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sexta-feira, 28 de março de 2014

Expectativa ou expetativa: Uma questão de exigência



Claro que detesto o dito acordo ortográfico. Em detrimento dessa anedota preferia, de longe, um acordo ortogáffico, onde se colocassem na normalidade as gaffes constantes dos novel-eruditos e pseudo modernos governantes…

Ao ouvir (não, não leva h) alguns discursos recentes sobre o fim do acordo que era para nos salvar do incumprimento aos pagamentos e que muito nos tem custado, vejo sem alegria que a memória do homem é curta, mais pequena do que a dignidade de muitos que reclamam e exigem dos outros o que nunca fizeram ou fazem…

Por isso não estou na expectativa, nem na expetativa e, menos ainda, na espetativa de melhorias. Espetativa, em Tiologia, no novo aborto ortográfico do inconseguimento (esta vai ficar para os próximos anos), significa esperar sem esperança, um esperar absolutamente passivo, sem nada vislumbar, nem exigir.

É este o objectivo último da abjecta norma que pretende uniformizar o que não é uniforme nem pode ser: deixar-nos na espetativa, mortos no pensamento, inertes na acção e estúpidos no todo…Pasmados em frente a uma televisão, de boca aberta ou amarrados a uma destas modernas “lousas” a que eufemisticamente chamam tablet. Sim não confundir com tablette, ou com charrette puxada por um animal. Se fossem redondas e brancas chamavam-lhe comprimido!

Ah McLuhan como tinhas razão a propósito dos media, das mensagens e das massagens!

Reajamos, pois a esse atentado linguístico que mata a nossa língua mãe, a nossa Pátria – como tão bem disse Fernando Pessoa – não o usando. Rejeitar sem olhar para trás!


7 comentários:

  1. Uma das muitas formas de rejeitar vehementemente tal palhaçada é escrever de forma etymologica, como Fernando Pessoa (a sua patria) e tantos outros até à reforma republicana de 1911 (embora Pessoa tivesse continuado na sua). Para esse effeito, o poeta brasileiro Glauco Mattoso restaurou essa etymographia num compendio accessivel com uma simples pesquisa: Tractado Orthographico da Lingua Portugueza. Tambem o diffunde no seu blog ETYMOGRAPHIA e ha ja uma communidade no twitter e quem o utilize em blogs (por exemplo, O Porco Capitalista).

    Tenho imensa pena que Portugal seja governado por imbecis que levam isto em diante. A lingua não deveria ser assumpto de estado mas sim de todos os seus utilizadores, cabendo aos diccionaristas consagrar a evolução verdadeiramente natural da lingua.

    Decerto passarei por aqui mais vezes.

    Cumprimentos.

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  2. Hyperião,
    A tua sugestão é excelente, mas demasiado difícil para mim. Mantenho-me na ortografia de 1911...
    Sim Portugal é uma vergonha! E tendo havido oportunidade de arrepiar caminho neste assunto, mantem-nos na mesma, Somos governados por imbecis!
    Obrigado pela visita. Volta sempre!
    Abraço
    Acabaste de me dar uma ideia para mais um post sobre os nossos governantes

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    1. Eu proprio só o faço de quando em vez, porque tambem me é difficil "reconstruir" tudo sem ir verificar ao tal documento ou pensar como se escreve em inglez ou francez, para ajudar (aproveito para dizer que é "Tractado de Orthographia Lusophona" e não o que disse anteriormente). O Glauco disponibiliza por email o diccionario em que está a trabalhar e que é superfascinante. Uma pessoa appercebe-se de palavras que nunca pensou estarem etymologicamente relacionadas, mas que estão; porem, como perderam esses traços etymologicos, esse exercicio, com a orthographia que temos hoje, é inglorio. Aquillo que é a palavra como idéa e conjuncto de etymos que em si tambem representam idéas está reduzida ao phoneticismo e, pelo caminho que isto está a tomar, a meros traços representativos de grunhidos. O diccionario é muito facil de consultar, está do genero {cágado} - KAGADO, {clorofila} - CHLOROPHYLLA, {comércio} - COMMERCIO, {hipocampo} - HIPPOCAMPO, {hipocondríaco} - HYPOCHONDRIACO... Elle consulta diccionarios dos annos 1880/1890 (ou de mais tarde, se forem auctores brasileiros, pois lá escreviam assim até 1943, por muito que gostemos de pensar que os de ca não tiveram culpa nenhuma).

      Sempre às ordens. Abç

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  3. Gostei da publicação e do primeiro comentário. Ah. E estou a escrever isto na tal lousa que referes. eheheh.
    Abraço!!

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    1. Elemento musical, também gostei muito do comentário e das sugestões! Tenho lá passado no teu Elemento e visto que tens desenterrado uma pérolas! Fantástico
      Isto da lousa dá muito jeito. Um destes dias também arranjo uma, ou tenho que ir ao oftalmologista, que o telefone está cada vez mais pequeno...
      Abraço

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  4. Gostei deste texto que vem ao encontro daquilo que eu penso... Continuo a escrever como aprendi...o que me causa alguns dissabores. Trabalho com um grupo de crianças seguidoras do novo acordo, como é´evidente...e, quando escrevo alguma coisa num português não correcto ( para elas) saltam logo: não é assim que se escreve!! Como os portugueses são mais papistas que o papa, aderiram logo a esta salgalhada para agradar a gregos...porque os "troianos "não aceitam...como angolanos e moçambicanos!! bendita a semente que lá deixámos...
    Abraço
    Graça

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    1. Graça Pereira,
      Eu também faço a mesma coisa, mas nas escolas os fundamentalistas obrigam-nos a escrever receção... É como dizes, foi um febrão que passou no nosso país essa da adesão ao dito acordo que ninguém quer! Ainda bem que os angolanos, moçambicanos e demais países de expressão portuguesa não aceitam essa fantochada! Fica provado que somos permeáveis a interesses estranhos.
      Obrigado pela visita, volta sempre,
      Abraço do Tio

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