Tenho ouvido frequentemente os maiores disparates
gramaticais ditos em público e bastas vezes repetidos. Julgo até sentir, nos seus autores, um
certo orgulho na insistência no erro…
Suponho que arrastados por uma modernidade
com toque de acordo ortográfico, aliada a um falso respeito pelo género
feminino, juntos têm levado muita gente ao todas. Todas não é o nome de um bar,
nem está errado e até é agradável. A frase ”todas as mulheres que me lêem são
inteligentes, para além de giras”. Está correcta, e é verdadeira, certamente. A
reserva do certamente deve-se apenas ao facto de não ter o prazer de conhecer
todas as minhas leitoras…
Vá lá meninos também gosto muito
de vos ler e fico muito feliz por ver que também gostam do meu cantinho. Aliás
todos os meus leitores são pessoas inteligentes….
O disparate começa com o uso de
todas e todos na mesma frase. Muito bom dia para todas e todos, por exemplo.
Ou, na versão mais soft: As presentes e os presentes. Mais soft porque pode
entender-se que as presentes vão receber um presente, cada uma, claro. Ainda
não chegámos ao desvario da “presidenta”, ou da “estudanta”, mas andamos perto
quando dizemos as alunas e os alunos que se queiram inscrever para exame…
Não sei porquê mas sinto haver uma correlação entre as
pessoas que usam este tipo de linguagem, pretensamente inclusiva, e os
adoptantes da inominável interrupção voluntária do português correcto, também
conhecido pela sigla IVPC, ou aborto ortográfico. O valor do p level é capaz de ser elevado nesta
relação, mas acredito que será estatisticamente significativa.
Como sempre, tento ser pedagógico,
pelo que deixo algumas sugestões aos apoiantes desta abordagem. Sei que são
muito criativos e criativas (sim, felizmente as Mulheres, não caem tanto nesta
pseudo atitude inclusiva), aqui vão algumas, para vosso deleite. Usem-nas, se assim
o desejarem.
Fêveras e Febras: Em vez de
febras ao almoço, peçam febros, ou de forma mais sofisticada, podem usar os Fêveros.
Se quiserem ser mesmo preciosistas (mariquinhas, à séria) peçam febros de porco
e febras de vaca ou, na versão elitista, Fêveros de Porco e Fêveras de Vaca.
Os membros e as membras. Usado em
associações, clubes de futebol (exclusivamente) ou noutros locais onde haja
vínculos associativos: Caras membras e membros, por exemplo. Também pode ser
usado num contexto mais intimista, erótico, divertido (sim o sexo também pode
ser divertido e provocar gargalhadas). Fiz uma função aleatória para escolher qual
dos géneros escolheria primeiro, se o membro ou a membra. Saiu o membro: Hirto
e duro, o meu membro deseja ardentemente a tua membra, húmida e sequiosa.
Enfim, meus caros, há nesta
questão um sem número de utilizações e de utilidades que podem passar despercebidas
numa abordagem ligeira. E temos que ir bem ao fundo, um pouco como Portugal,
mas não tanto como a Grécia, para ficar a conhecer bem as possibilidades quase
ilimitadas da nossa ortografia, depois de aberta a caixa de Pandora da Interrupção
Voluntária do Português Correcto, decretada pelo parlamento no último reinado
de Socretinius, o Primeiro. Ou será primeira, uma vez que foi a terceira figura
do estado? Bem ele nomeou a segunda e foi um grande figurão, por isso o género
é o masculino, certamente.
Post Scriptum: Ao reler, muito rapidamente,
este texto antes de o submeter à vossa muito estimada apreciação, reparo que
usei a palavra pseudo quase duas vezes. Queria apenas deixar bem claro que é
uma mera coincidência, e não uma referência à minha estimada amiga que usa esse
nome para se identificar.
ResponderEliminarConheces-me a mim... logo o perfil das tuas leitoras segue o meu modelo!!
(cof cof... já só preciso de água benta)
:))))
Claro que ao ler "Hirto e duro" arranquei uma gargalhada das minhas... e confesso que o meu primeiro pensamento foi logo para o professor Alexandrino quando tentava (nos programas do Herman) hipnotizar as suas "vítimas" colocando-lhes o corpo «firme e hirto como uma barra de ferro» (ou então não)!
(ok, confesso que não foi bem o PRIMEIRO pensamento... mas isso agora também não interessa nada!)
Mas também agora ao reler me lembro que os verdadeiros culpados desta tendência pertencem à classe política do nosso país quando começaram a introduzir nos seus enfadonhos discursos a frase... «Portuguesas e portugueses».
Beijinhos (espero) sem erros gramaticais
(^^)
Olá Afrodite! Tarde, mas cheguei. Claro que sim, que os primeiros culpados são os políticos pseudo inclusivos....E acho que não precisas de água benta, tu és benta ;-)
EliminarBeijinhos e beijinhas!
Adorei as beijinhas :D
Eliminar:-)
Eliminar