolheu a arma. Com que idade se sente?

Ainda por cima não era a brincar. Então vá (é o tiu, é o tiu…):

Podia fazer a pergunta ao contrário, mas não era justo, porque até sabe a resposta. O mundo virtual tem destas coisas e quem diz que não há coincidências, às vezes engana-se. Pois sinto-me com todas as idades que conhece. E também com as que ainda talvez não tenha tido (o português é muito traiçoeiro) o gosto e o prazer de descobrir.

Estou em desvantagem, mas não me importo. De vez em quando sinto-me velho, cansado de tantos tios e tias. Mas a esperança de conhecer alguma nova prima devolve-me a juventude rapidamente. É um pouco como aquele carro em segunda mão, com muitos km, mas bom de motor. E de chapa também. Não é de usar e deitar fora. Ele não se importa, pois afinal foi construído para transportar pessoas de uns lados para os outros. E é o que gosta de fazer. Levar pessoas através de paisagens, mares, montanhas, experiências. Gosta mais da viagem do que da partida ou da chegada. Sempre pronto a partir, como se fosse a primeira viagem. Conhece a estrada, mas cada dia descobre coisas novas. Um pouco como aquele slogan do Mandala. Entre chegar e partir temos que estar nalgum sítio. Pois que seja agradável. Esse sítio agradável é a nossa idade.

Todos os dias gosto de ver o Sol e a Lua. Nem sempre consigo. Adoro o Mar e também tenho-o visto pouco. Nesses dias sinto-me mais velho, mas abro a janela do meu PC e acordo, mais novo.

A idade com que me sinto, é a idade que me deixam ter e sentir. Recuso-me a viver conduzido por um GPS. Sou livre qb e adoro a liberdade do Mar. Não há estradas com um risco de cada lado. Há rotas e bóias que nos guiam à entrada dos portos. Nesses momentos mais delicados é que se vê quem vai ao leme.

Já se viu que não estou na idade das promessas. Já prometi tudo e dei tudo. Diga-me, agora, se a idade promete.

A idade das promessas ou a promessa da idade? É uma questão de escolha, para quem pode escolher...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Logomaquia

A passar os olhos num escaparate de uma dessas novas zonas de alto risco, vulgo bomba de gasolina, encontrei o último número de uma revista, muito simpática (Hotéis & Viagens - http://www.hoteiseviagens.com), com uma imagem do novo Mandala Hotel em Berlim. Já estava a sonhar com Berlim, com dificuldades na escolha entre o Mandala e o Regent, quase a compará-los com o Kempinski Hotel Bristol Berlin, quando dei de caras com uma revista fantasiosa, mas noutro nível (não estou a usar nenhuma metáfora, era numa prateleira abaixo). Essa outra revista deve ser um manual de filosofia, integrada na nova dinâmica de sucesso educativo, pois não me pareceu que fosse o Borda d'Água. Chamava-se MM e lidas as letras pequeninas (nos jornais e revistas só gosto das letras grandes), percebi que a revista se chamava Mulher Moderna. Mas a frase da capa que pretendia captar os cêntimos dos leitores depois de os despertar pela curiosidade, era mesmo bombástica. Não me recordava das palavras exactas, mas era uma carinha laroca (dialecto do Porto, não confundir com o Pete La Roca) que dizia em grandes parangonas: “Sou uma beata sexualmente frustrada”

Já nem quis saber do preço do gasóleo. Como é possível uma frase destas dita desta maneira? E ainda por cima vinda daquela pessoa? Não acredito.

Claro que estas duas ideias não combinam mesmo nada bem e menos ainda com a suposta autora da dita frase, a avaliar pela cara...Deve ser actriz, a suposta autora da frase, que dá pelo nome de Paula Lobo Antunes. O nome será coincidência?

Claro que quem vê caras não vê corações e o Photoshop faz maravilhas, mas soava mesmo a falso. Eventualmente seria da personagem que representa, numa qualquer telenovela, eventualmente baseada num bom livro de um bom autor português, atribuída à actriz para chamar a atenção. Alguns pseudo experts (Ah ganda tiu) diriam, neste caso: É o marketing. Não seria marketing nenhum. Talvez marqueting, o marketing à portuguesa. Esse, supostamente, é o tema de fundo do blog, por isso esta linha de pensamento (o que estavam a pensar?) vai ter que ficar para outra altura. Mas também não importa, porque o post não é sobre a senhora, nem sobre a personagem, mas sobre a frase que lhe atribuíram.

