Tive um professor de Filosofia excelente. Obrigava-nos a pensar, o que era muito bom, apesar de, na altura, já alguém não gostar. Depois dele, calhou-nos na rifa outro completamente diferente. Detestava que pensássemos e a mim chamava-me o sofista da aula, talvez porque era teimoso, punha tudo em causa e usava argumentos. A idade problemática era a desculpa.
Durante anos nunca mais ouvi esta palavra e, com o tempo e as tampas que fui levando (o gerúndio, para ilustrar a origem), fiquei mais político e o diálogo passou a fluir de forma diferente. Talvez na velha questão da forma e do conteúdo, a forma tivesse passado a ter mais importância, passando o conteúdo para segundo plano.
E hoje em rescaldo eleitoral, ao rever o desafio dos verbos que, de algum modo, me obrigou a pensar (pouco!) nestas questões, vejo a ironia de tudo isto e a coincidência do momento.
Deviam ter-lhe chamado Isócrates! Mas talvez tenha sido erro na Conservatória. Às vezes acontece...Toda a gente conhece o nome de Prantelheana (desconheço a grafia)...
Uns têm a fama e outros o proveito, como muitas vezes acontece.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Desafio embrulhado
Não costumo responder a desafios. Mas, muito menos ainda, os ignoro. E fugir também não está no programa das festas, por isso aqui vai:
Eu quero... Ter mais tempo para as coisas boas
Eu tenho ...Demasiado tempo para o trabalho
Eu acho... Que deveria ter mais tempo para o que gosto
Eu odeio... a cunha
Eu sinto saudades ... do Algarve no Inverno, na Primavera, no Outono e no Verão.
Eu escuto... as ondas na minha praia
Eu cheiro... o teu corpo
Eu imploro... Não sou desse clube.
Eu procuro... Estar atento aos outros.
Eu arrependo-me... De não ter tido mais tempo para algumas pessoas.
Eu amo... A vida.
Eu sinto dor... com a dor dos outros.
Eu sinto falta... de….
Eu importo-me... com o que se passa à minha volta
Eu sempre fui... pragmático.
Eu não fico... a chorar sobre o leite derramado
Eu preciso... de calma, de vez em quando
Eu acredito... Às vezes
Eu danço...Sempre que posso e às vezes quando não devia.
Eu canto... Nunca. Mas tenho pena…
Eu conto... Histórias. Umas verdadeiras, outras nem tanto.
Eu choro... Lágrimas de crocodilo?
Eu falho... Às vezes.
Eu luto... Todos os dias.
Eu escrevo... Porque me dá gozo!
Eu ganho...Nem sempre.
Eu perco... Algumas vezes
Eu nunca... Digo nunca.
Eu confundo-me ... Pouco.
Eu estou... num impasse
Eu sou... calmo, mas não abusem.
Eu fico feliz quando... vejo a felicidade nos olhos de alguém.
Eu tenho esperança... de não receber mais desafios destes.
Eu deveria... Estar a jantar
Eu quero... Ter mais tempo para as coisas boas
Eu tenho ...Demasiado tempo para o trabalho
Eu acho... Que deveria ter mais tempo para o que gosto
Eu odeio... a cunha
Eu sinto saudades ... do Algarve no Inverno, na Primavera, no Outono e no Verão.
Eu escuto... as ondas na minha praia
Eu cheiro... o teu corpo
Eu imploro... Não sou desse clube.
Eu procuro... Estar atento aos outros.
Eu arrependo-me... De não ter tido mais tempo para algumas pessoas.
Eu amo... A vida.
Eu sinto dor... com a dor dos outros.
Eu sinto falta... de….
Eu importo-me... com o que se passa à minha volta
Eu sempre fui... pragmático.
Eu não fico... a chorar sobre o leite derramado
Eu preciso... de calma, de vez em quando
Eu acredito... Às vezes
Eu danço...Sempre que posso e às vezes quando não devia.
Eu canto... Nunca. Mas tenho pena…
Eu conto... Histórias. Umas verdadeiras, outras nem tanto.
Eu choro... Lágrimas de crocodilo?
Eu falho... Às vezes.
Eu luto... Todos os dias.
Eu escrevo... Porque me dá gozo!
Eu ganho...Nem sempre.
Eu perco... Algumas vezes
Eu nunca... Digo nunca.
