A Tia número 1
Esta não é uma história de tias verdadeiras, de sangue, ou amigas das nossas mães e pais que sempre tratámos por tias. Essas tias que delicadamente tratávamos na terceira pessoa do singular, não tinham pejo em tratar-nos por tu, como as nossas mães, se fosse o caso.
Também não é uma história das nossas amigas, que os nossos filhos tratam por tias, porque sempre assim fizeram e porque nãos as podem tratar por tu, como às mães.
É uma história de tias de plástico porque de barro já não se fazem. Demora imeeeenso a fazer e podem-se partir, não sei se pecebe!
Adoro sopas de pacote, bases de pizza pré-compradas e refeições para homens temporariamente sós, mas estas tias de que falo, não gosto tanto de comer e não consigo engolir de forma alguma. Como, mas sem vontade, como um doente a quem obrigam a comer pescada cozida e arroz branco, tudo sem sal. Estas tias de plástico são assim, não têm sal nenhum e pimenta ainda menos. Não picam apesar de morder, o que é uma maçada, mesmo não ficando marca nenhuma. Também não têm dentes. Nem nozes... É tudo virtual, mas no pior sentido.
Apesar destas questões prévias, estas Tias verdadeiramente artificiais são as que mais nos divertem. As maneiras que ostentam e o porte fundamentado nas melhores novelas mexicanas (faladas em brasileiro), está cada vez mais em moda. Já nem as novelas brasileiras têm exemplos tão ridículos, mas nós somos assim. Á frente no que há de pior e atrás no que há de melhor. Neste caso não é a cauda da Europa. É o cu do mundo, e desculpem-me a expressão, minhas fôfas. Como não sabem o que é também não ofende pois não? É como a história deliciosa que há tempos circulava nos mails, e que se retratava uma chefe de finanças que não sabendo o significado da palavra “minete” perguntou a um colaborador que diligentemente lhe explicou que era uma maneira elegante de dizer requerimento. O mail descrevia então as situações hilariantes da chefe de finanças a pedir que lhe fizessem minetes para terem direito a perdões de multas fiscais! Esta poderia ser uma história deste tipo de tias, mas por acaso não é. Foi retirada de um mail e é perfeitamente inverosímil.
Vamos então caracterizar esta tia, o protótipo número 1, ou seja o modelo TP1:
São tias que estão nos seus trinta anos, já passados, mas ainda não chegaram aos trinta e cinco. Early thirties, como diriam os ingleses. São idades complicadas para toda a gente mas para estas tias mais ainda. Os maridos começam a descobrir a sexualidade e elas ainda não… Já têm alguns filhos, três ou quatro, com os nomes que já sabem e se não sabem imaginam. Vestem-se mal, apesar de usarem algumas coisas caras. Peças Lacoste ou Façonnable podem ser usadas. Mais a última do que a primeira. Uma camisa de homem fica sempre bem numa mulher, na opinião delas. Como não são cintadas, melhor. Ainda não se consideram com idade para usar Burberry. Misturam muitas vezes peças caras com coisas compradas na feira de Carcavelos. Aliás, Cacavelos. Mostram às amigas e amigos, do mesmo grupo, as coisas que compraram na feira, indicando por vezes preços muito mais baixos, para mostrar que sabem comprar e ao mesmo tempo fazem com que os outros reparem nas peças de marca. Relógios e jóias são família. A lingerie é do mais mau gosto que se pode imaginar. As mães delas vestiam-se melhor, ou pelo menos de forma mais sensual, na década de 50. Têm vergonha de pedir conselhos nesta matéria…Afinal se não se vê, porque haviam de se preocupar com o assunto? Os maridos à noite também não ligam…Sim porque de dia é pecado e tem muita luz…
Não se pintam nem arranjam, a não ser quando é para sair. Nessa altura usam tons discretos (não podia ser tudo mau, que diabo).
São fiéis aos maridos não porque queiram sê-lo, mas têm medo de ser apanhadas em flagrante. Ainda não descobriram o prazer do sexo, nunca tiveram um orgasmo e acham que fingem bem. Dão uns gritinhos horríveis, em voz baixa para ninguém ouvir.
A leitura mais profunda que fizeram desde que saíram da faculdade, foi a CARAS quando caiu na mala do jeep.
Os filhos tratam-se por você e os maridos e amigos também. Os empregados são os criados. De vez em quando o verniz estala para os filhos lai sai um: “tu apanhas-me nessa cara, óvistes” ? (o plural é propositado)
Fazem férias no estrangeiro, vão à neve mas com o dinheiro contado. Não gastam e não dão gorjas. Afinal se são criados, para que precisam de gorjetas? Até fica mal não é? Só vão a sítios onde outros já foram e não são capazes de ter iniciativa própria na escolha de um destino. Antes de darem a sua opinião perguntam as das outras amigas.
Aí está em linhas gerais o modelo TP1. Já está no mercado, e tem sido um sucesso de vendas. Aos felizes compradores desejamos as maiores felicidades.
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