Se é beata, e olhe que não parecia nada, minha querida, não pode estar sexualmente frustrada. Uma verdadeira beata não tem impulsos desse tipo que levem a estados de frustração. Não que conheça muito o género, foi terreno em que nunca me aventurei, mas não parece nada lógico. Frustração numa beata (a ocorrer) pode derivar de muitas situações, mas dessas não. Uma beata aceitará tudo como fruto de um determinismo que nos persegue desde o berço até à cova. A única eventual frustração (e será um caso raro) poderá derivar de não ser tão beata como deveria, mas mesmo nesse caso esse eventual fracasso será atribuído a um obscuro desígnio divino, de um deus mau que castiga e que nos faz infelizes. Porque? Porque não somos, ou não seriam, neste caso, tão boas como deviam e podiam ser…

Não sendo beata, aí sim. Seria então possível que se sentisse sexualmente frustrada, o que é uma pena. Não faltarão pessoas com vontade de ajudar…Isto é, não serei certamente o único com vontade de ajudar nessas temáticas. Se a frustração decorre de alguma má experiência passada, diga quem foi o tipo ou a tipa que vou já tratar do assunto e vingar esse trauma.

Não quis abrir a revista para averiguar o tema mais profundamente. Voltei a Berlim e pensei que das noites mais divertidas que tive nas minhas deslocações profissionais foi no Intercontinental. Como em todo o lado, a companhia foi determinante, já que o percurso nos levou até lá…

Regressei ao local do crime e não pude deixar de pensar que aquela miúda merecia melhores companhias, ou melhores consultores de imagem. Ou melhor sorte, porque estes headlines (oh tiu, esta é demais) às vezes surgem por sorte, ou falta dela, no caso.

Tenho a certeza de uma coisa. Quem disse que nem tudo o que é belo é verdadeiro e bom e nem tudo o que é bom é verdadeiro e belo, ou por último, nem tudo o que é belo é bom e verdadeiro, estava cheio de razão.

domingo, 25 de maio de 2008

Ho tsamaya ke ho bona

Esta frase é tão gira que a podemos imaginar pronunciada de várias formas. Não sabendo o seu significado podemos também imaginar várias possibilidades para o seu uso. Provavelmente para expressar coisas tão distintas como antagónicas. Um convite, uma proposta, um desafio. Eventualmente um insulto, uma despedida, uma saudação, ou uma palavra de boas vindas. Uma palavra quente de paixão, morna de conforto, terna de carinho, fria de adeus.
Pode ser tudo isso, do mesmo modo que não existe o desconhecemos.

Às vezes encontramos na voz do povo, com a maior simplicidade e com um poder de síntese que desafia muita sabedoria académica (sabedoria ou conhecimento?) uma grande lição. Não sei se é o caso desta. Dir-me-ão se lerem este post e se merecer esse incómodo. Esta frase apenas diz, em Sesotho, língua que fala lá para o Lesotho e muitos outros lados da África do Sul, que viajar é aprender.

Adorava lá ir, como ir a muitos outros lados. Depende sempre de com quem vamos e por onde vamos. O percurso…

E está tudo dito. Querem mais simples? Não é possível. Vamos?

sábado, 24 de maio de 2008

O seu tio do Algarve entre Mercúrio e Vénus

Alargando o campo de visão, antes de chegarmos ao mar, o nosso desejado Neptuno, mas também ainda sem os pés bem assentes na terra, estamos naquela região imensa do universo entre Mercúrio e Vénus. Melhor dizendo, naquela região do céu, entre Mercúrio e Vénus. Aquela parte da nossa vida em que fazemos tudo a correr, com pressa de chegar, como se tivéssemos as asinhas foleiras nas pernas e, quando chegamos, nem nos demos conta por onde andámos.
Até ao momento em que aterramos no planeta Vénus. Às vezes não aterramos, atiramo-nos para o chão, rebolamo-nos naquela areia quente e gostamos tanto que o tempo vai passando sem darmos conta, até o Sol se ir embora. É muito melhor passar o tempo assim…

Em Mercúrio não acontece nada disso. É tudo tão quente que temos sempre pressa de ir de um lado para o outro, não aproveitamos o melhor da viagem que é o percurso. O símbolo químico do outro Mercúrio, esse metal líquido que se entranha em tudo que toca, deve-se à semelhança com a prata, mas o metal de Vénus é o ouro. Não os podemos misturar. Essa amálgama em que o Mercúrio deixa o ouro é como ficamos quando misturamos essas duas etapas. E normalmente não acontece. Quando acontece é uma maçada. Ficamos todos partidos por dentro. Há remédio, mas custa muito. Começar de novo é o melhor. Como diziam nos carrosséis “Nova corrida nova viagem”.

