Nunca imaginei que estas três palavras se relacionavam de
forma tão pouco subtil e negativa, até há dias, quando vi no condensado de
notícias das 24 a manifestação das “forças da ordem”, os comentários dos
dirigentes sindicais e os dos políticos de serviço.
O pomo da discórdia são as escadas, que habitualmente se
usam para subir e também para descer, sendo certo que neste último sentido a
gravidade facilita muito o processo. Já o da subida parece que tem outra
gravidade… Talvez não seja a de Newton.
Ora as escadas da casa dita da democracia, mas muito dada ao
deboche, têm sido poupadas às subidas por populares, não confundir com
elementos de um partido que se quer chamar popular, estudantes, estivadores,
funcionários do estado – populares ou não. E para este resguardo das ditas
escadas, guardadas a bom recato, apesar de muito expostas na via pública, muito
tem contribuido as forças da ordem, de casse-tête em punho, bastão em riste,
escudo de policarbonato à frente. Sem frete nenhum, até parece que com prazer,
tem saído dos braços das forças da ordem a força para cumprir as ordens da
democracia política. Isto tudo numa Polis em que já nem ninguém acredita,
políticos, polícias, populares…
E tem sido assim, até há dias, em que as escadas,
verdadeiras guardiãs das portas largas da dita democracia foram devassadas, à
frente de todos. Foi quebrado esse último reduto do alegado respeito pela dita
democracia: As escadas foram galgadas! Apetecia-me dizer montadas, mas soava muito a cavalgadas, na língua portuguesa, mas em cavalo de sela francês. E não podemos falar nesse tema, que lembra mais um imposto do M. Países Baixos, que tanto prometeu o contrário! Mais oui, nous somme frères!
Deixando estas manifestações sobre cavalos franceses
(adorava ver o M. Assurance com uma máscara daquela manifestação) e voltando aos
nossos manifestantes e às nossas manifestações, já com as escadas conquistadas
– faltou a bandeira da democracia v 2.01, espetada – eis que um dos leaders,
salta, desenlaca e atira com a bujarda do símbolo: Isto é um símbolo, disse bem
alto para quem o quis ouvir.
E não se fizeram ouvir, nem se deixaram ver as bastonadas,
as cargas, os bastões nem os escudos.
Venceu a democracia, alguém disse. Só
foram até onde quiseram ir, de forma simbólica. Lindo exemplo de respeito…Pena
é que quem tem por missão fazer cumprir regras não as cumpra, para mostrar que
tem força. Ou armas. Teriam a força da razão e ficaram com a razão da força,
através das armas. Alguém dizia que não se repetiram os ” Secos e molhados”.
Nem sei se por bem ou por mal, mas ficam algumas ideias para próximas
manifestações.
Para a CARRIS e STCP: fazer circular os autocarros a 100km
hora, não parar nos semáforos, mudar os percursos a contento dos motoristas.
Como primeiras medidas, de iniciação à temática.
Para os Correios, agora que vão ser privatizados, sugiro não
ler os destinatários das cartas e colocar os sobrescritos nos receptáculos de
forma aleatória. Poderíamos ir mais longe e tentar um Mega POLAR POSTCROSSING
com todo o correio distribuído em Lisboa, num determinado dia por exemplo.
Para os Metros de Lisboa e Porto, uma ideia interessante,
poderia ser jogar ao um-dó-li-tá e, em função dos resultados abrir, ou não, as
portas das carruagens, nas estações.
Outra ideia interessante poderia ser a troca de medicamentos
nos hospitais, ou a troca de seringas usadas, numa nova roleta da democracia.
Mais haveria a dizer sobre o assunto, mas no caso dos
polícias e independentemente de todas as razões que pudessem ter para fazer a
manif (e acredito que as terão) o terem-se servido da subida das escadas como
um símbolo, lembra as pessoas que querem subir na vida a partir da política.
Sobem, mas descem na consideração de todos nós...E muitos subiram mesmo aquelas
escadas. Outros entraram pela garagem.