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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Gestão e propriedade. Da saliva à expectoração, a evolução do conceito.

Desde os tempos da revolução industrial que há uma clara separação entre propriedade e gestão, procurando os detentores do capital, nessa altura, quadros especializados que orientavam e dirigiam as empresas que eles tinham construído, muitas vezes a pulso, outras a chicote, outras por simples herança ou casamento...

E estas personagens, muito mais recentemente designadas pelo termo genérico de gestores, foram orientando as empresas em épocas de diferentes graus de abundância e de alguma recessão.

O crack da bolsa de Nova York marcou o fim dos anos vinte, e o início de um período conhecido como grande depressão que terminaria, alguns anos mais tarde, com a II Guerra Mundial. A comparação é livre mas, se nessa altura os sinais dessa crise já se sentiam, também agora não era preciso ter uma bola de cristal para ver que essa explosão florescente e exponencial não poderia durar muito. Os tempos mudam e enquanto em 1929 alguns gestores davam tiros na cabeça, quiçá ainda inebriados pelas loucuras dos anos anteriores, em 2008 depois das empresas falirem os gestores vão de férias para resorts de luxo, de bolsos cheios de dinheiro ganho, muitas vezes com os artifícios dessa tenda de milagres que se chama bolsa de valores. No caso pensemos na NYSE e deixemos a NASDAQ, demasiado Hi-Tec, para o gosto do Tio.

E que curioso foi o anúncio da associação NYSE com Euronext, em 2006, e que inúmeras vantagens nos trouxe esse mercado pan-atlântico...Nem sei como pudemos viver sem essa associação e mesmo sem a Euronext, mas enfim já é outra história.

E assim estes nossos personagens, exceptuando a variante pública que está ciclicamente bem ou muito bem, foram passando de semi-deuses a diabos que enganaram os accionistas. E porque nem todos os accionistas eram anjinhos de asinhas bancas, alguns desses gestores foram criando nas empresas mecanismos que dificultassem o controlo, e publicando outputs que sabiamente davam um ilusão de prosperidade completamente irreal. Como eram parentes daquele falso profeta da Língua de Mel, quando precisavam de umas massas, lá cantavam umas canções de embalar ao povo que se “desunhava” para arranjar uns cobres para investir. Seja dono da empresa...Que falácia! Se os desgraçados não tivessem os cabedais necessários ao desenvolvimento dessa empresa convertida em cruzada, então a própria instituição emprestava as massas a juros convenientes. As garantias pedidas variavam conforme o QI (ainda não descobri se é de Insulto ou de Inocência este Quociente).

Com que rapidez se passou da produção, da criação de valor para o imediatismo dos resultados...Quantos futuros se comprometeram por decisões de muito curto prazo? Quanto se vendeu ao desbarato por não ter valor e passados meses ou mesmo dias, num passe de mágica, se transformaram esses pesos mortos em bons activos, noutras mãos, sujas, de óleo não de qualquer vulgar máquina, mas sim de tanto olear estas engrenagens podres das máquinas públicas ou privadas mas, em qualquer dos casos, impúdicas e despudoradas?

E os normais operários da gestão, que sacrificam as suas vidas pessoais, envolvendo-se de tal forma que mais parecem os proprietários pré revolução industrial, e que conseguem fazer os “turn arounds”, devolver as empresas aos lucros, apesar das dificuldades criadas pelos accionistas?

Lá vai o tempo em que foram endeusados, pagos a peso de ouro, bem recompensados e premiados. Também já passou o tempo em que eram julgados com objectividade e assertivamente remunerados.

Mais recentemente, e há bem pouco tempo, esses gestores que levavam as empresas a portos seguros (não confundir com Porto Alegre), tinham como recompensa uma medalha de cuspo. Hoje, nem isso. De Operários da Gestão passaram a Escravos da Gestão e escarram-lhes na cara todos dias, sempre que podem, porque em cada esquina há um amigo, com um elevado QI, onde o I também significa INCOMPETÊNCIA, para colocar. Esses sim, são os bons. São os Gestores da Treta nesta operetta da Gestão, que rima e é verdade. É uma opéra comique, com enredo e final trágico.

E não me falem em primeiro de Maio, que ainda bato em alguém...

2 comentários:

  1. Caro Tio

    Está cheinho de sorte, pessoalmente, não "pesco" nada, nadinha de acções, gestões, "aldrabões" (para rimar e não só), "figurões", "patrões", .....
    Gerir, gerir só as minhas finanças e por vezes muito mal....
    Como tenho algumas células cinzentas, li o seu post com a atenção com que sempre o faço, e senti que foi aquele, dos que li até agora, onde colocou menos ironia, excepto no título.
    Congratulo-o pelo poder de síntese com que viajou desde o século XVIII, até à actualidade e assim conseguir transmitir o conceito base enunciada no título ( eu não sou capaz de sintetizar tanto, fico com inveja......)
    Declaro, solenemente que estou ao seu lado com um chicote na mão, para bater em alguém que fale no............ não digo que posso ser agredida (ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!....)
    MT

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  2. Maria Teresa,
    Right on the spot!
    Eu sabia...;)
    Bom Fim de semana!

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Hmmm! Let's look at the trailer...