Saltamos do primeiro planeta para o segundo, mas às vezes, por engano lá aparece um buraco negro e voltamos ao inicio. Ao vosso tio custou-lhe muito essa passagem. É preciso ter a companhia certa, para se passar o mar de asteróides. Muitos saltos, algumas amolgadelas na nave, mas lá ficou definitivamente em Vénus. Vénus é quente, escaldante, mas também temperado. Gosto muito de lá estar e não sei se quero ir para a Terra.

Vai depender da companhia, não é?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Uma receita para as minhas primas

Xarém com conquilhas

Para além de companhia, vai precisar de:
1 kg conquilhas; 200 g presunto; 200 g farinha de milho; 1 chouriço de carne; 1 dl vinho branco. sal e pimenta q.b.

1. Colocam-se as conquilhas de molho em água com sal ou água salgada para lhes retirar todas as areias que ainda possam ter. Convém mudar a água.
2. Corta-se o chouriço em rodelas e o presunto em tiras finas, e frita-se tudo numa frigideira.
3. Retiram-se as conquilhas da água e levam-se ao lume a cozer.
4. Retiram-se do lume e escorre-se a água da cozedura, passando-a por um passador.
5. Retira-se o miolo das conquilhas e coloca-se num tacho.
6. Junta-se a água da cozedura, adiciona-se o vinho e leva-se tudo ao lume a ferver um pouco.
7. Retira-se do lume e junta-se a farinha muito devagar, mexendo sempre, para não fazer grumos.
8. Leva-se novamente ao lume para acabar de cozer. Continue a mexer, sff
9. Juntam-se as carnes e serve-se bem quente.

Enfim esta a receita base. Pessoalmente gosto mais quando se juntam as conquilhas (também podem ser amêijoas), um pouco antes das carnes e não antes da cozedura. Os miolos ficam com muito melhor aspecto. Naturalmente que me refiro aos miolos das conquilhas, minhas caras...

Também podem fazer um refogadinho leve. Há sempre a parte de criatividade pessoal, não é assim? E o melhor é abrir mesmo uma boa garrafa de vinho branco para ir bebendo ao longo da elaboração da receita. Um Planalto, era a minha sugestão, também pode ser um BSE, um Quinta de Pancas ou uma Cartuxa (a fundação Eugénio de Almeida tem coisas espantosas…). Se quiser um Quinta de Cabriz, também pode ser até porque não quero ofender ninguém e no Dão também há muito bons vinhos. Temos tanta coisinha boa em Portugal que não é preciso ir buscar lá fora o que temos cá dentro não acham? Antigamente era moda, mas agora não se justifica mesmo nada. Sou um ferveroso adepto do produto nacional, mas essa conversa fica para outra altura se não ainda queimamos o nosso xarém (papas de milho, para os turistas).

Pois e já está um pratinho do Algarve para vos aquecer nestas noites frias, e que pode ser servido como “Pièce de résistance” (já faltava uma de tio, não acham?) ou como entrada. Basta juntar a companhia e está pronto a servir. Uma boa companhia nem precisa de mais nada, mas em todo o caso mais vale prevenir que remediar.

Com jeitinho também podem levar o cozinheiro... também aquece e gosta muito de conquilhas.
Muitos beijinhos a todas.

PS: A quantidade é mais do que suficiente para duas pessoas, mesmo muito esfomeaditas. Experimentem e depois digam qualquer coisinha a este vosso primo, tá bem?



Fonte: Cozinha Tradicional portuguesa de Maria de Lourdes Modesto, ed.Verbo
 

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O tio mudou a pele

Está na moda, agora que os leões ganharam o campeonato (parece que vamos ter assunto para os próximos vinte anos), mudar a pele. Talvez mais como os lagartos do que os leões, mas tive mesmo que mudar de pele. Não foi só por causa do Verão que está a chegar. E que saudades já tenho dessa Estação...

