E-pistola segundo S. António, o Galhofeiro
Andava pelas terras de Emp-Reza uma mulher de nome Marçala,
conhecida por nada saber, e por muito falar, invocando sempre o nome dos
pregadores, como se com eles tivesse convivido e os conhecesse bem.
A sua fama já a precedia e antes de chegar, um grupo de
fiéis seguidoras fazia anunciar a sua vinda, com algumas horas de antecedência,
bem como também a chamavam, frequentes vezes, antes de terminada a sua
pregação. As suas partidas eram mais imprevisíveis que as chegadas, sendo os
seus desígnios aparentemente insondáveis.
Um dia Marçala chegou a uma nova terra, de nome OH-Ásis,
abundante de recursos, mas ainda em grande parte inexplorados e de valor
desconhecido. Ficava numa região quase deserta e muito pobre, mas os seus
habitantes viviam ociosa e despreocupadamente, sem se preocuparem com a miséria
que os rodeava, pois que iam tendo o suficiente para o seu dia-a-a-dia
espartano.
A vinda de Marçala, como sempre, tinha sido anunciada e há
muito tempo que se dizia naquela terra que haveria um dia de chegar um pregador
que iria levantar e levar longe o nome de OH-Ásis, tornando-a num verdadeiro
exemplo para todas as terras de Emp-Reza.
Como sempre, Marçala chegou já depois das colheitas, com os
celeiros cheios e as mesas postas. Comeu e bebeu, fartamente, com os lavradores
e quando se preparava para lhes dirigir a palavra reparou num homem sentado ao
fundo da sala, fumando tranquilamente, de olhar absorto.
Quando falava da vida do profeta António e do que com ele
tinha privado e dos muitos feitos com ele realizados, o homem levantou-se,
calmamente, tirou o seu capuz, apagou o cigarro e disse com voz forte: Quem és
tu Mulher e de quem falas, com tanta certeza? Sabes que esse profeta, de quem
falas como se o conhecesses, está aqui, nesta sala?
Continuando, levantou os braços e disse numa linguagem que
só mais tarde foi devidamente compreendida: Quando falares de alguém
certifica-te, antes, que obtiveste a sua autorização e que falas do mesmo
assunto, com a mesma intenção. O teu conhecimento não é verdadeiro e nunca mais
falarás cá em Emp-Reza ou em Verdade…
Dito isto sentou-se e fez-se então o silêncio absoluto.
Marçala não queria aceitar a palavra do profeta, que se tinha revelado para
ela, pois que todos os outros sabiam que o conhecimento das escrituras era do
profeta e não de Marçala.
O profeta nada mais disse, mas a cerveja congelou nos
barris, o vinho azedou nas pipas e o pão ficou tão duro que ninguém o conseguiu
comer. O frio era tal que poucos ficaram naquele bar.
Marçala retirou-se então, coberta de vergonha, mas o profeta
continuou calmamente sentado, enquanto à sua volta tudo voltou ao normal e o bar
voltou a alegrar-se e a aquecer com as vozes dos convivas.
Marçala nunca mais falou e nada se perdeu com isso, mas
sempre que alguém lhe perguntava, referia-se ao seu encontro com o profeta e
dizia que mais do que falar, importava ser e conhecer.
OH-Ásis progrediu e tornou-se a mais rica e fecunda
localidade da região, não sendo precisa a intervenção do profeta que passou a
ser recordado, anualmente, numa assembleia realizada depois das colheitas, sem
que o tivesse alguma vez pedido ou desejado.
E assim nasceu o culto do profeta, naquelas terras, que
antes eram da Verdade, mas ficaram ainda mais puras, desde essa altura e até ao
presente.
Palavra da Internette.
Se é palavra de Internette eu confio no Tio.
ResponderEliminarPodes confiar Vera...
EliminarHá gajos que me conseguem tirar do sério, com as suas peneiras mais levantadas que as golas dos polos......
ResponderEliminarAinda te hei-de perguntar o que é que bebes ou fumas para te inspirares a escrever textos como este! :))
O dilema do uso ou não uso do hífen no novo AO, entre outros dilemas, faz-me pensar que eu nunca mais saberei escrever a minha língua em condições!
De vez em quando leio uns artigos sobre o assunto, tiro umas dúvidas, fico com outras... mas regra geral lá vou seguindo as "sugestões" que o corrector automático me vai fazendo. Mas confesso que às vezes mando-o pastar e escrevo como me apetece... hehehe
Beijinhos voluntariosos
(^^)
É vida que me vai dando estes presentes...
EliminarMarçala? E pensava eu que inventava nomes estranhos...
ResponderEliminarHá nomes ainda mais estranhos...
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