domingo, 23 de setembro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
O Teatro Anatómico
Afinal parece que a sociedade, enquanto ser pensante, pouco organizado
mas com vontade própria, não morreu.
Contrariamente ao que
parecia há dias, mostra sinais de vida, mas precisamos de mais tempo para ver
se não são contracções involuntárias provocadas pelo rigor mortis… Estas
manifestações, de pessoas que até há bem pouco tempo preferiam ficar no sofá,
na casa de fim-se-semana ou aproveitar um dia de greve para um fim-de-semana
romântico em Paris, serão sinais de vitalidade ou tremores de fim de vida? O
tempo o dirá, mas parece certo que os New-Frankenpedras que se deleitavam em experências
post-portem, gozando, como qualquer caloiro de medicina, com as partes dos
cadáveres em estudo, vão ficar a pensar duas vezes…
Ao tentar impressionar as caloiras com a sua coragem -
atendendo à cultura googliana dos nossos estudiosos de anatomia, talvez devesse
usar a palavra alcáçova (e aqui fica uma private joke para os meus colegas,
desculpem): Coragem, Google, Força, Google, Fortaleza, Google e, finalmente, Alcáçova!
E a frase ficaria assim: Ao tentar impressionar as caloiras com a sua Alcáçova
(soa mellhor assim, não soa?), colocam-se no insustentável e moralmente
repugnante caminho da profanação dos restos mortais dos seus irmãos…
Não chegou em vida vender os anéis, sangue e órgãos e
alugar o corpo, condenando os objectos de análise a uma vida de escravatura. Depois
de o julgarem morto gozam com o aparente cadáver! O que nos salva é que os
cursos foram feitos como todos sabemos e estes setores não sabem medir a
tensão ao paciente povo que afinal estava vivo. Moribundo, mas vivo! Pode ser
que acorde, ganhe vontade própria e comece a usar o cérebro em vez do estomago,
e o coração em vez do fígado! E assim não seremos enterrado vivos....
A sobrevivência do moribundo não é trocar este médico por um
curandeiro voodoo, a sobrevivência é mandarem-nos uma junta médica, que nos
receite uma dieta equilibrada e bastante exercício físico. Tirem-nos as garrafas
de oxigénio envenenado e deixem-nos respirar o ar livre dos nossos campos... E
estes aprendizes de feiticeiro, guiados pelo feiticeiro mumificado, em fez de
fazerem olhinhos às vaquinhas que lhes sorriem, que façam olhinhos aos touros.
A tourada continua!
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
O acordo ortográfico
Sempre fui, sou e serei avesso a este conjunto de novas regras
de escrita a que pomposamente deram o nome de acordo ortográfico. Tentei por
várias formas e em vários momentos ironizar com esta treta do acordo,
chamando-lhe vários nomes, desde A Cor do Horto Gráfico, até Acordo Hortográfico. Se alguém tiver curiosidade, pode seguir os links e comprovar que
há anos que tento chamar a atenção para essa treta. Idem, para o homónimo de Bolonha e ainda não tive tempo de me dedicar à gramática que vou chamar
degenerativa ou transformista. Ainda não tive tempo, mas quero registar já a
patente do nome.
Há muito pouco tempo, confesso, decidi que me era
indiferente o acordo. Gerou muito pouco consenso, na altura, mas hoje
certamente há mais consenso sobre o tema. Francamente, quando vi esta pergunta
nas Lições de Bom Português na RTP1, antes do pequeno-almoço, percebi que sou
indiferente ao dito. Desde aí tenho falado muito pouco sobre o assunto. Mais importante que o aplicar, é aplacar esta revolta,
crescente, perante tanta insensatez. Há mais consenso agora, até sobre os destinos da RTP...
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
A agência tusa
Depois de uns dias de férias sem telefone, internet ou
televisão de regresso às actividades blogosféricas e ao trabalho, sou
bombardeado com os protestos dos trabalhadores da Rádio Televisão Principesca,
contra a privatização da dita.
Tudo começou, ao que parece, com a entrevista de um
desajeitado perito em privatizações que muito convenientemente largou a ameixa…
Logo de seguida houve quem apoiasse a iniciativa e outros
tantos que acharam que não se podia tocar naquilo a que já chamaram vaca
sagrada. Evidente que, à boa maneira deste governo que prima pela falta do que
sobrava ao anterior, a comunicação foi um desastre total….Como em muitos
acidentes, ninguém tem culpa, mas ninguém tem razão. O Tio, revigorado, não
podia deixar de meter a colher neste processo.
Todos os governos querem ter a sua máquina de propaganda,
diligentemente oleada com os assessores de imprensa, com as agências de
comunicação, enfim a Agência Tusa, no seu melhor. Como não acredito em
coincidências, nem tenho a mania da perseguição, não posso deixar de ver nesta
manobra uma mão na relva, passe a hipérbole. O político mau quis privatizar,
mas o bonzinho lá salvou a situação…Só que aqui, neste desarranjo que nos
assola todos os dias, o mau é mau e o bom também é mau.
E os guardiões da vaquinha sagrada que diligentemente
apoiaram a transformação da Empresa Devidamente Phodida em Empresa Definitivamente Perdida, estão agora contra igual processo, na quinta deles. E o pior é que têm
razão, pois o que na realidade foi anunciado, foi mais um disparate, em que uns
ganhariam e todos nós perderíamos, pois iriamos pagar uma renda, pela gestão dessa
auto-estrada da contra-informação. Com a agravante do Contra Informação, dos
poucos programas potáveis, já ter sido banido da grelha!
Sim, estou revoltado, mas não pela privatização da dita
vaquinha. Francamente é-me indiferente que privatizem ou não esse canal, ou
outro qualquer órgão de comunicação social (deixem-nos a 2!), ou o metro, ou ainda
a carris. Chocou-me sim o processo da REN, o da EDP, ou da Petrogal, dos
Telefones de Lisboa e Porto com integração na PT, com a posterior privatização e,
claro, o do BPN, a verdadeira ameixa no fundo da panela. O que me revolta, como
acontecia no tempo dos socretinos, é a desfaçatez das pessoas, a impunidade dos
actos e passividade do povo…Revolta-me que se diga que o estado gere mal,
quando nós somos o estado, revolta-me que se privatizem os lucros e nacionalizem
os custos, revolta-me que se tire aos que não podem fugir para dar aos que
fogem, revolta-me que se corte nos que cumprem as leis, para dar aos que as
fazem!
Por tudo isto, acho que o governo não precisa de mais uma
correia de transmissão com o poder da Rádio Televisão Principesca, com os
custos que tem e a programação que todos sabemos. Deixem-nos a 2!Levem os anéis
penhorados, mas não nos obriguem a pagar uma cautela anual, para manter
privilégios. Cumpram a lei que desde a década de 60 limita os ordenados dos funcionários
públicos e estendam-na, dentro do espírito da mesma, às empresas públicas…E,
sobretudo, usem o dinheiro dos nossos impostos para pagar o transporte até à
fronteira desses quadros de empresas públicas que ameaçam ir para outros países
se não lhes pagarem principescamente. Até pode ser em executiva!
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