Pensamos muito nos outros e nesta altura do ano ainda mais. Formulamos votos a pensar nos outros, no seu bem estar felicidade, etc.. Mas este ano penso em mim. Imagino como seria se tivesse uma Internet diferente, com velocidade normal, para carregar imagens, fazer posts, quando me apetecesse. Imagino como seria carregar num link e instantes depois abrir o site, carregar o blog, etc...
Por que a vida no campo, neste país de auto-estradas da informação de ligações banda larga assimétricas e simétricas, de Migalhães (sim, Migalhães) distribuídos a miúdos que não sabem ler, tem tantas assimetrias? Não preciso de 10 Gb, Bastavam-me 2 Gb, ou no mínimo os 512 K anunciados por esse fantástico operador de comunicações, com lucros milionários...
Penso como seria bom poder desejar a todos que me lêem e me dão o prazer de fazer comentários, aos que apenas me visitam, a toda a comunidade, um Ano Novo, que vai ser difícil, cheio de felicidades.
Só hoje o posso fazer, com recurso a uma pen, num sítio estratégico, perto duma oliveira, já sem azeitonas. Ironia do destino, um pouco como o nosso país: Com música boa, mas sem nada para colher... Enfim, com estas limitações e as minhas desculpas pela ausência, vai um grande abraço e os tais votos:
Que a sensualidade não nos falte e que não percamos, nunca, o prazer das coisas simples. Que as vossas prendas não sejam de enrolar (a não ser a que se fumem).
Que os dias das coisas boas sejam grandes como no verão e o das coisas menos boas sejam pequenos...
Que a lua cheia não deixar de brilhar em noites bonitas, junto ao mar ou no campo, mas que as séries de vampiros se vão extinguindo como o quarto minguante.
Que não nos faltem os sonhos, a delicadeza e a solidariedade.
Que a Maria Bolacha continue a existir e o chá vermelho continue a ser servido em bules de ferro fundido ou porcelana.
Que o chocolate nunca falte nas nossas despensas, nem o espumante nos nossos frigoríficos. E que ninguém bom, seja dispensado do seu trabalho.
Que a amizade seja indispensável e a paixão avassaladora.
Que não falte a alegria das Milongas e a paixão do Tango. Que o ritmo do Quick Step inunde as nossas vidas e elegância da Valsa Inglesa nunca nos abandone.
Beijos e Abraços do vosso Tio do Algarve.
PS: Que aquele clube dos leões ganhe um campeonato, nos próximos vinte anos...
domingo, 30 de dezembro de 2012
sábado, 29 de dezembro de 2012
O clítoris na garganta
Há bem pouco tempo, numa semana que aparentemente iria ser
igual a tantas outras, precisamente numa Segunda-feira de manhã, fui forçado a
abrir o Explorer. Fui brindado, como tantos utilizadores do Explorer e do
Google, com um doodle, alusivo à comemoração do nascimento da mulher que ficou
conhecida como a primeira programadora, Ada Lovelace.
Ada Lovelace, filha de Lord Byron, de acordo com o link que
segui, foi a primeira a compreender a máquina analítica de Charles Babbage e a
escrever um programa que poderia ser utilizado por essa máquina. O nome
Lovelace, que despertou a minha atenção, fez-me no entanto recordar outras
máquinas, outros projectos e outras formas de utilização do instrumento…
É evidente que estou a falar do original de Garganta Funda,
filme mítico que, mais do que uma geração, marcou toda a indústria do cinema
porno. Foi o filme pornográfico que gerou mais receitas e em que provavelmente
os actores e a equipa técnica foram mais mal pagos… Haveria ainda a considerar
uma vertente pedagógica, muito importante nestas questões, mas de difícil
quantificação…
A história, é simples. A protagonista insatisfeita com a sua
vida sexual e frustrada por não conseguir atingir o orgasmo, a conselho de uma
amiga decide consultar um médico que, depois de alguma investigação lhe revela
que tinha o clítoris na garganta… Daí o desenvolvimento da acção. O filme é de
1972, suponho que tenha chegado a Portugal no pós revolução de Abril, como
muitos outros desse cariz, mas sem o impacto deste.
Recentemente foi recordado este marco, com o Inside DeepThroat, um documentário, quiçá um making of, que ainda não tive oportunidade de
ver.