Eu confundo-me ... Pouco.
Eu estou... num impasse
Eu sou... calmo, mas não abusem.
Eu fico feliz quando... vejo a felicidade nos olhos de alguém.
Eu tenho esperança... de não receber mais desafios destes.
Eu deveria... Estar a jantar
sábado, 26 de setembro de 2009
Amanhã outra vez? Tenho que responder já?
Votar? Já pensei que uma pequena e simpática cidade do Norte era a capital do mau gosto em campanhas eleitorais. Depois disso vi que a regionalização do mau gosto chegou a todo o Portugal. Um pouco por todo o lado somos bombardeados com cartazes horríveis, que nem sempre nos tapam a vista das paredes degradadas e das casas abandonadas no centro das cidades...
Há dias vi no Porto um candidato fotografado, pendurado nos postes de electricidade (o cartaz...), de óculos escuros modelo Pinochet. Enfim o que se pode esperar? As obras na Fontes Pereira de Melo para termos tempo de ver novos cartazes do PSL e medir a capacidade e liberdade do PhotoShop? Esperava mais, francamente. Ou menos neste caso. E porque não a Arq. Lívia Tirone num cartaz? Era muito mais agradável o tempo de espera...Mas tenho uma certeza. No meio desta dúvida (estarei a regressar à adolescência?) sobre a noite de hoje: Votava na AmyMacDonald, por três razões:
1.Expressa na perfeição e com muito bom gosto, a minha dúvida de hoje.
2. Traduz o que penso, na generalidade, sobre estes assuntos. Afinal isto é a vida!
3.Tem uns olhos giríssimos.
The last but not the least: Tem um voz de fazer parar qualquer candidato em campanha eleitoral, ou não.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Carta de Guia de Empregados
D. Francisco Manuel de Mello foi a inspiração do D. António Anel de Tédio, para publicar o seu Best Seller, Carta de Guia de Empregados, na rentrée de 2009.
Como se sabe, os empregados são os habitantes de Emp-Reza, um planeta da galáxia Ti-U, a que já me referi várias vezes nestas viagens, e o livro, como o nome indica, é o correspondente ao livro do Homem Xonai (qualquer eventual semelhança com outra eventual publicação é mera coincidência), que em determinadas aldeias do planeta Te-Rra é o oráculo.
Mais do que um conjunto de regras, normas ou conselhos, o livro encerra uma filosofia de vida, de aceitação das leis universais desse planeta e, em particular, da região de Emp-Reza, designada como PME, por ser um sítio onde habitam duas tribos de eunucos, os pequenos e os médios (daí o acrónimo PME, Pequenos e Médios Eunucos).
Não tenho dúvida que, para além da oportunidade da obra, será em breve adoptada nas Esc-Holas de G-Tão de todo o planeta e, em breve vai estar nas estantes de todos os lares. Não para apanhar pó ou encher prateleira, estará para, diariamente, ser retirado e lido em família antes das refeições.
Hoje, decidi retirar duas pequenas citações dessa excelente obra, sem referir a página e a edição, de propósito, para que seja obrigatório ler a obra toda e, saliento e insisto, estas pequenas citações não dispensam a consulta da obra citada. Então, aqui vai:
“O empregado é, pela sua natureza, indolente, parco de inteligência e de iniciativa. A esperteza que mostra é apenas nas viagens fora do planeta. No planeta Emp-Reza, apenas procura a maneira de enganar as autoridades locais, subverter o esquema de funcionamento e as leis de governo, sempre a seu favor.
O seu pensamento está orientado apenas em enganar as entidades patronais, que lhes oferecem o trabalho que eles tanto precisam.
Por isso, devemos sempre referir-nos a eles, pelo seu verdadeiro nome, que eles detestam e abominam: Os “criados”, na Indústria Hoteleira, e “funcionários” para os mais qualificados, ou de outros sectores.”
Outro excerto de extrema acuidade:
“Independentemente do seu lugar da hierarquia de Emp-Reza, devemos ter sempre presente uma verdade inquestionável: Empregados são empregados, que têm como único objectivo fazer o menos possível e cair nas boas graças do Dono. Assim, nunca deve a entidade patronal, ou seja o Dono, mostrar alguma contemplação ou apreço pelo trabalho desenvolvido. Qualquer êxito, ou sucesso deve ser sempre atribuído à conjuntura, ao acaso, às deficiências da concorrência, aos bons contactos do Dono, etc. Nunca, em caso algum, o sucesso deve ser atribuído ao desempenho profissional dos criados. Este não reconhecimento do seu desempenho ou capacidades, enfurece-os de tal forma que, em muitos casos, tem como consequência ainda trabalharem mais e melhor. Se tal não acontecer substitui-se por outro e levam um processo disciplinar como recordação.”
