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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Estação do Oriente

Forma e função, dois conceitos que se sobrepõem ou a história de um feliz resfriado que se curou de forma rápida e agradável. Poderia ser este o título de um ensaio sobre qualquer coisa, mas provavelmente não o imaginariam como a história de alguém que foi esperar outra pessoa a uma estação de comboio. Mas é acerca de estações, também de trânsito, de comboios, de passagens, de encontros e desencontros que trata esta história.
Lá fui então para a Estação do Oriente esperar alguém que, partindo de outra cidade, deveria ter chegado à nossa querida capital três horas depois. Não é famoso o historial de pontualidade dos comboios portugueses, mas em todo o caso, mais vale prevenir do que remediar, ou esperar que perder e à hora aprazada lá estava à espera da pessoa e do comboio. Um primeiro susto dado pelos monitores que registavam um atraso de 3/4 de hora. Felizmente não era para o comboio que esperava, mas mesmo assim fui revendo as imagens de muitas estações, esperas e secas que fui dando e recebendo ao longo destes anos de alguma actividade ferroviária....
A técnica de passar tempo numa estação de comboios pode ser desenvolvida e apurada, até se conseguir chegar ao desiderato de parecer que estamos mesmo à espera de alguém, talvez uma namorada, uma prima, tia, mãe ou outro familiar que vinda da província para a cidade tenha perdido o comboio e nos faça esperar pelo próximo. Outra possibilidade é simularmos nós próprios que perdemos o comboio quando pretendíamos fazer essa experiência supostamente terrível, mas super interessante e muitas vezes altamente excitante, de ir de comboio de um lado para o outro. Enfim muitas mais possibilidades se poderiam detalhar mas não é o caso, nem a estação. Esta história é sobre encontros na estação e não sobre encontros no comboio. Ficam para a próxima, podem esperar que estão dentro da composição e não na gare...
A Estação do Oriente até já tem uns pequenos aquários/sala de espera, mas um verdadeiro profissional espera na gare, onde chega o comboio e, sabendo antecipadamente qual a carruagem, posiciona-se no local exacto onde vai chegar a sua querida. Na Estação do Oriente é mais dificil. Não porque não se saiba onde vai ficar a porta de partida para um fim de semana, ou para um noite de romance. Apenas porque alguém sistematicamente deixa a porta da Estação do Oriente aberta. Porta e janela aberta e é uma corrente de ar constante em que o resfriado é uma certeza e o calor da noite vai ter que ser muito para recuperar da situação. Assim foi, mas enquanto esperava assaltou-me a dúvida. Liguei para confirmar se vinha (a dúvida não era sobre a compensação ou não da espera), no comboio com 3/4 de atraso ou no pontual. felizmente era no pontual. Que maravilha. Ficava bem visto e não tinha muito que esperar: Nem a esperada nem o que esperava davam mútua seca.

As Estações não servem só para partir e chegar. Também servem para encontrar! Enquanto não encontrava, fui metendo conversa com uma jovem que estando à espera da prima, tia ou mãe, que viesse da província, também poderia estar na mesma situação que eu. Eventualmente no engate não profissional ou a passar tempo enquanto esperava por outra coisa qualquer. Talvez à espera de um bilhete para sair da rotina...

Foi o que fiz e gostei. Temos de repetir e espero que esteja bastante frio e porta e janela escancaradas para confirmar as receitas caseiras e naturais. Funcionam lindamente!!! Adorei. Experimentem, sff.
Agora estou na província. Um destes dias meto-me num comboio para ver se te encontro outra, outra e outra vez. Sempre e até sempre, metaforicamente falando, claro, porque o percurso é que conta e duas pessoas na mesma carrugem, eventualmente podem não ir para o mesmo destino... Mas de certeza que estão no mesmo percurso, pelo menos durante algum tempo.
É o tempo que alguns querem muito e outros pouco. Quero muito!

1 comentário:

Hmmm! Let's look at the trailer...