Lembro-me sempre que conjugo estas duas palavras, da célebre canção do Vitorino, que falava de uma menina à janela e de um prenda pedida. Pois, outros tempos, outras vontades. Agora a janela vai no carro, a menina não vai a janela, mas continua a haver a prenda...
Levar a mulher na mala do carro pode ser uma ideia prática para alguns, mas combinar com o transporte da janela acabada de comprar no eBay, será considerada uma janela de oportunidade, um fetiche ou uma maneira de escapar à polícia? A conclusão poderia ser: Se levares a mulher na mala do carro, não vás pela auto-estrada...
Sempre achei estranha esta designação. Algarvio, exportado
para o norte, para reciclagem social e actualização de conteúdos, nunca
compreendi, verdadeiramente, o significado da palavra e, durante anos acreditei
ser um termo pejorativo para designar uma determinada atitude, no que respeita
a comportamentos sexuais. Afinal não era! Foi preciso vir um vírus, da China,
de onde já tinham vindo outros (será lá que os fabricam, ou testam?), para que
finalmente compreendesse o verdadeiro significado desta palavra, tão
injustamente citada por mim!
Ao ouvir tantos especialistas em vírus, com pós-graduações
em epidemias, pandemias e outras coisas acabadas em mias, como jeremias, os
verdadeiros profetas do pandemónio, do terror social, acérrimos lançadores do
pânico, fez-se luz!
Pandeleiros são os especializados em pandemias que, à
semelhança de outros estereótipos, saíram agora do armário! Estiveram em
silêncio, ao SARS, à gripe A, mas agora não aguentaram mais. Soltaram a franga
do COVID-19 e, sem nunca dizer a verdade, mergulharam-nos, no completo caos,
que a falta de liderança, na Europa e Estados Unidos, amplificou.
Estes pandeleiros têm discípulos, espalhados pelas redes
sociais, que se encarregam de disseminar o seu pavor pelo digital. E os
leitores, na Ânsia de partilhar, nem lêem e muito menos tentam perceber o que
lêem. Partilhar a tolice, a loucura, o pânico é o que importa. Proteger os que
realmente precisam, mudar hábitos, comportamentos e procedimentos não
interessa. Importa mostrar, gritando, mesmo que não seja verdade. Oráculos do
infortúnio e campeões da desgraça! Arrastem as massas!
Não sou vaidoso nem convencido,
considero-me um Tio simples e despretensioso, por isso este epitáfio não é
nenhuma lição de moral, nem corolário de vida, mensagem transcendente e, menos
ainda, instruções para descendentes. É apenas uma tese e um resumo, que
deveria ter como subtítulo: Epitáfio do Homem mais Triste do Mundo.
A questão a postular é esta: Será
que alguém que já morreu pode escrever sobre a sua morte? Parece que sim.
Contra toda a evidência, e não se trata de ressuscitar, ou de segunda ou
terceira vida, como nos jogos da X-Box, Nintendo ou Play Station. É melhor
clarificar…
Numa não qualquer quinta-feira,
enquanto se comemorava o desembarque dos aliados na Normandia, e a libertação
da Europa ( e por falar nisso, bem precisamos agora de nos libertar do jugo
Europeu), alguém se encarregava de sabotar a festa de libertação. Mas, como
sempre acontece nestes casos, o tiro saiu pela culatra e o alvo, que sofreu o
embate da bala, acabou por sobreviver e ficar mais forte, como muitas vezes
acontece! Sim, foi isto que aconteceu. Levei um tiro no passado dia 6 de Junho.
Acidental, pelo que me disseram. Eu acredito como também acredito no coelhinho
da Páscoa, Peter Pan e no Pai Natal mas, ficou bem dizer, foi um acidente: São
rosas meu senhor, são rosas meu amor…
Mas como na vida nada acontece em
vão, esse tiro acabou por me libertar de um fardo e passados meses, em que vi o
céu cinzento e negro, e me assumi como o homem mais triste do mundo, recuperei
a consciência e passei a dar mais valor à vida… parece tanta coincidência que
nem acredito. Estatisticamente seria impossível e para mim, simplesmente, foi.
E como foi, já não está. Desapareceu! Estaca zero!
Pensei que os sonhos tinham
morrido, mas agora vejo que não. Mudaram as personagens, mas os sonhos ficaram.
Uff… o que seria a vida sem sonho!
O que não nos mata, deixa-nos
mais fortes! Esta é a conclusão.
O epitáfio poderia ser: Aqui
jazia o homem que do paraíso, foi atirado para o inferno. Atravessou-o, e despertou
para um novo mundo onde vive feliz, no mais perfeito anonimato.