Não imaginava os problemas que ia trazer esta pelagem nova, e se soubesse não tinha mudado. Segui os passinhos todos do help do blogger, mas não deve ter corrido bem. Agora, para compensar essa espécie de esquizofrenia dos blogs, de ter uma personalidade à segunda, quarta e sexta-feira e outra à terça, quinta e sábado, tenho a mistura total. O second live misturado com o third, as contas e os serviços, numa amálgama de blogs e perfis que até já estou confuso. Lembra um pouco o poeta retratado pelo nosso grande Pessoa...E o que parece não é. Mas o pior é querer assinar uma visita e não ficar activo o hiperlink para o perfil deste vosso querido primo. Que maçada querer assinar e não poder, é um pouco ao contrário do que muitos querem, não é? Gostavam de atirar a sua pedrinha e esconder a mão, mas com o vosso tio e primo é ao contrário. Não gosto de ir à casa (é assim que se diz no Algarve) dos outros e não deixar uma pequena nota, mas assinada claro. Agora fazer os comentários e ir parar a outro perfil que não queria é que é uma maçada, como compreendem...

Enfim, vamos ver como continua a correr esta mudança da pele, porque para trás é que não dá para ir.... Sigamos em frente e queiram desculpar qualquer coisinha, tá bem?

O vosso tio e primo do Algarve

terça-feira, 20 de maio de 2008

Ah Ganda Tíu

Espero que tenham lido os jornais ontem! Em todos, o tíu estava na primeira página. "Tíu salvou!", "Tíu o herói!", "Tio o Rei!". Não se porquê mas a seguir ao "u" de tiu, colocaram um "í". Talvez por ser à moda do Algarve, ou do Alentejo, arrastando as últimas sílabas e terminado as palavras com um "e" ou um "i" pensava eu. Pela fotografia não parecia ninguém da familía. A menos que tivesse adormecido ao sol e acordado uns meses depois. Mas não era. Nem sequer nenhum primo do Algarve d' Além Mar em Africa. Podia ser, mas não. Parece que era dos Brasis.
Percebi depois que a batalha do herói, era o jogo e, como ganhou, até já pode ser da família, pelo menos da dos leões, não é?
Foi melhor assim, senão ninguem aturava os tios do Norte, carago. Taça e campeonato é muita fruta para uma época só. Paciência, vão dizer que mereciam, e ficam contentes, não por terem ganho, mas por merecerem (segundo eles) e não terem conseguido. É como a vitória moral. Perderam, mas tá tudo bem.
E os outros se quiserem ganhar, tratem de arranjar um Tiu, tá bem?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

As nossas rainhas aos 40

Dizia-me uma prima - e deixe-me tratá-la assim neste mundo de tias, tios e tius, que passar os quarenta era uma data importante. Ia passar para a classe dos “entas”. Também penso assim, mas não forçosamente aos quarenta. Pode ser aos trinta e cinco, aos trinta, aos 45. Eventualmente aos quarenta e dois ou quatro. Ou mais. Mas também, pode ser aos trinta e dois ou aos trinta e quatro. Depende da pessoa e do contexto. O que não é de certeza absoluta é aos vinte, vinte e dois ou vinte e cinco.

Há muito tempo que ando com vontade de partilhar convosco esta questão dos quarenta anos na mulher. Não é às mulheres que conheço e que estão nessa bela e excitante idade que me refiro... Nunca me poderia referir de forma alguma às mulheres que conheço. Isso seria impossível. Nunca poderiam esperar que contasse alguma história passada comigo e menos ainda que escrevesse sobre o assunto. Ainda por cima no mundo virtual...

Se Balzac vivesse no século XX ou XXI, não colocaria as suas personagens nessa franja etária. Escreveria sobre mulheres aos cinquenta anos, na melhor das hipóteses. Veja-se e ouça-se o Hard Candy e percebe-se logo do que estou a falar. Ou veja-se ainda no outro mundo virtual esta nova classe de actrizes que aos cinquenta ainda arrasam a concorrência mais jovem. E não é só na Austrália e não é a maquilhagem. Mesmo sem make-up é mesmo assim.

A mulher aos quarenta, e simbolicamente vamos fixar esta data, apesar de poder ser outra, está no seu auge. Aos vinte é uma criança irreverente, aos trinta começa a descobrir o prazer e aos quarenta tem a maturidade de ususfruir, de brincar, de gozar e de se divertir sem complexos de culpa.

Se se casaram muito cedo, os filhos já estão crescidos, os maridos tratados ou domesticados e por isso voltaram a ter tempo para elas, com a vantagem da confiança que foram adquirindo. Sabem exactamtente o que querem e o que procuram e não têm, felizmente crises existenciais profundas que deixam toda a gente em stress. Quando têm crises, têm mesmo, como toda a gente, não é para chamar as atenções, porque não precisam disso.