Muito mais tarde, a actriz que acabou por ficar com o nome
da sua primeira personagem, revelou ter sido uma vítima do seu marido que a
teria forçado a essa carreira. Libertada desse jugo, dedicou a sua vida a
denunciar práticas dessa indústria tão peculiar, defendendo as actrizes
envolvidas. Morreu há alguns anos, mas a sua marca, quer da primeira fase da
sua vida, quer da segunda, ficou. Está a ser rodado um filme sobre esta mulher,
usada e abusada pela indústria pornográfica, que se prevê venha a público em
Maio de 2013…
Ora, e este ora tem tudo a ver com oralidade, os nossos
políticos, doutores de especialidades duvidosas, que tanto gostam de discursar
para as câmaras, agarrando o microfone com tanta sofreguidão, repetindo-se
tantas vezes quantas se contradizem, como que discursando não em círculos, mas
em ovais que se afastam e aproximam do centro em ritmos tão enérgicos quanto
cadenciados, não terão também algum prazer, menos publicamente confessável,
neste constante discursar televisivo? Haverá afinal uma verdadeira base
científica na estranha anatomia de Linda Lovelace, que se revela nos nossos políticos discursantes? Não sei, mas não tenho dúvida
nenhuma que a actividade política está cada vez mais pornográfica …
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Tratamento VIP no quarto à chegada
Está aí a chegar o Réveillon. Ano Novo e para alguns, novos
projectos, novos desafios, novos sonhos. Para outros nem tanto. Até lá, ainda
temos pelo meio uns dias de festa e todos os hotéis se apressam a enviar os
seus programas…
À medida que essa variedade de ofertas vai entrando pelo email,
uma dúvida se adensa no meu espírito: O tratamento VIP no quarto à chegada. O
que pretenderão dizer com estas palavras mágicas que despertam o lado mais
lascivo e extravagante deste típico português?
Tratamento VIP no quarto à chegada. Há o tratamento, em si, mas
também a questão do quarto e da chegada. Se é assim uma coisa tão boa, não
seria melhor dá-la à saída, para ficar uma boa recordação no cliente? Não seria
mais agradável um Tratamento VIP no quarto à saída? Preferem correr o risco de
fazer o tratamento à chegada, e essa boa impressão se desvanecer com a estada?
Ou não confiam na qualidade da oferta?
Das consultas que fiz sobre o tema, cheguei à conclusão que
o tratamento VIP, na maior parte dos casos, consiste na colocação de umas
frutas no quarto. Ora, com a polémica gerada pelas frutas que um conhecido
Presidente de Clube de Futebol enviava para os árbitros, mais se adensa o
mistério … Serão essas frutas do mesmo género?
Resolvi insistir, saber mais sobre as frutas. Seriam
tropicais, perguntei a medo, mas com a esperança que a resposta fosse um
sugestivo sim… Não. São frutas da época, responderam-me rapidamente. A decepção
foi contudo amenizada por uma réstia de esperança: Se quiser frutas tropicais é
um extra do Hotel, o hotel tem Room Service, mas aí já vão descascadas e
preparadas… Visualizei de imediato o quarto com as frutas tropicais descascadas
a aguardar pacientemente. Confirmei a reserva, o extra, o late check-in (não
fossem as frutas ficarem secas de tanto esperar) e sexta-feira estou em marcha
para esse Éden da hortofloricultura hoteleira.
À chegada pedem-me o Cartão de Cidadão, o BI, telefone
(outra vez?) etc. Pergunto pelo tratamento VIP, enquanto me pergunto a mim
próprio a razão de repetir todos estes dados, até que finalmente me dão o Key
pass e a chave do quarto. Aleluia! Vou descobrir finalmente esse tratamento VIP
no quarto.
Ansioso por chegar ao quarto, atiro-me para o elevador,
quase chocando com outros hóspedes com cara de quem lhes tinha corrido mal o
jantar. Finalmente, abro a porta, coloco o cartão no economizador, as luzes
acendem-se e vejo, em cima da mesa, as frutas.
Numa cesta velha e demodé uma maçã farinhenta, de certeza, aguardava
pacientemente que alguém a comesse. Ao lado, num prato, lascado, envolto em
plástico aguardava, placidamente, uma manga cortada em fatias finas. Uma
garrafa de água de 0,33, também de plástico, acompanhada por um copo do mesmo
material, vigiava as perigosas frutas.
Aí estava o Tratamento VIP no quarto à chegada…E também a
razão porque o fazem à chegada e não à partida! Sugiro que mudem o nome deste
serviço urgentemente. Ou será esta uma maneira pouco discreta de nos dizer que
VIPs, só de nome?
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Delícias Tailandesas
As tailandesas são famosas pelas suas habilidades…O seu fino
jeito para trabalhar em objectos deve-se, provavelmente, à precisão delicadas
das suas mãos… As suas capacidades e vastos conhecimentos da matéria a que se
dedicam, não deixam ninguém indiferente, sobretudo (digo eu) a nós homens,
bichos mais sensíveis a esta delicadeza.
Há tempos tive a prova concreta destas capacidades. Do doce
rendilhado simples, até à flor mais sofisticada, não faltou nada… Um jardim
encantado e perfumado. Aquelas formas redondinhas deixaram-me extasiado.
Mas, e custa-me mesmo dizê-lo, fiquei com água na boca, no
final.
Deveria ter ficado satisfeito? Não resisti a tirar uma
fotografia do resultado.
O que vos parece?
