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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Apocalipse em versão Tiológica



Sempre que ouço estas notícias sobre aluz ao fundo do túnel, ou o fim da austeridade ou, melhor ainda, os nossos sacrifícios chegaram ao fim, penso no apocalipse. No apocalipse, não como as revelações feitas por Cristo a S. João Evangelista e cuja leitura recomendo no Livro do Apocalipse, mas como um grande desastre, o fim do mundo tal como o conhecemos, há alguns anos a esta parte

Em realidade, o fim não é uma coisa que se determine num momento exacto, sobretudo no que respeita a relações – e ralações também. É-nos muito fácil identificar o início de uma relação, ligando-o a qualquer coisa agradável, tipo, aquele fim-de-semana, aquela tanda ou, mais preciso ainda, aquele tango, ou um determinado jantar, saída ou até aquela noite em casa... Já o fim é muito mais difícil de identificar. Melhor dito, o princípio do fim.

Adorava ter mais tempo para sistematizar este tipo de análises, mas é impossível e não quero ser maçador. Assim, concentremo-nos nas revelações apoteóticas sobre o fim desta era de muitos sacrifícios e poucas reformas. Não está em causa dizer se estamos melhores ou piores, se temos os cofres cheios e os bolsos vazios. Está em causa sintetizar, de forma que traduza de forma eficiente e de fácil e imediata compreensão o conceito. Julgo que encontrei a palavra perfeita para descrever o período que vivemos, em que tudo se desmorona e nós continuamos a viver, todos os dias entre ruínas de passados efémeros e de sonhos de muitos que alguns decidiram derrubar. O que vivemos nesta altura, neste mundo sujo onde, apesar de tudo, subsiste uma réstia de esperança é o APORCALIPSE!

domingo, 5 de abril de 2015

Lisboa, by Fernando Pessoa



Ah como incerta na noite quente,
De uma longínqua tasca vizinha
Certa ária antiga, subitamente,
Me faz saudades do que as não tinha.

A ária é antiga? É-o a guitarra.
Da ária mesma não sei, não sei.
Sinto a dor-sangue, não vejo a garra.
Não choro, e sinto que já chorei.

Qual o passado que me tiraram?
Nem meu nem de outro, é só passado:
Todas as coisas que já morreram
A mim e a todos, no mundo andado.

É o tempo, o tempo que leva a vida
Que chora e choro na ária triste.
É a mágoa, a queixa mal-definida
De quando existe, só porque existe.



Tive o gosto de dizer este poema no último dia mundial da poesia. E soube-me tão bem!
 


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Pequena nota a propósito da ortografia e da minha Pátria



Quando escrevi o manifesto do Podemos e Phodemos, recordei o Livro do Desassossego…

E aqui fica esta grande verdade do enorme Fernando Pessoa, pela voz do Bernardo Marques:

Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Depois deste texto magistral não é preciso acrescentar nada, ou será?

Nota: Este extracto da “A minha Pátria é a Língua Portuguesa” foi retirado daqui:.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Podemos e Phodemos



Na Portugalândia não há responsável de partido político que não se quisesse colar ao Transpiras, depois da vitória em terras Helénicas. A Helláda mostrou que afinal não é tão gelada como parecia, e a vitória do amigo Transpiras ainda aqueceu mais a coisa. Agora, está a arrefecer um bocadinho mas, na altura, não houve bicho careto que não  se quisesse colar ao rapaz.

Mesmo aqui ao lado, na terra do Júlio, outro Iglésias também está a dar nas vistas com o Podemos. Se ganhar, não tenho dúvidas que a rapaziada do costume se vai colar ao movimento.

Pois a minha sugestão é criar também um movimento na Portugalândia. Mas que nome? Nada mais fácil. Sou um acérrimo anti-acordês, que não liga às críticas bacocas dos vendidos que acham que: “ai não usas o acordo, o melhor é escrever como antes da reforma de 1911”. Enfim, nem comento, mas deu-me a ideia para o nome do movimento: Phodemos! O h não se lê, mas podemos sempre lê-lo, se nos apetecer, sempre que quisermos! E querer é Poder, como todos sabemos…

Melhor, melhor é juntar as duas grafias: Se Querer é Poder, por que razão Querer, não há-de ser, também, Phoder? Nem sempre Phodemos quando queremos, mas se Podemos, porque não Phodemos?

Enfim, depois desta pequena introdução sobre a temática do Poder e do Phoder, fica mais clara a razão do nome do movimento, já que se pretende que seja inclusivo, não discriminatório: Podemos e Phodemos!