Uma grande questão, cruel dúvida. Por onde começar? Agora que acreditei que ia poder sonhar os meus sonhos (já é um passeio pela obra do nosso grande poeta contemporâneo), vou voltar a sonhar os dos outros...Paciência. Serão certamente melhores que os meus, ou pelos menos mais bem descritos e escritos.
Li tudo quanto pude, do Almada até ao Zola. Sim, também li . Acho que fiz uma paragem muito grande no meio. A Metamorfose a isso me obrigou e hoje penso que se nada tivesse lido ou aprendido tudo seria certa e seguramente original. Assim o esforço da originalidade é sempre um risco, tal a confusão de sinapses, ajudadas pelo amigo alemão, com nome algarvio, o Al, qualquer coisa, que agora não me lembro o resto.
Hoje apeteceu-me reler um grande poeta. Álvaro de Campos. Não por ser Algarvio (era de Tavira, como sabem), nem por ter andado entretido a estudar engenharia em Glasgow. Também não foi por ter sido um viajante ou um discípulo de Alberto Caeiro.
Apeteceu-me relê-lo pela Ode Triunfal:
“Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks ...
Ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes
Na minha mente turbulenta e encandescida
Possuo-vos como a uma mulher bela,
....”
“Ah! Poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina!"
Não era um “maquinófilo” Se algum título lhe pudessemos dar era o de “universófilo”:
“Ah não ser eu toda a gente e toda a parte! “
Quanta ironia tem este poema. Este homem era um génio. Como o Jorge Luis Borges nunca foi galardoado com o maior (ou mais mediático) prémio da literatura. Isso não desvaloriza o autor, desvaloriza é o prémio.
Leiam-no bem alto, por favor. E se puderem “sintam tudo de todas as maneiras”...
Modestamente, pudesse eu acrescentar qualquer coisa, diria: e sempre!
(citações da obra mencionada)
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