Em breve o Tio irá dar-vos mais pérolas deste “best given”, porque em Emp-Reza ninguém compra nada, tão a ver?
Como se sabe, os empregados são os habitantes de Emp-Reza, um planeta da galáxia Ti-U, a que já me referi várias vezes nestas viagens, e o livro, como o nome indica, é o correspondente ao livro do Homem Xonai (qualquer eventual semelhança com outra eventual publicação é mera coincidência), que em determinadas aldeias do planeta Te-Rra é o oráculo.
Mais do que um conjunto de regras, normas ou conselhos, o livro encerra uma filosofia de vida, de aceitação das leis universais desse planeta e, em particular, da região de Emp-Reza, designada como PME, por ser um sítio onde habitam duas tribos de eunucos, os pequenos e os médios (daí o acrónimo PME, Pequenos e Médios Eunucos).
Não tenho dúvida que, para além da oportunidade da obra, será em breve adoptada nas Esc-Holas de G-Tão de todo o planeta e, em breve vai estar nas estantes de todos os lares. Não para apanhar pó ou encher prateleira, estará para, diariamente, ser retirado e lido em família antes das refeições.
Hoje, decidi retirar duas pequenas citações dessa excelente obra, sem referir a página e a edição, de propósito, para que seja obrigatório ler a obra toda e, saliento e insisto, estas pequenas citações não dispensam a consulta da obra citada. Então, aqui vai:
“O empregado é, pela sua natureza, indolente, parco de inteligência e de iniciativa. A esperteza que mostra é apenas nas viagens fora do planeta. No planeta Emp-Reza, apenas procura a maneira de enganar as autoridades locais, subverter o esquema de funcionamento e as leis de governo, sempre a seu favor.
O seu pensamento está orientado apenas em enganar as entidades patronais, que lhes oferecem o trabalho que eles tanto precisam.
Por isso, devemos sempre referir-nos a eles, pelo seu verdadeiro nome, que eles detestam e abominam: Os “criados”, na Indústria Hoteleira, e “funcionários” para os mais qualificados, ou de outros sectores.”
Outro excerto de extrema acuidade:
“Independentemente do seu lugar da hierarquia de Emp-Reza, devemos ter sempre presente uma verdade inquestionável: Empregados são empregados, que têm como único objectivo fazer o menos possível e cair nas boas graças do Dono. Assim, nunca deve a entidade patronal, ou seja o Dono, mostrar alguma contemplação ou apreço pelo trabalho desenvolvido. Qualquer êxito, ou sucesso deve ser sempre atribuído à conjuntura, ao acaso, às deficiências da concorrência, aos bons contactos do Dono, etc. Nunca, em caso algum, o sucesso deve ser atribuído ao desempenho profissional dos criados. Este não reconhecimento do seu desempenho ou capacidades, enfurece-os de tal forma que, em muitos casos, tem como consequência ainda trabalharem mais e melhor. Se tal não acontecer substitui-se por outro e levam um processo disciplinar como recordação.”
Em breve o Tio irá dar-vos mais pérolas deste “best given”, porque em Emp-Reza ninguém compra nada, tão a ver?
domingo, 20 de setembro de 2009
Depressão
Depois dos cartazes nos autocarros (de certeza que a intenção é provocar acidentes) a alertar para o problema da ejaculação precoce, chegou a vez da depressão, nos mupis. Prevê-se que venha a ser a doença a atingir mais pessoas em dois mil e qualquer coisa. Refiro-me à Gripe D e não à ejaculação precoce que, a avaliar, pelos cartazes só atinge os homens vestidos de violeta e roxo. Há quem diga que há pior do que isso. Felizmente estou numa idade em que ainda me parece remota a possibilidade de haver pior, mas já longe dos anos em que, eventualmente, vivemos com esse receio… By the way, haverá alguma coisa semelhante à EP nas mulheres? Só tenho ouvido falar do problema inverso...
