Libertados que estamos do jugo da ortografia passada, neste mar de liberdade ortográfica onde cada um escreve o que lhe apetece e como lhe apetece, aproveito para navegar para as águas agitadas da política.
Depois de mais de duas horas de M. Samedy e M. Benelluxe, transmitidas em directo por nada menos que três televisões, só me resta esta opção.
Se Samedy é o valet de chambre de Mme. Merquela, M. Benelluxe é o Segurème de França, seguramente o candidato que diz o que todos querem ouvir, contrariando o Samedy que anuncia o que ninguém quer ouvir…
A história repete-se e depois do
“runtos vamos conseguir” de Socretellium e do Mr. Bean de Valladolid, vamos ter o
“ensemble il marche” de Segurinho e Beneluxe…
A França já teve outras quase esperanças. Na altura em que nos debatíamos com o candidato a filósofo e os seus socretinos, Royalmente acreditava-se que uma mulher iria ser a presidente de nos amis. Uma Marianne, bem simpática e sem barrete frígio, no bastião da república…Um sonho que não se concretizou, uma esperança que morreu e lá apareceu o Samedy…
Depois apareceu o New Gengis Khan, que trouxe a esperança de vir dizer a verdade sobre a Eles-ropa. Veio ou foi-se antes do tempo (o pronome reflexo pode ser colocado em qualquer dos verbos) e morreu para a política ao abraçar os prazeres carnais e ao trocar os comícios pelas orgias.
Agora Samedy defronta-se até à morte política e consequente advento de uma vida à grande e à francesa, num lugar discreto, antes da prateleira de luxo da Comunidade Europeia levado pelo seu adversário de promessa fácil, que vai insistir neste projecto fracassado da Europa solidária, onde os mais ricos de uns países pagam os desmandos de outros mais ricos em países mais pobres! Enquanto obrigam os seus concidadãos a uma carga brutal de impostos, fazem a caridadezinha de ajudar os mais pobrezinhos…Alguém acredita que isto dura para sempre? Haverá alguém de bom senso que pense que a união europeia apareceu com fins caritativos? Pelos vistos há, doutro modo ninguém se deixaria levar por estas histórias de embalar.
Hoje só uma hipótese me parece plausível: O fim da comunidade europeia, como a conhecemos agora. O fim da europeíte aguda. O fim do sonho que matou o nosso aparelho produtivo, a nossa agricultura, as nossas pescas, a nossa vontade de trabalhar e produzir e se transformou no pesadelo actual.
É por isso natural quem em todos os países da europa aparecem leaders, como
Mme. Stylo, a defender o orgulho nacional, quais Mariannes (e o nome até é parecido), sem barrete frígio, mas de tricórnio ou chapéu de toilette e bandeira em riste a defender os seus países. Não me choca... Incomoda-me sim a demagogia dos que fazem promessas que não podem nem tencionam cumprir, dos que sistematicamente escamoteiam a verdade, dos cordeiros que vestem peles de lobo para assustar os mais fracos, das serpentes que rastejam aos pés dos poderosos e mordem os mais fracos a quem previamente retiraram a possibilidade de poderem ser assistidos num qualquer hospital. Metem-me noje os que querem aligeirar o Estado, mas começam por baixo. Revoltam-me os preferem não ler, mas conhecem tudo, revoltam-me os que não querem ver e tudo sabem….
Por isso, por mais demagógico que seja o discurso desta nova Marianne, tudo o que sirva para contribuir para o desmembramento deste monstro bicéfalo a que chamam, e insistem em chamar, comunidade, é bem-vindo. Mais demagógico é quem, contra todas as evidências, pretende continuar a convencer-nos que existe uma Eles-ropa social e solidária, a pagar as contas e uma Eu-ropa de férias a ter o proveito, a viver dos rendimentos dos outros. Essa é uma mentira que ninguém deve acreditar. Acredito sim que as convulsões sociais vão crescer, apesar do muito enraizado que está este mito das duas ropas.
E como sempre fiz na vida, prefiro pensar com a minha cabeça e agir, mesmo que seja de forma precipitada, do que não fazer nada. E, neste caso, até nem penso com o pénis, mas sim com a caneta…
Mais vale uma Caran d'Ache no bolso do que uma Montblanc e uma Cross na montra.