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sábado, 28 de março de 2015

O milagre dos euros



Ia caminhando, discretamente, com os cofres cheios, no seu passeio semanal da terra dos pobres até à dos ricos e regresso. Supostamente tirava dinheiro aos ricos, que habitavam na terra dos pobres, para dar aos pobres, que também moravam na mesma terra. As más-línguas diziam que, na realidade, tirava dinheiro aos pobres para dar aos ricos do reino dos pobres, mas essa é outra história.

Um dia, o rei daquele povo, desconfiado com tantas idas à terra dos ricos para pedir dinheiro, já que o tirava aos ricos do país pobre não chegava para as necessidades do reino, perguntou-lhe o que levava naqueles cofres tão pesados.

A rainha que já era conhecida como santa luís, pelos milagres da multiplicação que teve que fazer depois do rei mago, gaspar dois, ter abandonado o reino, ficou atrapalhada. Na verdade talvez os cofres não estivessem tão cheios como dizia mas, se os tivesse muito cheios o rei poderia ficar incomodado, já que os protestos dos pobres do reino dos pobres se avolumavam, como também se avolumava o número de pobres no reino…

Sem hipótese de outra solução, tentou a fuga para a frente, ao bom estilo socretino – que, como sabemos, acabou no Alto Alentejo, num convento especial. Assim, calmamente, disse ao rei: Meu senhor, estes cofres estão vazios, vou agora à Germânia, ver se consigo arrecadar uns milhões. Vejo um horizonte 20 cheio de dinheiro, nessas promissoras terras dos ricos e quero trazer os cofres cheios, para o nosso povo que passa fome.

O rei, desconfiado, pois já tinha ouvido o rumor de que os cofres estariam cheios, pediu-lhe que os abrisse. Sem outra possibilidade, a rainha luís, olhou em direcção ao leste e abriu-os mesmo. Para surpresa dela, os cofres estavam mesmo vazios! Em segredo pediu-lhe desculpa pela desconfiança e continuou o seu caminho. A rainha luís, desde essa altura, ficou conhecida como a santa do milagre dos euros.

E os cofres? Estavam mesmo vazios! Mais tarde veio-se a descobrir que tinham um buraco no fundo. Por mais que tirasse aos ricos e aos pobres o dinheiro nunca chegava para as necessidades do reino. Por isso, em verdade vos digo: Mais vale um cofre sem buracos que uma rainha milagreira e um rei desconfiado.

sexta-feira, 27 de março de 2015

A lista, o rol, os vipes e os vapes



Temos sido confrontados com a história da lista VIP, onde se supõe que seria uma relação de portugueses, ou residentes em Portugal, supostamente importantes para terem uma atenção especial do fisco, a AT para os connoisseurs. Ora nada mais errado, como se veio a saber ontem!

Não é uma lista, é grupo que poderia partilhar um táxi - e nem sequer em Paris – que junta quatro pessoas da hierarquia do estado. Como já se identificaram as pessoas que poderiam seguir no táxi, sabe-se que, afinal, deveriam ser os primeiros a dar o exemplo. Argumentarão, eventualmente, que não sabiam fazer parte dessa relação de alegados privilegiados… Pessoalmente, não acredito que o inventor deste mecanismo de protecção dos listados tenha resistido a dizer-lhes, mas enfim, cada um acredita no que quer. Voltemos nós à dita cuja relação que tanto tem dado que falar. Argumentam que o nome vip surgiu pela falta de imaginação para encontrar um nome mais adequado. Ora que argumento mais infantil! Bastaria um email para o Tio que teria arranjado um nome mais interessante. Em vez de VIP, como dizem no Porto: ICC , Importantes Como o Carago!

Se era para ficarem pelos quatro nomes, um testemunho singelo da pequenez do nosso país, poderiam também ter abandonado o termo ”lista”. Cesto ou corbeille,  para dar um ar mais in, poderia ser uma opção. No entanto para um nome mais ajustado à dimensão do grupo, o ideal seria Rol VAP, o Rol da Vergonha, À Portuguesa!

sexta-feira, 6 de março de 2015

Ficar enrolado, despir e cair na cama



Esta sequência nem sempre surge nesta ordem. Este é um caso onde a propriedade comutativa se pode aplicar, sem qualquer receio.

Podemos cair na cama e apenas depois ficarmos enrolados, sem haver necessidade de nos despirmos. Também é verdade que podemos cair na cama sem nos enrolarmos.

De certeza que todos conhecemos histórias deste género, de pessoas que se enrolam com a colega, com a vizinha, com o amigo, com a amiga da mulher e assim por diante num número quase infinito – e nem precisa de ser um inteiro – de combinações possíveis. Se estivesse a falar com matemáticos diria que estamos a falar de combinações ou arranjos de n, dois a dois, três a três, ou até onde a nossa imaginação nos – e vos levar.

Não sei se enrolar é um verbo transitivo, se pede complemento directo, o que sei é para ficar enrolado até se pode estar num quarto de hotel, querer tirar os sapatos, enquanto vemos a vista fantástica da baía de Cascais, entrar em desequilíbrio, ficar enrolado com a cortina e cair na cama. Notem que não é com a Corina, mas sim com a cortina. Para piorar tudo, a mãe sanefa, furiosa por ver a filha arrastada para a cama, caiu-me em cima, com um estrondo que deve ter sido ouvido na recepção!
Imaginem-me agora a explicar ao recepcionista: Sabe, ao abrir o black out, caiu-me a sanefa com as cortinas em cima…
- Não se magoou?
- Não, não foi nada, respondi com ar descontraído, enquanto apanhava os pedaços do ego espalhados pelo chão.

Moral da história: Evitem despir-se perto de cortinas e cortinados, que as mães são muito zelosas das suas filhas e filhos e podem cair-vos em cima.