Vivemos, cada vez mais sobre pressão, na maior parte das vezes causada sem nenhuma necessidade, apenas por um conjunto de situações que não controlamos e com que muita gente não sabe lidar. A pressão social nos estudantes do liceu, a insegurança das pessoas, o exacerbado egocentrismo nalgumas chefias, conjugado com o medo de perder poder e estatuto, ou uma vontade de o ter seja a que preço, contribuem para que, deste muito cedo, se viva sobre pressão, por via directa ou indirecta.
A falta de auto-estima, os egos supervitaminados, a falta de referências, o desequilíbrio entre o pretender agradar aos outros e gostar de si, a integração em grupos na adolescência e depois dela, a mudança constante de padrões, motivada por tendências cuja origem não pretendo analisar, todas essas pressões, aliadas a uma falta de esperança generalizada, levam a que, cada vez mais pessoas se sintam deprimidas.
Comecei este post a pensar que iria fazer um trocadilho com a palavra pressão e depressão mas, quando leio que uma miúda de dezasseis anos se atirou para debaixo de um comboio por que se zangou com o namorado (ou vice-versa), já não me apetece brincar.
Também não me apetece mais ler o Correio da Manhã, enquanto espero pelo café, de pé, num balcão. Como é possível chegar a estas situações? Como é possível que as ignoremos? Como é possível, não estarmos um pouco mais atentos aos outros? Como é possível que um miúdo repare no telemóvel novo de uma colega, e não veja a colega? Como é possível que um pai ofereça um i-pod a um filho e não o ouça, sem phones? Ou ofereça um portátil, cuja principal e quase exclusiva função é ver filmes e jogar, e não lhe dê um abraço, não o olhe nos olhos e não o veja?
Como podemos olhar sem ver? Como podemos testemunhar e não gritar? Como podemos não fazer parar estes comboios que trucidam, com a calma das nossas palavras, o calor do nosso coração e a força dos nossos braços?
Vivemos, cada vez mais sobre pressão, na maior parte das vezes causada sem nenhuma necessidade, apenas por um conjunto de situações que não controlamos e com que muita gente não sabe lidar. A pressão social nos estudantes do liceu, a insegurança das pessoas, o exacerbado egocentrismo nalgumas chefias, conjugado com o medo de perder poder e estatuto, ou uma vontade de o ter seja a que preço, contribuem para que, deste muito cedo, se viva sobre pressão, por via directa ou indirecta.
A falta de auto-estima, os egos supervitaminados, a falta de referências, o desequilíbrio entre o pretender agradar aos outros e gostar de si, a integração em grupos na adolescência e depois dela, a mudança constante de padrões, motivada por tendências cuja origem não pretendo analisar, todas essas pressões, aliadas a uma falta de esperança generalizada, levam a que, cada vez mais pessoas se sintam deprimidas.
Comecei este post a pensar que iria fazer um trocadilho com a palavra pressão e depressão mas, quando leio que uma miúda de dezasseis anos se atirou para debaixo de um comboio por que se zangou com o namorado (ou vice-versa), já não me apetece brincar.
Também não me apetece mais ler o Correio da Manhã, enquanto espero pelo café, de pé, num balcão. Como é possível chegar a estas situações? Como é possível que as ignoremos? Como é possível, não estarmos um pouco mais atentos aos outros? Como é possível que um miúdo repare no telemóvel novo de uma colega, e não veja a colega? Como é possível que um pai ofereça um i-pod a um filho e não o ouça, sem phones? Ou ofereça um portátil, cuja principal e quase exclusiva função é ver filmes e jogar, e não lhe dê um abraço, não o olhe nos olhos e não o veja?
Como podemos olhar sem ver? Como podemos testemunhar e não gritar? Como podemos não fazer parar estes comboios que trucidam, com a calma das nossas palavras, o calor do nosso coração e a força dos nossos braços?
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Gripe da Antilla
Avinha-te, abifa-te abafa-te. Receita caseira para resfriados e gripes. Ainda funciona, como pude comprovar. Cheguei à Antilla a espirrar e com a certeza que a conjugação de 2 horas e meia de Alfa Pendular a 20º e um dia num escritório a 18, mais o arzinho condicionado do restaurante ao almoço, entremeado com 34º no caminho de ida e regresso para o dito cujo, me deixam de rastos. Por isso nem me atrevi a ligar o ar condicionado do bólide, apesar do calor que fazia, mesmo ao fim do dia.
