Estava difícil voltar a casa, depois de uns dias de ausência, a experimentar outros cozinhados. Estava hoje mesmo a pensar nesta questão dos cozinhados, quando na Comercial, no programa da manhã se falava dos gastro-sexuais. Dizia-se até que a moda, depois dos metrosexuais era ser gastrosexual. E explicavam: são os homens que cozinham, com o objectivo de seduzir e de conquistar. E adiantam mais: São homens que cozinham em ocasiões especiais, com o único objectivo do romance. Oram vejam só, que agora já deu em moda! Não que isso me dê alguma alegria, saber que há outros do mesmo género, mas quem escolheu o nome de gastro-sexual deve gostar de cozinhar ovos cozidos ou Nestum com mel para as suas namoradas. A propósito, tenho recordações bem agradáveis de fins-de-semana sem sair de casa a comer Nestum (com mel, claro), com umas gemadas dentro para ficar com mais substância e cor. Enfim, vida de estudante...
O nome é feio e incorrecto, mas o conceito está certo. Gastro remete-nos para doença do aparelho digestivo ou, no mínimo uma sugestão de comer por comer, ou empanturrar, o que não é, de todo o caso. Não poderemos nós, sem ser por pura afirmação de masculinidade, mas apenas pelo prazer da sedução fazer uns pratinhos sofisticados para as nossas queridas mulheres? Dêem-me um pretexto, nem precisam de insistir muito, e aí estou eu de livro de receitas na mão e copo de vinho na outra a esmerar-me. Não sei porque, mas a preparação, todo o cerimonial associado à cozinha deixa-nos muito mais preparados para a sobremesa...
Este artigo da Máxima veio mesmo a propósito, pois ainda esta semana ofereci o “Carnet de la Cambuse”. Com aguarelas do Pratt e receitas de Michel Pierre, este livro fantástico leva-nos para um futuro (ou já presente para quem puder) de estilo vida tipo Corto Maltese. Quem não o desejaria? A ideia de o oferecer foi uma sugestão, uma promessa, uma garantia de mar e aventura, com forte sabor a risco. Haverá aventura sem risco? Não será que vamos desenvolvendo o nosso gosto pela experiência de diferentes sabores, alguns nem sempre agradáveis? Será por isso que vamos deixar de provar os nossos cozinhados? Claro que não.
A vida faz-se de muito mais do que certezas. A cozinha, é como um laboratório da vida real, e eu não gosto muito de ensaiar experiências. Gosto de experimentar.
E agora vou levantar ferro, que a maré está aí...
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Hmmm! Let's look at the trailer...