Não vi o jogo da selecção contra a Alemanha. Felizmente foi
um dia difícil e a meio da tarde não me apeteceu interromper o que tinha para
fazer, para assistir a uma feira de vaidades, precedida por uma corte de peritos
em futebolês.
Também não vi o jogo contra os states. Ainda tenho na
memória o brilhante desempenho de Portugal no mundial da Coreia, como
certamente os americanos, também teriam memória fresca da guerra que lá andaram
a travar, e que deve ter servido de explicação para a vitória por 3-2 contra
Portugal. Anos mais tarde, ali bem perto, no Vietname acabariam por se meter em
maus lenções mas os comentadores desportivos, filósofos da bola e do esférico
já não precisariam de aproveitar essa derrota histórica para justificar nada.
E com o Ghana se acabou o nosso mundial quase tão mau como o
que referi na Coreia e Japão. Não houve Ghanas de ganhar e faltou uma
grevezinha, ao melhor estilo de Saltilllo… Essa oportunidade ainda virá, a
avaliar pelo caminho que a selecção está a levar.
Não gosto do futebol, que nos invade semanalmente os
telejornais, rádios, até as revista cor-de-rosa que vejo nas montras dos
quiosques, mas gostava de ter visto o mundial, de vibrar com a nossa selecção
como no longínquo ano de não sei quando, em que fomos infamemente derrotados num
europeu, por uns penaltys fabricados pelo Platini. Parece que agora é um dos
que manda na FIFA. Fífias…
Deste mundial bastou-me ver nas redes sociais a selfie com o
Cavaco e o que parecia ser uma mistura de Tomahawk
(gosto muito desse corte, mas em mulheres, noutro contexto), com o saudoso
António Variações, o Ronaldo, sem caspa, e outros que não conheço.
A propósito dessas vaidades, das tatuagens e cortes de
cabelo punks, recordo uma viagem de carro para o Algarve – sozinho - em que me
esqueci dos CDs e fiquei o tempo todo a ouvir rádio, sem RDS, na altura. Desesperadamente
precisei do rádio para vencer o sono e o que estava na berra era a campanha
para a presidência do Benfica. Sim, foi há séculos, não tinha havido europeu em
Portugal nem essas loucuras que o antecederam e seguiram. Um dos candidatos,
lembro-me que era engenheiro – o que é bom sinal no futebol e na política, ter
uma profissão – e que num frente a frente dizia que se fosse eleito proibia os
jogadores de usar fraldas para fora durante os jogos, proibia os brincos, piercings,
tatuagens e cortes de cabelo extravagantes…
Foi uma pena que não tivesse ganho, pois quem propõe coisas
destas, de certeza que tem vontade de disciplinar esses meninos mimados que ganham
milhões e fazem estas figuras… E possivelmente influenciaria a Federação que não
deixaria que um brasileiro com nome espanhol fosse envergonhar o nosso país. Com
sorte, até vetaria a ida de lesionados para o outro lado do atlântico e, provavelmente,
não deixaria que a escolha dos jogadores fosse influenciada por birras.
Enfim, não gosto deste futebol, e tenho pena de não me
lembrar do nome deste candidato!