Só o ar quente daquela simpática terra me faria bem, mas o Tinto de Verano, a acompanhar a pimentada de chocos, um gelado da Los Angeles (tão bom como os da Gelvi, ou melhor), seguido de umas Cubas Libres a anteceder o último passo da receita, e aí está o Tio, como novo, quase a estrear.
Acordei muito cedo e antes do pequeno-almoço (uma cava?) lá me consegui arrancar do vale de lençóis e abraçar as salsas ondas. O mar este ano esteve tão bom como na minha terra. Assim vale a pena. Gripe?
Só o ar quente daquela simpática terra me faria bem, mas o Tinto de Verano, a acompanhar a pimentada de chocos, um gelado da Los Angeles (tão bom como os da Gelvi, ou melhor), seguido de umas Cubas Libres a anteceder o último passo da receita, e aí está o Tio, como novo, quase a estrear.
Acordei muito cedo e antes do pequeno-almoço (uma cava?) lá me consegui arrancar do vale de lençóis e abraçar as salsas ondas. O mar este ano esteve tão bom como na minha terra. Assim vale a pena. Gripe?
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Português?
As coisas mais complicadas e mais estranhas começam com pequenas coisas, às vezes perguntas inocentes despoletam verdadeiros cataclismos de explicações, sem sentido. Outras vezes acontecimentos absolutamente inesperados.
Desconheço em absoluto aquela teoria do caos e dos fractais, ou do acaso, mas começo a acreditar que o equilíbrio de construções muito estáveis depende de pequenos factores, muitas vezes aleatórios. Não será o bater de asas da borboleta que provoca o maremoto, mas para lá caminhamos.
E assim, depois de duas fantásticas noites das antillas, penso como se terão conjugado esses factores cuja probabilidade de ocorrência em simultâneo era ínfima.
Caminhava pelo passeio junto ao mar quando também vi uma cabine telefónica de moedas. Já não me recordava de ver alguém utilizar um desses “orelhões”. Teria ficado sem bateria no telemóvel, e está à espera de alguém, pensei. De certeza. E que palerma, para fazer esperar um mulherão daqueles, corpo bronzeado num vestido branco, não demasiadamente curto. Tentava encontrar trocos num porta-moedas minúsculo. Uma moeda caiu ao chão, rolou na minha direcção e acordou-me do sonho onde já estava. Apanhei-a. Contrariamente aos anúncios de televisão, não se tinha abaixado, nem sequer tentado. Percebeu que não valeria a pena. Não tive pressa de fazer o meu olhar chegar ao nível dos seus olhos escuros, enquanto me levantava.
Descobri incidentalmente porquê. Finalmente ficou provado cientificamente (como se precisássemos dessa prova), que o cérebro dos homens fica parado na presença de mulheres atraentes. Tentei não ser indelicado mas não pude evitar essa paragem. Um programa qualquer de tomografia axial deve fazer o mesmo percurso, para criar uma imagem virtual.
Quando dei por mim a entregar-lhe a moeda, agradeceu-me e com um sorriso simpático e franco perguntou-me, como quem adivinha: Português?
Desconheço em absoluto aquela teoria do caos e dos fractais, ou do acaso, mas começo a acreditar que o equilíbrio de construções muito estáveis depende de pequenos factores, muitas vezes aleatórios. Não será o bater de asas da borboleta que provoca o maremoto, mas para lá caminhamos.
E assim, depois de duas fantásticas noites das antillas, penso como se terão conjugado esses factores cuja probabilidade de ocorrência em simultâneo era ínfima.
Caminhava pelo passeio junto ao mar quando também vi uma cabine telefónica de moedas. Já não me recordava de ver alguém utilizar um desses “orelhões”. Teria ficado sem bateria no telemóvel, e está à espera de alguém, pensei. De certeza. E que palerma, para fazer esperar um mulherão daqueles, corpo bronzeado num vestido branco, não demasiadamente curto. Tentava encontrar trocos num porta-moedas minúsculo. Uma moeda caiu ao chão, rolou na minha direcção e acordou-me do sonho onde já estava. Apanhei-a. Contrariamente aos anúncios de televisão, não se tinha abaixado, nem sequer tentado. Percebeu que não valeria a pena. Não tive pressa de fazer o meu olhar chegar ao nível dos seus olhos escuros, enquanto me levantava.