Os trinta também não é uma má idade, pelo contrário (como dizem os meus primos do Algarve), mas ainda ha alguma pressa, muito stress. As actividades profissionais ainda as preenchem e preocupam muito. Aos quarenta isso já passou, as nossas rainhas dominam mesmo. Escolhem, mas também se deixam escolher. E sabem-no fazer tão bem... Agradam, sabem agradar e gostam de agradar. Também gostam de mimos, claro, mas não os exigem. Não precisam de o fazer.

Preparam-se convenientemente, mas não dizem que não a um improviso, se o programa for bom. A qualidade é que importa, não a quantidade. O prazer não parece roubado à pressa, mas sim consentido e aproveitado em todos os momentos. Os preliminares são mesmo preliminares, e deixando-nos antever um percuso fantástico preparam-nos para a excursão, neste caso um verdadeiro safari. A conclusão não é um pico. É um planalto gigante de onde não nos apetece nada sair. Que maravilha!

Não tenham pressa minhas queridas primas, lá chegarão.

Preparem-se bem porque a viagem vale a pena. E se quiserem companheiro de percurso, nem precisam de dizer. Basta sugerir, não é? Muitos beijinhos...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Histórias do Shopping 1

Hoje é dia de cumprir promessas, ou pelo menos é o que se ouve dizer, e por isso aqui vai. Prometi que ia contar a história da minha última ida a uma dessas outras catedrais do consumo. No caso foi ao NorteShopping na bela cidade do Porto e foi, imaginem só, numa sexta-feira à noite.

Chegar até foi fácil, a dificuldade começou quando quis estacionar o bólide. Tive que o levar, pois o encontro era lá. É sempre uma maçada, dois carros. Mas não dava mesmo para ser de outra maneira e lá acabei por consegui deixá-lo no -2 na zona vermelha, a mais longe da entrada. Ainda vinha com a farda do trabalho o que é muito prático para identificação, mas pouco prático para a hora e o local. No mínimo desfasado da euforia do fim-de-semana. Que maravilha, dois dias inteiros fora do contexto do trabalho, que seca para outros. Para mim nem uma coisa nem outra pensava enquanto as escadas rolantes me iam levando para o piso de cima e, “en passant” (tinha que meter uma de tio, não acham?) lá ia observando a paisagem, ou a mole humana, como diria qualquer comentador de futebol esclarecido.

Que fantástica maravilha, tanta gente à procura do mesmo…Sim, porque não acredito que com esta crise de que toda a gente fala, os compradores fossem muitos. Ao longe lá vi uma família carregada de sacos que se dividia entre as lojas de gadgets e de roupas para criança. Mas era a minoria de certeza.

Fiquei na dúvida se a maioria estava à pesca ou à caça de qualquer coisa, mas todos, de certeza estavam a procura de alguma coisa e a fazer horas para ir para outro lado. Estavam no Matrix deles e eu tinha entrado muito mal. Não era o personagem certo para este filme. O erro foi no casting, mas já que estava, deixei-me estar. Passado o primeiro impacto, aquela lufada de perfumes e aromas já estava em processamento, pronta para ser integrada e percebi que é uma experiência muito interessante, a Sexta-feira no NorteShopping. Não tão forte como o Sábado, mas muito variada em qualidade e abundante de quantidade. É uma questão de escolher, ou antes, de se deixar escolher. Essa treta de fixar o alvo, tipo tropa, acabou há muito, vamos lá acordar, sff! O menino tem andado muito distraído, com as suas ocupações profissionais e não anda a ver o que se passa á sua volta! Tá tolinho de todo…

E é mesmo assim, nós não escolhemos, detemos o nosso olhar e naqueles microsegundos iniciais em que os nossos olhares se cruzaram fica tudo definido… Há hipótese ou não há. As possibilidades de “com alguma luta até dava” já não existem. Não há tempo a perder nesta fase. A seguir sim, é preciso batalhar um pouco, que as mulheres continuam a saber controlar o processo. Nesses instantes iniciais temos que ser capazes de transmitir esta questão do “sabes que se tu quisesses eu também queria”, dizendo ao mesmo tempo o contrário “queria se tu quisesses”. A coroa, é conseguir o triangulo “quero. E tu também queres?”. Se conseguirmos (e conseguimos) passar esta informação, nesses milésimos de segundo, a nossa escolha já está feita. Vamos nessa Vanessa! E que me desculpem todas as mulheres que usam esse nome. No caso do NorteShopping também aparecem umas Banessas, mas é engano.

