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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Das sinergias às sanguessugas, a evolução dos grupos.

Mandem-me calar ou parar de escrever! Está a dar-me imenso para estes temas e fico com pouco tempo para os outros que me dão muito mais prazer. A casinha nova, neste ritmo, nunca mais passa da fase de projecto...

Mas, enfim é preciso continuar e teorizar sobre estes assuntos. Criei uma etiqueta nova, para agrupar os “posts” sobre este assunto, e agora sou quase compelido a escrever sobre o tema.
Este título pretende sintetizar um novo efeito de alguns grupos empresariais. Baptizei (não me falem no acordo ortográfico) este efeito com um nome apelativo, mas tenho que contextualizar um pouco sobre o tema antes de formalizar a teoria.

Há alguns anos pensava-se num grupo de empresas e imaginava-se as sinergias que poderiam advir do controlo de várias empresas pela mesma entidade. E partia-se para o grupo, falando-se repetidamente do TODO, do GRUPO, referindo-se até à exaustão que o todo era maior que a soma das partes. Sinergia era a palavra forte.

Mais tarde, a facturação entre as empresas do grupo passou a ter um peso quase tão grande como os “terceiros”, situação perigosa e que, diagnosticada a tempo, foi resolvida por muito boa gente, verdadeiramente bem-intencionada, que ultrapassou essa fase autofágica dos grupos.
Modernamente o conceito evoluiu para a sanguessuga. Este princípio consiste em sangrar as participadas até às portas da morte, com o pretexto de as aligeirar, de lhe retirar a gordura, de deixar apenas o músculo, numa fase inicial. A palavra-chave é aligeirar. A ênfase está na redução dos custos. Depois desta fase, da primeira dentada, suave e nada dolorosa, como a mordidela da sanguessuga, começa a verdadeira sangria.

Há verdadeiros especialistas nesta arte, que em meia dúzia de meses deixam as empresas às portas do “céu”, completamente aligeiradas e ágeis, eufemismo usado para descrever esse estado exangue, antes da morte, neste caso a venda a outro qualquer grupo iludido com a leveza desse fantasma ou a liquidação com venda de algum eventual activo que ainda exista. Sucata, por exemplo. Quem se lembraria de um activo desse género?

O que é pior é que estas sanguessugas pululam por todos os lados, deitando os dentes a várias empresas geridas por pessoas com muitas debilidades. Debilientes, outro neologismo, que quer dizer debilidade resistente...

Por respeito aos meus leitores e por absoluto desconhecimento da forma de reprodução dos artrópodes, não uso o nome de um conhecido ectoparasita hematófago, às vezes presente nestes casos.

As sanguessugas são tão limpinhas! E até já foram usadas para tratamentos...

4 comentários:

  1. Todo este tipo de "limpeza", de destruição de pequenas empresas,... me confunde.
    O que torna os homens tão ambiciosos? Só temos uma vida e é tão curta, por vezes!
    Bjis

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  2. Deixa-me tremendamente revoltada este tipo de desprezo pelas empresas, muitas vezes pelos seus fundadores, para quem as empresas representam uma vida, e pelos trabalhadores, na maioria dos casos, despedida com os rearranjos logísticos de recursos humanos. Tenho dificuldade em perceber quem se orienta apenas pelo lucro cada vez maior de um grupo. How much profit is enough?? Is it never enough?? I feel sorry for them really... but the fact is they leave victims along the way...

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  3. Maria Teresa,
    De pequenas e de grandes, infelizmente...Só conta a imagem no imediato!
    Bjs

    Eva,
    E quando ainda por cima subsidiamos com os nossos impostos estas situações? Razão tinham o Guerra Junqueiro e o Eça!
    Perto de ti não faltam exemplos...
    Bjs

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  4. Olá Tio:)

    Tem desafio lá no meu inferno privado...

    Beijinho

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Hmmm! Let's look at the trailer...