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
O bodo aos pobres
Quando a oferta é grande, o pobre desconfia, diz o povo e
tem razão…Há algum tempo foi anunciado com toda a pompa e circunstância (foi
pena ter faltado uma marcha do John de Sousa) um grande incentivo ao pedido de factura.
Uma medida inédita e revolucionária, que permitiria aos portugueses poupar
muito no seu IRS!
Evidente como Tio, e do Algarve, nunca acreditei nessas
patacoadas que os nossos governantes vão debitando em conferências de imprensa
espalhadas por toda a Europa. Não acreditei nos benefícios da medida,
entenda-se, porque na existência da medida e na boa-fé dos meninos que a anunciaram
tive dúvidas. Duvidei de estar acordado, ou num pesadelo!
Ora bem, então foi anunciado que os portugueses poderiam, a
parir de 2013, deduzir no seu IRS, parte das suas despesas de caracter particular.
Depois percebeu-se que era apenas o IVA pago nas suas compras! É caso para se
dizer: Eia! Eia! Eia! Eia!
Evidentemente que houve que regozijasse com esta medida. Uns
por acreditarem em tudo que ouvem, sem fazer contas. Outros acreditaram fazendo
contas. Foram os licenciados em Matemáticas Aplicadas à Política, com equivalências!
São os que acertam nas perguntas tipo última campanha de uma conhecida marca de
automóveis: Quantos cavalos tem o P. de 75 cavalos? Aqui os cavalos e as cavalgaduras
são outras!
Que me dizem a gastar 83.333 euros no ano? Ou será melhor 21.739?
Sim, é muito melhor gastar 83.333 euros! É este o valor necessário de compras em
restaurantes, para deduzir o máximo de 250 euros, dos 5% de que pode deduzir de
IVA pago, nos ditos restaurantes, agora empresas em pré-falência. Isto se o IVA
baixar para 6% na restauração, antes das empresas do sector irem todas à
falência (como os clientes). Se mantiverem o IVA da restauração nos actuais 23%
então bastará consumirmos 21.739 euros, que é uma perspectiva muito mais
agradável e animadora!
Falta dizer que, de acordo com a actual Estrutura de Consumo
das Famílias Portuguesas, um consumo de Hotéis e Restaurantes de 83.333 euros por
ano corresponde a um rendimento de 555.556 euros. Para um consumo de 21.739
euros, o rendimento que deveríamos ter seria de apenas 144.928
euros…Muito melhor!
Esta oferta de podermos descontar 5% do
IVA suportado é um verdadeiro bónus para os cidadãos! É um bodo! É vê-los a
fazer fila para pedir factura depois de consumir uns opíparos e bem regados
almoços e jantares! E ainda se queixam? Ingratos! Nem merecem as cantinas
sociais! Pfff pobretanas!
Não pecebem nem merecem nada! Mas o menino é bom pa eles.
Olhe quiducho é melhor deixar o IVA nos 23%! Assim, pecisam de gastar menos pa
ter os memos benefícios, né? Tadinhos! Pobezinhos…
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Liofilizado e Layoffilizado
A liofilização consiste na desidratação das substâncias,
sendo a água retirada por sublimação, no vácuo. Deste modo evita-se a evaporação
e a consequente perca de matéria que se pretende conservar. Este processo
usa-se quando se pretende conservar as substâncias por mais tempo ou reduzir-lhe
o peso, para o transporte, por exemplo.
O lay-off é uma medida que permite salvar algumas empresas,
reduzindo-lhe o peso da massa salarial, um custo fixo típico. Também há
sublimação, não a passagem do estado sólido ao gasoso, mas a sublimação-redenção
dos males, por uma simples confissão. Custa um bocadinho e depois passa…Também
há vácuo, o vazio de ideias alternativas, quiçá para evitar perder alguma parte
de massa cinzenta, com receio de a desgastar pelo uso…
Hoje, envolvido nesse processo, havendo alternativas mais
saudáveis e proveitosas à conservação e até ao desenvolvimento da substância
base do planeta Marte, senti que somos todos pó e em cinza nos vamos transformar…Mas
nem todos os pós são iguais. Há uns pós que são de arroz, outros de madeira,
vulgo serradura, outros limalha, de aço duro e, finalmente, outros pela falta
de textura e consistência devem ser uns pós de merda. Não confundir com uma
merda de pós! Mas no fundo, todos seremos cinza dentro em breve…
E como dizem os meus amigos do outro lado do Guadiana e do Minho:
Hoy estoy cenizo…Será por antever o que nos espera?
Encho um copo de água e coloco-lhe dentro um caramelo de Coca
Cola e outro de Bacardi. Pode ser que passe e consiga passar mais um dia, seja
em Cuba ou em Marte. Ao som de uma salsa ou de outra coisa qualquer. Ajuda a
esquecer e o tempo passa mais depressa. Será mesma coisa? Não sei, amanhã digo.
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