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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O síndroma de Cinderella na gestão




O síndroma de Cinderella é mais uma das patologias que afecta os new-gestores, a que também já chamei ingestores. Ingestores porque fazem absolutamente o contrário de gerir, mas também pela sua grande pela sua capacidade de engolir. Engolem o que for preciso para manter o tachinho ou determinados privilégios, ou até mesmo para aparecerem naquela fotografia da Trombas ou da Luminária. Como consolação sabem que vão fazer pior aos outros do que fizeram a eles…

Pois este síndroma de Cinderella que se manifesta, sobretudo, em ingestores de idades compreendidas entre os 30 e os 45, apesar de já se terem verificado vários casos em faixas etárias mais desenvolvidas, tem vindo a mostrar-se de uma perigosidade média. Não sendo demasiado contagioso, deixa algumas marcas preocupantes no que respeita à expectativa de vida normal. É também conhecido pelo nome comum de Gata Borralheira.

É conhecida de todos a história da Cinderella, uma menina que vivia escravizada pelas suas irmãs feias e apenas preocupadas com a vida social, Facebook, Instagram, Pinterest, guest lists, private parties, etc, deixando os trabalhos domésticos para irmã, qual patinho feio. E isto tudo com a cobertura da madrasta, megera com idênticos hábitos sociais das filhas.

Um dia apareceu um mágico que transformou a nossa querida Cinderella numa princesa, mas até à meia-noite, hora em que o agradável feitiço terminou. A Cinderella ou Gata Borralheira, saiu do Baile a correr deixando para trás um sapato de vidro. O príncipe, com o seu fetiche por sapatos, percorreu o reino a mandar tirar os sapatos às meninas até que finalmente chegou à Cinderella, a única a quem o sapatinho serviu no pé. A borralheira transformou-se então em gata e passou a enrolar-se com príncipe todos os dias, durante muitos anos. E foram muito felizes.

Na gestão este sintoma é detectável, não quando vemos alguém tirar o sapato numa cerimónia pública, mas sim quando se vê alguém à espera de um milagre. Com ar sonhador, faz exactamente o que lhe mandam, mas fica a aguardar o milagre da mudança. Uma fada mágica vai aparecer, normalmente na pele de um sócio pouco participativo na gestão, ou de uma agência de head hunting ou recrutamento, e vai transformar a vida destes ingestores bonzinhos, que nunca se lembraram de atirar as cinzas da lareira para cima das manas feias e más nem de dar uns comprimidos para a diarreia à madrasta. Menos ainda se lembraram de sair de casa e de se fazerem à vida, como os primos…

Este síndroma também se manifesta numa fase “pós fada madrinha e baile de sonho”, em que tiveram conhecimento de outras realidades, mas foram prontamente para casa e agora estão pacientemente a aguardar que o príncipe venha testar o pézinho. São tão bonzinhos que aguardam pacientemente o milagre. Se algum Tio, mesmo o do Algarve se cruza no seu caminho e sugere que saiam de casa, eles ficam pacientemente à espera da oportunidade que nunca virá. Provavelmente vão viver mais tempo que as manas que ocuparam sucessivamente o lugar da madrasta e, depois destas, vão ser ainda mais mázinhas do que as manas e a velha megera foram para ela. Racionalizam assim suas as frustrações, criando noutra qualquer terceira pessoa o mesmo síndroma. É um percurso circular…

Uma característica comum a todos os indivíduos com esta patologia, é a submissão e a aceitação. Aceitam as várias situações, e são submissos, não fazendo o mínimo para sair delas. A vitimização é também constante, mas não falam muito no assunto, esperam que os descubram.

7 comentários:

  1. Querido Tio, nada melhor que recriar a cinderela para abordar um sindroma que nos tem atormentado nos últimos tempos, não só no nosso maravilhoso cantinho à beira mar plantado, mas também por esse envelhecido continente europeu, para não dizer à escala mundial. Muito mais perigoso que outros sindromas conhecidos, o dos fundos europeus, o das taxas de desemprego, o das troika, o dos Espíritos pouco Santos, enfim, um mar de doenças em que estamos inseridos.
    A perigosidade do Sindroma da Cinderella ultrapassa o de outras patologias devido à sua contaminação, neste caso provocada pelo usa de luvas e de constantes lavagens de dinheiro e das mãos...conclusão, se nos precavemos morremos à mingua, se vamos na onda morremos atolados, se ficamos neutros comem-nos vivos, pelo que estamos aqui perante um grave conflito de sobrevivência. Como tal, sinto-me um gestor de conflitos e um verdadeiro chefe, mas não é daqueles que para serem chefes lhes chega dizer Mer## e fazerem algumas cagadas! ...é que a vida não está fácil e eu não sou dos que se vitimizam.
    Abraço da sobrinha Maria

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    1. Ó Maria, nem calculas como gosto de te ouvir/ler quando não vais com as outras!

      Isso é que é falar! Essa tal Sindroma da Ciderella que o nosso rico Tio dos All Garves tanto critica, e atinge os tipos na faixa etária entre os 30 e 45, já não me afecta, porque passei do prazo de validade.
      Se também não te interessar, vai ao piso de baixo e diz lá se concordas com a minha sugestão do 'Havemos de ir a Viana'...

      O Tio desde que apareceste com conceitos tão cheios de conhecimento, nunca mais nos vem responder. Ando intrigada! Será porque tu não te vitimizas e estás por dentro do sistema?.
      Imagina se um dia te dá na cabeça e chegas aqui com os teus belos sonetos?
      Responder com versos é coisa que não lhe assiste, penso eu de que!

      Fica aqui lançado o repto!

      Um beijo da sobrinha e amiga, para o Tio e para a Maria.

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    2. Janita, o Tio anda muito ocupado a escrever cartas de e para a prisão. Sabes que o All Garve fica perto do centro do mundo que se transferiu ali para os All in Tagus e quando há uma possibilidade de serem apresentados vários recursos nos próximos dias, o nosso Tio dÉvora tudo, vais ver como ele se vai apresentar com novidades fresquinhas e salgadas...
      O Havemos de ir é...havemos! por agora vou amanhã ao palácio da ADSE na Antero de Quental, aquilo é que o Tio devia ver...um luxo de palácio, tem umas condições superiores às do Yetman.
      Quanto ao sistema diria que eu sou o sistema em si, logo estou dentro e fora do mesmo, ossos do ofício obrigaram-me a ser muito sistematizado não só em horários, como em procedimentos, em instruções de trabalho e outras coisas tais como indicadores e taxas, tudo para cumprir importante missão, valores e objectivos...tás a ver a ISO, a Joint Comission e o Kings Fund...verdadeira poesia Janita!

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    3. É precisamente como dizes...Se usam luvas é o que se sabe, se não usam passam a vida com Pilatos, ou Cavacus...Se tiveres paciência lê: http://empresaportuguesa.blogspot.pt/2011/04/poncio-cavacus.html
      ;-)

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    4. Janita e Maria,
      Queria ter respondido antes, mas deveres de representação levaram-me a passar o fim de semana em festas e jantares...Vida dura. Eu também estou dentro e fora do sistema, compreendo bem o que dizem..Gostei do All in Tagus ;-) Tenho andado muito por lá, como qualquer All garvio que se preze. A ideia de Viana é fantástica!

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  2. Uma excelente comparação, parece que este síndrome infelizmente não tem cura.

    beijinho e bom fim de semana


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