E ainda bem que tudo continua na mesma. Assim gosto. Para a próxima vão os detalhes, porque ….
Porque…Porque será? Claro: Os detalhes são o percurso e o percurso é o mais interessante do passeio! Quando chegamos ao destino, o passeio terminou. Há que voltar para casa, não é?

Obrigado e até breve!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O seu tio do Algarve 1

Dizia-me hoje uma pessoa que conheci muito recentemente, que até já tinha algumas pessoa a ler estas minhas notas sobre assuntos soltos. E pelo que parece ainda há pessoas com paciência para ler alguma coisa, mesmo que virtual… Não me parece justo que gastem o vosso tempo com estes “posts” e não saibam nada do autor, para além do perfil resumido. Sei que não são nada cuscas mas, pronto, é um desabafo, quiçá motivado pelo programa que vi ontem sobre o Miguel Torga, mal comparado, como dizem no Algarve.

Então aqui vai o meu nome é António Bernardo Risos, sem vírgula a seguir ao Bernardo. Risos, da família dos Gargalhadas, pelo lado do pai e dos Sorrisos pelo lado da mãe. Naturalmente não iam esperar outra coisa duma senhora, pois não?

Claro que nasci nalgum lugar entre Marte e Vénus, mais precisamente no Algarve, há já alguns anos, não muitos (o que estavam a pensar?). Também não nasci logo tio, fui-me fazendo, porque não havia nessa altura blogs nem literatura específica para o efeito e as aulas de boas maneiras eram autênticas e não eram dadas. Eram vividas em casa. Não havia tias modelo 1, nem 2 ou 3 a darem aulas de etiqueta, como aquela tão ridícula que quando em vez (muito melhor que de vez em quando, não acham?) vai aparecendo na televisão a fazer de tia. Ontem devem ter aparecido uma data delas nos Globos de Ouro, imagino… Quando aparecerem as Bolas de Ouro, talvez dê uma palavrinha a um tiu “pa ver se dá alguma coisa, tá a ver?

Marte é a guerra, como na escola onde não havia bullying, apenas andávamos à estalada ou ao pontapé. Não havia ainda psicólogos. Aliás, mal havia professores nessa altura. E ainda não estavam ocupados a fazer relatórios e relatórios da actividade docente, ou envolvidos em montes de Conselhos ou Comités sobre assuntos diversos, supostamente do interesse da escola. Eram mesmo professores. Havia era poucas escolas e poucos alunos. Era preciso lutar pelas coisas. Não caiam do céu. Mesmo com as miúdas, era preciso lutar por elas

Vénus, o que se pode dizer desse planeta fantástico que até inspirou o nome de peças de vestuário? Prefiro não dizer mais nada. Imaginem se faz favor e sonhem os vossos próprios sonhos. Hoje não é dia de contar os meus. Lá chegaremos, mas é preciso paciência. O percurso é o mais interessante da viagem. Não tenham pressa…

E assim entre canelas e corações partidos foi decorrendo o meu viver, sempre entre Risos, com maiúsculas claro, porque na vida tudo tem que ser escrito com letra grande.

O que custa mais não é recuperar os bocados partidos do coração e voltar a montá-los. O que custa é perceber que tudo continua na mesma, para toda a gente, dentro do Matrix. Ficar de fora é que é complicado…Fazem favor de saltar cá para dentro, está bem? Obrigado e até breve!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Três Tristes Tias (3)

A Tia número 3
Enfim chegou a vez da rainha das tias. O modelo TP3 é o modelo mais evoluído desta categoria das tias de plástico, verdadeira e genuinamente artificiais. Não é o mais frequente, mas é o topo da carreira. São os generais das tias. O modelo TP2 era o aspirante mas este nível é o dos oficiais generais. São as que mandam nas tropas. António Bernardo, deitado! É a frase que usam quando querem ir para a cama com os seus maridos.

São mulheres que acabaram por amadurecer, estão resignadas à sua condição de tias plásticas e como tal, sabendo que estão no topo da carreira, estão à vontade no seu papel. A expressão como peixe na água, poderia ser substituída por qualquer coisa do género “como tia no seu meio social! obviamente referindo-se a este modelo…

