segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Fatura e fartura
Já recebi pelo menos 5 emails da autoridade tributária e
aduaneira sobre a e fatura. O carinho especial que tenho por todas as
autoridades e entidades reguladoras está ao rubro e deve ser recíproco, a
avaliar pela quantidade de bits que me enviam…Este meu particular agrado por
estas missivas electrónicas, tem uma razão adicional: o uso do acordo
hortográfico (sim já expliquei porque subscrevo este acordo e não o outro, o
dito acordo ortográfico). A palavra fatura é detestável e em tal profusão só me
lembra aquela fartura, não que ficou por comer na última Feira Popular, mas a
quantidade exagerada de gordura associada habitualmente ao processo de fritura.
Seja para fartura ou para uns couratos…
É porque estamos fritos, pensará quem vier a ler esta postagem,
mas tenho que dizer que não. A fartura e a gordura remetem apenas para as tais
gorduras que iam ser tiradas do estado e que teimam em não sair. Para variar, o
pedro e o vitor (sem c, de c….), enganaram-se na receita. Em vez do Xenical
meteram uns Xanaxs e agora o sonho substituiu a gordura… E o sonho deles é o
nosso pesadelo…
Já não são elefantes cor-de-rosa, são contribuintes gordos e
anafados que escondem o seu pecúlio em máquinas registadoras anquilosadas,
atrás de balcões de mercearias velhas, onde já não entram clientes há séculos.
São cabeleireiras possantes e mamalhudas que escondem as notas no toucado, que
almoçam na sopa dos pobres e jantam no Tavares, acompanhadas de obesos
proprietários de cafés que escondem as moedas na gaveta dos panos da louça…São
estas personagens de ficção que habitam os sonhos dos pedros e dos vitores do
país…
Evidente que é preciso fazer muita coisa para evitar a
evasão fiscal. Mas em vez do combate à evasão o governo preferiu a invasão
fiscal de quem já paga. Nunca compreendi a fraude fiscal nem pactuei, ou
pactuarei com essa contabilidade criativa que assolou as empresas até há bem
pouco tempo e que levou a que apenas 20% das empresas apresentassem lucros, num
ano muito recente de crescimento económico e de grande fartura. Se querem, de
facto, combater a evasão fiscal, deixem os contribuintes deduzirem nos seus
rendimentos as suas despesas pessoais, sejam despesas contraídas de fato, de
gravata, de fato-macaco ou de bata de cabeleireira… Desde que sejam despesas de
facto, significa que houve factura, se houve factura houve pagamento de IVA e
quem a emitiu vai naturalmente pedir o mesmo a quem lhe forneceu os bens ou
serviços… E o sujeito passivo se souber que pode deduzir nos seus rendimentos
vai de certeza pedir um documento comprovativo do seu pagamento!
Se a dedução for pequena, ou praticamente nula, como é o
caso, a única razão para pedir factura ou fatura é obrigar a que o fornecedor,
de facto, facture sem haja grande benefício para quem pede e paga, a não ser alguma
remota satisfação de obrigar o outro a fazer o que deve. Parece-me pouco no
momento actual. Parece-me que o envolvimento dos cidadãos no governo da nação é
fraco. Estou em crer que até há alguma animosidade, o que leva a que seja
difícil alargar esta medida à população. E assim, o que poderia ser uma boa
ideia, vai ter um resultado muito aquém do que poderia ter…Marketing Miopia?
Não. Aqui estamos a falar de Government Miopia, para plagiar o Theodore Levitt.
No entanto a avaliar pela fartura de discurso que já me referi aqui, parece-me
preferível que o governo ponha os óculos, em vez de andar a lamber a alcatifa…
People Miopia, seria o nome que o António Bernardo daria a esta gente…. Ahhh
meu querido Marketing, onde andas tu? Fugiste com a razão e o bom senso e mais
ninguém vos viu…
PS: Hoje dia 9 pedi uma factura num café. Dei o número de
contribuinte e, sem surpresa, vi que era a factura 6 de 2013. Haja fartura de
fiscais para compensar a falta de visão dos nossos governantes.
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