Há dias, uma televisão passou-me em frente aos olhos e
percebi que transmitia um jogo da selecção portuguesa. Pensei que lhe poderíamos
chamar escrete, para os nossos amigos do outro lado do atlântico não se
escandalizarem com o c antes do outro c cedilhado, mas estes pensamentos foram
interrompidos quando vi que Portugal perdia com a Turquia. Perguntei, para me
certificar se era verdade, se Portugal estava mesmo a perder, ou o resultado
que o ecran mostrava não era o total de faltas, de foras de jogo, ou de outra
coisa qualquer. Não. Eram mesmo golos! Fiquei muito mais descansado, mas o meu curto
sossego foi interrompido quando me disseram, como que em justificação, que o
Ronaldo (não o MacDonald, mas o Aveiro) tinha falhado um penalty. A minha
exclamação deve ter sido mal entendida porque logo de seguida veio a
justificação: Este jogo não é do Europeu, é de treino, é um jogo de amizade…Não
conta!
Percebi que íamos ter mais loucura. Mais bandeiras às
janelas, mais cromos e cadernetas, mais estágios, mais reportagens
inteligentes, mostrando os jogadores a comer esparguete, alternando com imagens
do parque de estacionamento, para a populaça poder admirar as viaturas onde se
deslocam. Pelo meio, ainda vamos poder testemunhar a ansiedade das mulheres
durante os jogos e uma ou duas idas às compras, a torrar os cartões dos
maridos/companheiros, que com tanto esforço o ganham. A cereja no topo do bolo
será a re-seção (new acordo dixit) pelo presidente ou pelo segundo ministro…Felizmente,
desta vez, ficámos pelos estágios, sempre saem mais baratos que os estádios e SCUTS,
que tanto ajudaram a desenvolver o pais, tirando Portugal desse buraco negro
que se encontrava antes de 2004. Acho que vem desde aí o meu fraquinho pelos
gregos…E pelo Benfica que teve que comprar o tipo que nos marcou o golo nesse ano
em que a moral portuguesa esteve muito em cima.
Fico com uma esperança secreta, que partilho com os meus
leitores. Pode ser que alguém se engane e, em vez de comprar bilhetes para
Varsóvia, vá a Vila Viçosa, ou a Elvas, em vez de Kiev ou, para os mais
afoitos, Monsaraz em vez de Mönchengladbach. Sempre ficam a conhecer mais um
pouco de Portugal e evitam encontrar-se com a turba de adeptos desse desporto a
que alguns republicanos chamam rei. Ironia da grossa.
: )
ResponderEliminarO entusiasmo vai ser tanto que lhes desvia a atenção das coisas mais sérias.
Estes campeonatos acontecem quase sempre em alturas onde é preciso desviar as atenções...No nosso caso é sempre!
EliminarNaaaa.... este ano está tudo murcho! Está tudo com raiva aos meninos de elite (e sua comitiva) que andam a esbanjar aquilo que pertence à Troika!
ResponderEliminarNão antevejo, por isso, turba de adeptos por lá... (onde não existe uma comunidade de emigrantes portuguesa em nº significativo para fazer barulho) nem por cá. O tempo do Scolari já lá vai e ele é que sabia movimentar e empolgar as massas como ninguém (não é as massas da Milaneza Tio.. nada de confusões).
Para cozinhar massa têm lá o chef Hélio Loureiro e se calhar pago a peso de ouro... (acho que já sei porque é que os grandes chefs de cozinha também são grandes... hehehe)
Bom, esta conversa deu-me fome. Vou ali lanchar qualquer coisita... és servido?
Beijinhos "reais" :)
Orquídea,
EliminarSabia bem um chá vermelho, mas não tenho companhia :-(
Sim, acho que tens razão, mas com a alergia à Tia Merquela se está a tornar numa pandemia, pode ser que haja algum fenómeno de contágio para galvanizar as tropas...
Beijos
Sabes bem quem te acompanhava num chá de rooibos...
EliminarOntem esqueci-me de te dizer (e hoje vem de novo a propósito porque estás a bisar o termo) que me obrigaste a ir ver o significado da palavra escrete.
:P
Orquídea,
EliminarFoi sem intenção...Espero que tenha valido a pena ;-)