Uma série de características as distinguem. O olhar altivo e distante, que resiste a quase todos os olhares de homens. Vestem-se bem e com mais de gosto que os modelos anteriores por fora, mas é sobretudo por dentro que se nota a diferença. Não hesitam ao escolher La Perla (de certeza que é uma marca registada), quando vão comprar lingerie. Não precisam tanto de mostrar, como em idades e estágios anteriores, gostam mais de sentir. Os maridos são administradores ou directores de topo de empresas em que familiares são accionistas ou se não são foi o Factor C que lá os colocou. Têm dinheiro para gastar, ou como se diz agora, têm disponibilidade financeira suficiente para os seus gastos. Claro que não gostam de pagar. Evitam fazê-lo e, se puderem, deixam a conta para os maridos. Excepção para a conta daquele almoço com o tipo que conheceram no ginásio onde, naturalmente, vão quase todos os dias, não podendo mesmo ser todos os dias. Nesta situações gostam de mostrar quem manda.
No ginásio fazem os maiores disparates que o seu “Personal Trainer” recomenda porque está farto de as aturar e só o faz por causa da massa que recebe. Alguns ainda têm alguma possibilidade com as amigas destas tias, por que elas não são parvas. Mantêm-nos à distância. Nada de misturas. Há que ser discreto. Contudo com estas idas ao ginásio, à esteticista, as plásticas e forma como se arranjam, aliada a alguma bagagem cultural (às vezes é uma surpresa) que têm, podem fazer delas uma companhia ainda interessante. Depende se elas quiserem ou não. Também sabem ser uns blocos de gelo e têm o poder de paralisar garotos com o olhar. Nunca utilizam este poder com os próprios filhos, só com os das outras.

Têm iniciativa e já são capazes de ir a locais onde outras ainda não foram. Deslocam-se com a família e têm filhos adolescentes malcriados, que são muitas vezes inconvenientes e super chatos (esta é uma palavra que nunca usariam), que ainda andam no râguebi. Estes rapazes não praticam esse desporto por gosto. Fazem-nos porque os amigos lá estão, se é que me entendem. Estes rapazes, candidatos a tíus são como as tias no início de carreira. Mas não é deles que estamos a falar e sim delas. Elas não ligam peva aos rapazes porque sabem que o destino deles está definido. Às vezes não corre bem e lá dá para o torto. Paciência. Foi azar.

E na cama? Depende. Como em todos os lados há de tudo, mas a probabilidade da experiência ser bem sucedida é maior do que com os modelos anteriores.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Toque Intimo

Circulava hoje na bonita cidade de Coimbra, naquele caos de trânsito agravado pelo facto de não saber bem para onde queria ir e, menos ainda, qual a melhor maneira de lá chegar, quando de repente, vindo do meio da massa anónima de carros, carrinhas, camiões e quejandos um veículo me chamou a atenção…
Não tinha lá dento um tia, nem um mulher super charmosa, atraente ou com ar de que está perdida e precisa de ajuda. Não faço a mínima ideia até, de quem seria o condutor da viatura que me transportou para outro lugar, ou para aquele lugar noutro tempo ou noutra vida.
De dimensões generosas, grande até, tinha de lado um letreiro também grande que simplesmente dizia “toque íntimo”. Só isso, sem mais com uma morada, um número de telefone e de fax.
Na pressa de imaginar nem vi mais nada. Lembrei-me logo daquelas tias, modelo ainda não analisado, que há tempos apareceram, todas larocas, na televisão, num programas de tias a falar sobre a sexshop que tinham aberto não sei onde. Imaginei logo que a loja era em Coimbra, já que na entrevista tinham dito que para além da venda de artigos e produtos iriam ter uma componente pedagógica muito importante, com diversos “ateliers” e acções de formação diversas sobre temas actuais da sexualidade. O primeiro curso que as tias sexólogas/formadoras (certamente organizadoras da formação) apresentaram era sobre pompoarismo. Talvez que, depois desse primeiro, se tenham seguido outros e a viatura em questão fosse uma espécie de escola móvel, um pouco à semelhança das bibliotecas móveis quando se lia muito pouco.
Eventualmente, o sucesso do curso foi tal que ainda não conseguiram produzir outros módulos…
Talvez nessa nobre arte de difundir conhecimento se tivessem deslocado para Coimbra, para uma formação avançada ou especialização nalguma arte da intimidade… Talvez…Acordo de repente pela buzina do carro atrás do meu que, cheio de ciúmes dos meus sonhos, resolveu buzinar, percebi que não podia ser. Que viagem mais incrível. Mas lá tive que regressar à terra! Seria de uma loja de lingerie? Com um nome daqueles logo saltei na secondlife, para o site mental da lingerie. E que prazer nessa viagem, até que dei conta já tinha passado o meu destino. Como voltar para trás? Se nestas questões é tão difícil, no trânsito da cidade dos ditos estudantes é pior do que imaginam. E se há um mestrado em Manutenção de Campos de Golfe na Universidade do Algarve porque não uma licenciatura nas nobres artes da alcova, com diversas especializações. Poderia até haver uma cadeira de Filosofia na Alcova em que o texto base seria a obra homónima do Marques de Sade (La philosophie dans le boudoir). Talvez que aquela viatura fosse o carro de apoio desse curso…
Não, que maçada, não era…mas como a pintura estava um pouco decadente talvez fosse a viatura utilizada para as feiras. Afinal não há o salão erótico de Lisboa e agora também em Portimão? Como é que se deslocam os expositores para estas feiras? Como os das outras feiras, só que as viaturas devem ser mais originais e bem decoradas. Pois, mas também não podia ser… Mais um semáforo e mais desviava do meu destino, naquela perseguição implacável. Parámos e finalmente descobri…era de um loja de mobiliário. Quem poderia imaginar uma destas?
Que pena! Que nome fantástico que se perdeu e que aplicações que poderia ter. Fiquei a pensar no plano de estudos do curso.
Será que a loja é de mobiliário erótico? Vou ver e um destes dias conto.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Três Tristes Tias (2)