Descobri incidentalmente porquê. Finalmente ficou provado cientificamente (como se precisássemos dessa prova), que o cérebro dos homens fica parado na presença de mulheres atraentes. Tentei não ser indelicado mas não pude evitar essa paragem. Um programa qualquer de tomografia axial deve fazer o mesmo percurso, para criar uma imagem virtual.
Quando dei por mim a entregar-lhe a moeda, agradeceu-me e com um sorriso simpático e franco perguntou-me, como quem adivinha: Português?
Resistência ou resiliência?
Hoje vou cansá-lo, vou parti-lo todo... Ouvi, muito perto de mim, mas não percebi se era uma ameaça, uma promessa ou um desejo. Sentia sua respiração. Olhe que não é fácil, respondi, com uma gargalhada, a brincar, mas pensando seriamente que não ía ser fácil o resto da noite...
Gosto destes desafios, e esta frontalidade, nem sempre vulgar na mulher, acaba por me dar algum gozo, ou pelo menos muita “pica”, como dizem lá para o Sul.
Como previa, o tamanho nem sempre quer dizer muito (os saltos também ajudavam a dar uma imagem diferente da realidade) e aquele 1,78 não era todo real, mas adivinhava-se uma noite animada.
Fomos avançando neste assunto até que senti a minha companheira a fraquejar. Mais um Chá-Chá-Chá e dois Sambas e estava de rastos... Sentia-a tão quente que achei que podia entrar em combustão espontânea.
Então, vamos a mais uma? Perguntei, com uma pontinha de malícia. Não consigo, desculpe. Vejo que está em forma, mas eu não...Muito treino e muito trabalho, respondi.
Gosto destes desafios, e esta frontalidade, nem sempre vulgar na mulher, acaba por me dar algum gozo, ou pelo menos muita “pica”, como dizem lá para o Sul.
Como previa, o tamanho nem sempre quer dizer muito (os saltos também ajudavam a dar uma imagem diferente da realidade) e aquele 1,78 não era todo real, mas adivinhava-se uma noite animada.
Fomos avançando neste assunto até que senti a minha companheira a fraquejar. Mais um Chá-Chá-Chá e dois Sambas e estava de rastos... Sentia-a tão quente que achei que podia entrar em combustão espontânea.
Então, vamos a mais uma? Perguntei, com uma pontinha de malícia. Não consigo, desculpe. Vejo que está em forma, mas eu não...Muito treino e muito trabalho, respondi.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Fim de Férias, confronto com a realidade?
O dia começou da pior forma, na perfeita continuação do anterior, que se tinha salvo apenas por uma simpática (e gira) colega de viagem que me acordou ao chegar ao Porto. Caso contrário acho que iria acordar em Braga (se é que limpam as carruagens no fim da viagem). Aquela leve pancada no ombro, que me acordou no momento certo, para um sorriso fantástico. Será que também havia um pouco de pena? É provavel, mas soube muito bem, qualquer que fosse o motivo. E aquele frase: “Acho que já o tenho visto sair aqui...” ficou a ressoar, horas e horas depois...
Enfim, assim acabou o Verão, com uma bruta alergia que me levou a exagerar na dose de anti-histamínicos e a dormir nas altas profundezas do inconsciente durante essa primeira viagem pós-férias no meu trajecto habitual e, pelos vistos, não completamente anónimo...
E hoje, depois da péssima notícia que me acordou, de um café que me deixou aos saltos (não confundir com saltos altos), a notícia que nunca ninguém espera, mas todos sabemos que chega. Leste o Público? E o JN? Também não? Que maneira estranha de me dizer que um grande amigo meu tinha morrido, pensei, ainda sem acreditar. Deve ser engano.
Mas não. Infelizmente, não. Depois do funeral, igual a tantos outros, pensei, mais uma vez, na injustiça destas situações e achei que a vida se ri de nós, como nos rimos dela... Custou-me ter descoberto que não sou imortal, e também me custa ver que não sou o único nessa condição. Estranhamente, não me custou perceber alguma hipocrisia em muitas conversas de circunstância. Talvez ainda atordoado pelos anti-histamínicos, custou-me acreditar no que já tinha percebido. Cada vez que um destes acidentes estúpidos acontece, começo a acreditar que também poderiam ter sido connosco, o que dantes era impensável. E é esta a grande diferença...
