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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Pôncio Cavacus

Há homens que ficaram na história pelos seus actos. O prefeito romano da Judeia, Pôncio Pilatos, juiz que condenou Cristo, foi um destes casos. Feito o julgamento, percebendo alguma injustiça, ou antevendo o futuro, entendeu desresponsabilizar-se, passando o ónus da decisão para o povo, com esse famoso gesto de lavar as mãos que, passados dois mil anos, tantos repetem no seu dia-a-dia.

O nosso Pôncio Cavacus, perdeu a oportunidade de ficar na história, quando podia ter decidido qualquer coisa e não decidiu nada, ou quando decidiu o que achava que o povo queria que ele decidisse. Erro de juízo, pois o povo não queria nada disso, e não preciso de me armar em profeta do povo portucalensis.

Pôncio Cavacus foi eleito pela maioria do povo que votou, numas eleições em que a abstenção foi a maior de sempre. Ainda não refeito da vitória, logo no próprio dia e ao ter a certeza dos resultados, mostrou o que valia, no seu discurso ao povo. Não foi misericordioso com os vencidos, perdeu estima. Na tomada de posse, frente aos tribunos, prometeu o que não podia ter prometido: Que ia exercer influência no governo, que ia mexer na governação, que ia puxar os fios às marionettes… Uma espécie Iznogud ao contrário, o grão-vizir que queria ser califa em vez do califa (e que saudades tenho dessa banda desenhada do Goscinny).

Não contava o nosso Cavacus com a sageza (adoro esta palavra) do Calígula Socratellium, que o enrolou a ele e ao seu protegido, o Tribuno Coellinium, com a estratégia de vítima patriótica, que se demite porque fez tudo por Roma, a bem de Roma e a favor da República Romana…

Cavacus perdeu o seu lugar na história e mostrou a pouca fibra que tem. Mostrou que não é um estadista, mostrou que sabe lavar as mãos como sempre fez, quando promulga diplomas e publica no mesmo dia um edital a dizer que não concorda com o que promulgou. Cavacus, de tanto lavar as mãos é o político das mãos bem lavadas. E certamente que estão limpas, de tanto as lavar...

Ao chamar o povo a votar, voltou a lavar as mãos, em vez de as meter no barro, para moldar um governo de consenso, de gente competente, intelectualmente séria e idónea. De gente com os pés na terra e não com a cabeça enterrada na areia ou cheia dela e o telemóvel cheio de bons contactos. O povo está farto de cabeças no ar, que acreditam que, sem perceberem nada da matéria, com um boa cábula, seja ela de papel ou teleponto, podem fazer um bom teste…

O nosso Cavacus, depois de sujar as mãos no barro, poderia lavá-las, ao apresentar esse governo aos senadores. Sem as sujar, estar continuamente a lavá-las, perde as defesas e a insegurança que denota, mais faz parecer que sofre do Transtorno Obsessivo Compulsivo das Mãos Limpas…

8 comentários:

  1. Talvez tivesse sido tudo diferente se o Cavaco tivesse intervido com pulso e exigido de uns e outros responsabilidades num entendimento. Pensei, sinceramente, que fosse mais Estadista do que se tem mostrado ser... afinal, um fraco, com desordem obsessiva-compulsiva em relação à limpeza das mãos... enfim...
    beijo

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  2. lol Bem vistos...

    Com uma diferença: há cerca de 10 milhões de crucificados...

    Pelo menos vai ficar com as mãos bem limpinhas...

    lol

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  3. Eva,
    Do Cavacus não há nada a esperar...A Maria é que não se lembrou, senão tinha-lhe dito para o fazer. Desordem obsessiva, muito bem. Estou a perder qualidades.
    Bjs

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  4. M.,
    Bem lavadinhas para segurar nos pregos que os outros martelam e não causar infecções aos crucificados!!!!

    Nem na Páscoa do ano 2050 nos livramos desta cruz!

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  5. Estou a ficar muito desanimada... já nem vejo... uma vela ao fundo do túnel e sobre O... nem me atrevo a dizer o nome que me dá uma travadinha... prefiro ir comer uma cavaca das Caldas... o açúcar sempre deve ajudar a minorar a depressão... se não der resultado... vai mesmo uma tablete de chocolate... extra large... ou melhor... uma XXXXXXL

    Bjos

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  6. Isa,
    Compreendo o que tu sentes e concordo com a cavaca das Caldas!
    E que tal um cavaca recheada com chocolate? Temos o festival lá perto!
    Bjs

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  7. Caro amigo:
    Tivemos duplamente azar, juntou-se o Cavaco como PR e o Sócrates como PM, e houve uma crucificação colectiva.
    Acho que nenhuma terapia consegue resolver tanto transtorno :(

    Bjos

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  8. Fê,
    Temos que ir à bruxa! Só dessa forma é que nos livramso destes males!
    Bjs

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Hmmm! Let's look at the trailer...