A Tia número 2

Blá-blá, blá-blá, blá-blá, blá-blá, blá-blá, blá-blá como diria uma minha conhecida, Directora de Marketing e incluída nesta categoria. Esta expressão substitui qualquer coisa, frase ou explicação e deve ser usada com a maior frequência possível. Neste caso o blá-blá, blá-blá pretende dizer que não se querem retratar as senhoras nossas tias e amigas nossas das nossas mães. O blá-blá, blá-blá, significava que também não se pretendiam retratar caricaturar as senhoras, que se sabem comportar como tal e o blá-blá, blá-blá, significava que também não se retratam as tias TP1.
Depois desta pequena nota explicativa, vamos ao que interessa. Descrever as tias modelo TP2. Este modelo é o início da carreira de tia e está para a classe como os Aspirantes estão para a classe dos oficiais. Não são verdadeiramente oficiais mas comem nas messes de oficiais, comandam todos os sargentos e estão abaixo de todos os oficiais. É quase como o tatu com a peninha na cauda que era só para disfarçar. Estas aspirantes a tias estão com vinte anos de idade e recentemente casadas ou já comprometidas. Aliás ou recentemente casadas ou já foram prometidas a algum CT (Candidato a tiú), ou com sorte, a algum tiú já consagrado). No olhar ainda não há aquela profunda tristeza da insatisfação que se sente no modelo TP1. No entanto esta fresta de tristeza apenas se nota nas medianamente inteligentes, que as outras nunca darão por isso.
O modelo TP2 vem cheio de energia, em todos os sentidos, manda e é mandona. Na cama são uma desgraça, mas ainda vão tomando algumas iniciativas, pela curiosidade que o sexo lhes desperta e pelo prazer de querer mandar. Não confundir. Não é pelo prazer do sexo e pela curiosidade de mandar, apesar de nunca terem mandado em nada não têm curiosidade, pois sabem que mais tarde ou mais cedo o vão fazer. Ás vezes não sabem esperar e perdem por isso. Aquela question-tag com o verbo vir, aplica-se a elas lindamente. Quem nunca ouviu uma frase do tipo “O menino já se veio, não se veio?”, que levante o dedo (eu disse o dedo...). A pressa que têm em fazer coisas é uma característica deste modelo e conclui-se que esperam contrariadas. Veja-se a maneira como fazem compras ou como usa o telemóvel. Quando demora um pouco a ser atendido a pergunta disparada é “onde táva, kiki?”, como se pela distância ao telefone móvel fosse mais difícil de atender. Às tantas pensam que os prometidos têm o telemóvel guardado numa carteira de senhora. Nunca se sabe o que pensam, se é que pensam alguma coisa. Fazem compras pelo gosto dos outros, não pelo seu prazer ou pelo prazer de agradar, mas sim pela necessidade de se integrarem na classe. São mais voluntariosas e têm mais iniciativa que o modelo anterior, mas são mais cansativas. A insegurança ainda não se manifestou tanto como no modelo anterior, mas há vir, mais tarde ou mais cedo.
Ainda trabalham pois como já concluíram esta minha amiga de profissão Directora de Marketing, se não fosse aspirante a tia, também não era Directora de Marketing. Na realidade é uma aspirante a Directora de Marketing, mas ainda não percebeu e, pior, nunca vai perceber. De repente evolui para a categoria TP1 e já está graduada…