Por sugestão de uma
leitora, decidi fazer uma pequena experiência, inocente, é certo mas de desfecho imprevisto.
A sugestão veio mesmo a propósito, pois permitia-me aumentar de forma considerável as probabilidades de encontrar a vizinha companheira de uma viagem anterior, com origem desconhecida.
Como habitualmente não uso esse meio de transporte tão íntimo em horas de ponta, pensei que o risco de um encontro indesejado, tipo marido com cara de poucos amigos e sacos do lixo, ou dona de casa com rolos na cabeça e chinelos (esta imagem persegue-me desde miúdo), ou teenager que leva os sacos do lixo da semana toda, para ter autorização para sair à noite (já não se usa, mas enfim...), era mínimo…
E pronto, lá chegou o transporte e comecei a viagem a carregar nos botões todos, por ordem descendente, do 13 até ao zero…
Quando acabei já o elevador ia no 12, pára, arranca, pára, arranca e eis que no piso nove se abre a porta... Pela brusquidão vi logo que não ia ter sorte. O perfil era o do marido intelectual urbano, já acomodado há alguns anos, fato de treino, ténis (sapatilhas, pronto…), eventualmente já preparado e devidamente equipado para um micro jogging matinal. Felizmente não trazia o saco do lixo.
Tentei pôr-me em frente aos botões, mas não dava, tive que o deixar entrar. Vai para carregar no botão mágico e dá-se conta que as luzes estavam todas acesas…Apeteceu-me rir, tal a cara de surpresa. Miúdos, disse eu, como quem justifica. Devem ser os do 12, disse ele, com voz de quem já sofreu alguma brincadeira semelhante (eu não fui, juro). Estão sempre na brincadeira!
Pelo caminho fiquei a saber que estava com pressa e percebi que seria um professor de educação física, mas nem quis perguntar não fosse dar-se o caso de pensar como é que miúdos, em tempo de escola, saem de casa às 10 da manhã! Seria o marido da dona do cocker?
De resto não se passou mais nada de interessante. Acabei por sari no Rés-do-Chão e apanhar outro elevador até à garagem.
Está visto que esta pesquisa ter que continuar, mas noutro horário!