E acabaram as férias e a silly season ;(
A única notícia boa deste fim de estação foi o regresso de alguém que nunca esteve longe...Ainda bem e não volte a fazer isso, sff, que ainda me dá um ataque, com ou sem os anti-histamínicos.
Enfim, assim acabou o Verão, com uma bruta alergia que me levou a exagerar na dose de anti-histamínicos e a dormir nas altas profundezas do inconsciente durante essa primeira viagem pós-férias no meu trajecto habitual e, pelos vistos, não completamente anónimo...
E hoje, depois da péssima notícia que me acordou, de um café que me deixou aos saltos (não confundir com saltos altos), a notícia que nunca ninguém espera, mas todos sabemos que chega. Leste o Público? E o JN? Também não? Que maneira estranha de me dizer que um grande amigo meu tinha morrido, pensei, ainda sem acreditar. Deve ser engano.
Mas não. Infelizmente, não. Depois do funeral, igual a tantos outros, pensei, mais uma vez, na injustiça destas situações e achei que a vida se ri de nós, como nos rimos dela... Custou-me ter descoberto que não sou imortal, e também me custa ver que não sou o único nessa condição. Estranhamente, não me custou perceber alguma hipocrisia em muitas conversas de circunstância. Talvez ainda atordoado pelos anti-histamínicos, custou-me acreditar no que já tinha percebido. Cada vez que um destes acidentes estúpidos acontece, começo a acreditar que também poderiam ter sido connosco, o que dantes era impensável. E é esta a grande diferença...
E acabaram as férias e a silly season ;(
A única notícia boa deste fim de estação foi o regresso de alguém que nunca esteve longe...Ainda bem e não volte a fazer isso, sff, que ainda me dá um ataque, com ou sem os anti-histamínicos.
domingo, 6 de setembro de 2009
O rosto e as máscaras
Não, não vou falar de Fernando Pessoa, menos ainda do Álvaro de Campos, o meu heterónimo preferido. Vou falar do António Bernardo, que hoje, pela primeira vez usou uma máscara, com um propósito aparentemente diferente do habitual.
As máscaras que no Carnaval muita gente usa, usam-se no dia-a-dia para encarnarmos outros personagens que não nós mesmos. Às vezes temos uma máscara de nós mesmos, mas só no nível mais elevado da transfiguração social.
Hoje o pretexto da máscara foi a famigerada Gripe A. Sim gripe A de António e toda a gente de mascarilha, como se se preparasse para brincar aos médicos e enfermeiras. Claro que, pelo sim pelo não, ainda tenho a minha no bolso, nunca se sabe o que a noite nos pode trazer, e é bom estar prevenido.
Lá andámos todos fantasiados, como na vida real, a fugir desse vírus que, não sendo tão perigoso como os seus outros primos, tem o poder de nos por de máscara, nesta altura tão conveniente...
A experiência foi gira, toda a gente de máscara igual (uma ideia para próximas festas temáticas). Um pouco de calor, com esta máscara no local de trabalho, mas chega-se ao fim e pode sempre dizer-se, ou ouvir-se: Tiramisú! Ou será: Toma-a tu?
As máscaras que no Carnaval muita gente usa, usam-se no dia-a-dia para encarnarmos outros personagens que não nós mesmos. Às vezes temos uma máscara de nós mesmos, mas só no nível mais elevado da transfiguração social.
Hoje o pretexto da máscara foi a famigerada Gripe A. Sim gripe A de António e toda a gente de mascarilha, como se se preparasse para brincar aos médicos e enfermeiras. Claro que, pelo sim pelo não, ainda tenho a minha no bolso, nunca se sabe o que a noite nos pode trazer, e é bom estar prevenido.
Lá andámos todos fantasiados, como na vida real, a fugir desse vírus que, não sendo tão perigoso como os seus outros primos, tem o poder de nos por de máscara, nesta altura tão conveniente...
A experiência foi gira, toda a gente de máscara igual (uma ideia para próximas festas temáticas). Um pouco de calor, com esta máscara no local de trabalho, mas chega-se ao fim e pode sempre dizer-se, ou ouvir-se: Tiramisú! Ou será: Toma-a tu?
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