Hoje decidi colocar alguns dos meus filmes favoritos no perfil e, surpresa das surpresas, cada um deles ficou com uma hiperligação… A que seria? A curiosidade nunca foi o meu forte, mas que diabo não podia deixar de seguir os links! Que caminhos e iria percorrer e a que destinos me iriam levar? Uma hiperligação a outros perfis de bloggers, que tinham os mesmo filmes como favoritos. Encontraria alguém conhecido? Alguém com os mesmos gostos? Da mesma geração? Com as mesmas vivências? Alguma alma gémea, ou várias almas gémeas?
Desconhecia totalmente esta possibilidade mas ideia seduziu-me e resolvi de imediato colocar meia dúzia de filmes nos favoritos. Não foi uma meia dúzia “à sorte”. Foram seis grandes filmes. Antes de actualizar o conteúdo enquanto imaginava como seriam essas almas gémeas, vi-me forçado a uma vigem pelo innerlife (vertente caseira do secondlife) e recordar-me porque escolhi estes filmes. E esse jogo, obriga-me a entrar em várias personagens, de vários jogos, mais excitantes que o dito virtual.
Porque gostamos mais de um determinado filme do que de outro? O conteúdo, o realizador (o realizador era mais determinante que os actores, no momento da escolha de um filme), o argumento, alguma mensagem implícita ou explícita, o cinema em que o vimos, ou a companhia que tivemos para o ver, ou a pessoa com quem partilhamos a informação, terão diferentes graus de importância?
É essa a minha história de hoje… Da personagem cinéfila, o António Bernardo, que passava as tardes no cinema, mesmo que não fosse a namorar, e ao domingo de manhã, contrariamente a toda a gente, levantava-se cedo, para ir às sessões do Cineclube. Recordo Marshall McLuhan e o que dizia a propósito das “mensagens” e dos “media”, qualquer coisa do género “media is message” e “message is massage”. E é assim meus caros, muitas vezes o que dizemos importa muito pouco… Conhecem certamente pessoas viciadas em televisão. O que vêem essas pessoas? Alguém sabe? Alguém se importa? Claro que não. Espero mais tarde poder voltar a esta questão. Agora vamos ao cinema, que é completamente diferente! Excluindo a possibilidade adolescente (dos finais da década de 70 e início dos 80, já que agora não é preciso) de ir ao cinema para namorar, vamos ao cinema porque queremos ver algo, porque estamos predispostos a ver algo e sabemos que estamos a ver um filme, uma construção que foi feita para ser vista.
Adoro cinema e detesto televisão, como limitador de conversas e de ambientes. Desliguem lá isso, faz favor para não chegar tarde ao cinema.
Voltando ao inicio da questão, porque escolhi estes filmes? Escolhi-os pelo que são, pelo que representam e pela impressão que me deixaram. Escolhi este filme do Antonioni, porque foi o primeiro grande filme com apoio digital. Naturalmente que o argumento é soberbo, as cores são impressionantes, tudo é bom… Mas escolhi-o porque tudo aquilo que representou. Como que um renascer do grande mestre… Só por isso tinha que lá estar.
Citizen Kane, não só é um dos melhores filmes do Orson Welles, mas o fantástico simbolismo do final (Rosebud) e a actualidade de Xanadu merecem ser revisitados. Pois não estou a dar novidade nenhuma a ninguém, mas pensem neste assunto e na colecção de brinquedos que Xanadu representa…Vejam como vivemos, please… Vejam as coisas que se compram, se juntam e mostram. Ah meus queridos tíus, quase me esquecia de vós…
É preciso dizer alguma coisa sobre o Blade Runner na era do secondlife e do virtual? Há algumas coisas que são mesmo verdadeiras, mas às vezes os nossos sonhos estão mais perto das ovelhinhas eléctricas do que das verdadeiras…
O Kubrik também tinha de estar, obviamente. Tantos filmes diferentes e gostei de todos. Este talvez tenha sido o mais marcante. Ou seria a “Laranja Mecânica”? Não importa. Importa a simbologia dos monolito (será assim que se escreve com o novo acordo ortográfico?), do HAL 9000, do nascer do sol e a fantástica música de Strauss. O conjunto é um “must” e se alguém ainda não viu não diga a ninguém. Vá a correr a um loja da especialidade e obrigue-se a comprar aquele caixinha com, a obra completa do Kubrik. Mesmo em DVD (o filme deve perder imenso em televisão), mas pelo menos enriquece um pouco a sua cultura cinéfila. Prepare-se para ficar uns dias em casa em frente à TV com o novo ceptro do poder na mão.
A referência a Casablanca não é óbvia. É evidente que ainda não consegui ouvir a frase “Play it again Sam”, mas há coisas que não precisam de ser ditas (ai as mensagens…). Depois também deve ser o mais popular de todos os filmes que indiquei e fica sempre bem. Se faço uma referência à Natalie Wood como podia deixar de fora a Ingrid Bergman? E o Humphrey Bogart? Impossível. Os filmes também são feitos por actores e nessa época ainda mais.
Elia Kazan, tinha de estar. Claro poderia ser com outro filme. Em português: “Há lodo no cais”, “A leste do paraíso”, também poderiam lá estar. “Um eléctrico chamado desejo” eventualmente. “Esplendor na relva” traz-me no entanto recordações sobre um período muito marcado da minha vida. Um período antes de ter renascido. Um pouco como o filme antes referido estava para o seu criador, modéstia à parte, “Esplendor na Relva” marca uma fase da minha vida.
Se um dia colocar nos favoritos o Império dos Sentidos talvez não seja para encontrar companhia para um carrousel louco, depois de já ter percorrido quase toda a obra do Nagisa Oshima. Será também pelo prazer do percurso…. Lembram-se do que referi a propósito do McLuhan ? Obrigado e até breve. Voltarei ao percurso, de certeza.
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