Estas chuvadas na Madeira e as imagens das Ribeiras do
Funchal, em conjunto com as do desfile carnavalesco, recordam-me um conto do
Trindade Coelho, dos “Meus Amores” que me impressionou bastante,
na altura.
Trata-se da história de dois irmãos que vão descer o rio num
barco, contra a vontade da mãe. Desde o início da história que se prevê o
desfecho, mas a descrição é tão rica que nos prende até à última linha. Seguem
uma miragem, uma esperança vã, até que o barco – o barquinho branco do fidalgo
- entra num remoinho e desaparece com eles. Nessa mesma hora, a estrela, feiticeira
também desaparece…
Ora nada mais adequado que esta história para ilustrar o que
se passa em Portugal. Os dois manos não se chamam Manuel e António, mas Pedro e
Paulo. O barquinho branco do fidalgo é o nosso Portugal, agora cinzento como a
nossa esperança. A estrela, a miragem dos empréstimos e do regresso aos
mercados. Pedir, pedir, até ao infinito e mais além! Na margem um pouco seguro
Tó-Zé grita: Não remem, que se afundam mais depressa! Não remem…
Enfim, falta um culpado: O RIO. O Rio é o culpado! Quem o
mandou estar lá?
Na outra margem, sente-se o cheiro a Cohibas. Sentado numa
poltrona, um poltrão, ri-se pouco discretamente, enquanto reserva mesa no Maxim´s
para o jantar. Pobres saloios, pensa. Tão influenciáveis…
Nota: Para quem não se lembra do conto, aqui está pequeno resumo.
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